domingo, 7 de abril de 2019

TV russa mostra alvos para ataque nuclear aos EUA e sonha com capitulações

Dimitri Kiselyov, âncora da TV, mostra objetivos nos EUA a serem pulverizados (Captura de vídeo)
Dimitri Kiselyov, âncora da TV, mostra objetivos nos EUA a serem pulverizados
(Captura de vídeo)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O presidente Vladimir Putin ameaçou os EUA com um equivalente da “crise dos misseis” acontecida a propósito do envio de mísseis nucleares russos a Cuba, e que pôs o mundo à beira da guerra mundial atômica durante 13 dias (16-28 outubro de 1962).

Uma semana depois, a TV estatal voltou à carga com as ameaças enumerando os objetivos que o Kremlin atacaria em território americano em caso de conflito nuclear, noticiou o jornal de Barcelona “La Vanguardia”.

No operativo a Rússia usaria um míssil hipersônico que estaria desenvolvendo.

Segundo a agência Reuters, Dimitri Kiselyov, o âncora do Vesti Nedeli principal noticiário semanal da TV moscovita, exibiu num mapa pelo menos cinco objetivos: o Pentágono, a casa de feiras do presidente em Camp David (Maryland), centros militares como Fort Ritchie, uma base aérea em McClellan (Califórnia) e uma base naval no Estado de Washington.



Objetivos do pavoneado ataque nuclear contra os EUA (Captura de vídeo)
Putin advertiu que tomaria “medidas simétricas” caso os EUA instalassem misseis na Europa. Obviamente os mísseis russos já estão instalados nesse continente.

A represália, segundo Kiselyov, seria feita com misseis nucleares hipersônicos de alcance intermédio disparados desde submarinos perto de águas estadunidenses.

Segundo ele, o míssil “Tsirkon”, atingiria os alvos em cinco minutos voando na atmosfera a mais de cinco vezes a velocidade do som.

Os EUA se limitaram a responder que tendo a Rússia saído do Tratado de redução de foguetes de curto e meio alcance, as duas potências podem livremente desenvolver e instalar novas armas nucleares.

Aliás, ambos estão se acusando reciprocamente de violar os acordos, que nesse ambiente vão virando segundo uma péssima expressão “farrapos de papel”.

Kiselyov chegou a dizer que Moscou poderia reduzir EUA a cinzas radioativas.
Kiselyov chegou a dizer que Moscou poderia reduzir EUA a cinzas radioativas.
Kiselyov garantiu que o “por agora, não está ameaçando ninguém, mas nossa resposta será instantânea”, registrou a agência Reuters.

O pacífico Kiselyov já chegou a dizer que Moscou poderia converter os EUA em cinzas radioativas. Interrogado por essa afirmação de Kiselyov, o Kremlin disse em nada ter influído.

A impostação agressiva de Putin foi recebida como mais uma tática para forçar conversações com os EUA sobre o ‘equilíbrio estratégico entre as duas potências, algo pelo que Moscou pressiona há muito tempo”, na opinião de “La Vanguardia”.

De fato, a existência e a viabilidade das “hiper-armas” anunciadas por Putin é contestada. Algumas delas não passaram de apresentações quase no nível de videojogo.

Mas, a vontade de extermínio da nova-Rússia é de se levar muito a sério.

Por outra parte, como afirmam especialistas mencionados pelo “La Vanguardia”, a Rússia pode supor que ameaças assustadoras imporiam conversações orientadas a uma entrega de pontos do Ocidente.

A histórica “crise dos mísseis de Cuba” serve de precedente.

Do míssil 'hipersônico' 'Tsirkon' só foi apresentada uma imagem digna de videojogo
Do míssil 'hipersônico' 'Tsirkon' só foi apresentada uma imagem digna de videojogo
Naquela vez, do ponto de vista material, a URSS teve que ceder e reembarcar os mísseis depositados em solo cubano e reenviar seus navios aos portos de origem.

Mas, do ponto de vista psicológico, o ganho soviético foi enorme. Sobre tudo dentro da Igreja Católica.

O Papa reinante João XXIII pela primeira vez na História mudou o posicionamento da Santa Sé face ao monstro soviético.

O Vaticano que até então sempre defendia a causa dos países cristãos e até ex-cristãos ocidentais, assumiu uma posição de “neutralidade” entre o agressor marxista e os EUA agredidos.

João XXIII iniciou a diplomacia de aproximação com os regimes comunistas que foi se acentuando até nossos dias.

A URSS lhe retribuiu com a distensiva visita de Alexander Adjubei, diretor da revista oficial do Partido Comunista Soviético Izvestia e sua mulher, filha de Nikita Kruschev, chefe supremo do império ateu, no dia 7 de março de 1963.

O Concilio Vaticano II acolheu então os enviados do Patriarcado de Moscou, disfarçados agentes da polícia soviética KGB.

A visita do genro do chefe supremo do comunismo marcou época na virada da Santa Sé rumo à Rússia
A visita do genro do chefe supremo do comunismo
marcou época na virada da Santa Sé rumo à Rússia
O mesmo Concílio se recusou a condenar o socialismo ou o comunismo como solicitado por algumas centenas de padres conciliares.

Desde então a aproximação Vaticano-Moscou e o afastamento da diplomacia da Santa Sé dos EUA e do Ocidente cristão ou ex-cristão não cessou mais.

Hoje chegamos à simpatia escancarada do Papa Francisco pelo presidente russo e à áspera antipatia do Pontífice em relação ao presidente americano e aos católicos e evangélicos americanos que votaram nele.

Neste contexto não é difícil prever os apoios que Putin pode esperar do lado eclesiástico num diálogo ou conversações com os EUA em que ele pretenda obter capitulações.



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