Ksenia tinha entrada nas altas esferas do Kremlin. Criticou a guerra na Ucrânia e teve que fugir para não ser presa |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Ksenia Sobchak, 40, que seria afilhada de Putin, fugiu da Rússia a pé atravessando a Bielorrússia e ingressando na Lituânia com passaporte israelense.
A filha do ex-mentor político de Vladimir Putin, ex-prefeito de São Petersburgo, figura do “jet-set” russo teve seu escritório devassado pela polícia política FSB.
Ela sabia que esse procedimento precede a prisão, informou o jornal suíço “Le Matin”.
Ela se opunha à guerra na Ucrânia. E disse nas redes sociais antes de desaparecer logo depois do arrombamento policial: “é óbvio que a batida foi contra a última redação livre na Rússia, que teve que ser reprimida”.
Só a pequena Georgia acolheu mais de 100.000 jovens russos que não querem ser convocados como “bucha de canhão”
Imagens de câmeras de segurança a mostraram cruzando a fronteira a pé, usando um boné na cabeça para passar mais desapercebida, informou o “Daily Mail”.
A agência Tass e a TV RT governamentais, a ex-candidata presidencial russa de 2018 e procurada por extorsão, uma acusação frequente para prender os opositores.
O ex-diretor comercial e ex-editor-chefe de sua revista de moda “Tatler”, Armian Kuzmin, e o atual diretor Kirill Sukhanov, foram presos até dezembro, segundo a agência Ria-Novosti.
Na Lituânia, Ksenia avisou à AFP de sua fuga. Ela faz oposição política a Putin há vários anos,
Ksenia com gorro escuro e roupas para dissimular foi flagrada indo à alfandega lituana |
“Sim, participei do saque da Rússia. Como eu poderia resistir?”, confessou.
Nos últimos meses, ela criticou várias vezes a intervenção militar russa na Ucrânia em seu canal do YouTube.
A maioria dos membros da oposição russa agora está no exílio ou na prisão.
Em 2018, Ksenia concorreu às eleições presidenciais russas, enfrentando Vladimir Putin em nome dos descontentes com a anexação da Crimeia pelo Kremlin, e obteve 1,68% dos votos.
Ela também deu seu apoio no Telegram a Vladimir Osechkin, fundador do site gulagu.net, que combate a corrupção e a tortura na Rússia, completou a revista socialista francesa “Le Nouvel Observateur”.
Putin, como ditador que sente que seus dias estão contados, reprime até com a morte os seus mais próximos que discordam dele.