domingo, 21 de junho de 2015

Associações estrangeiras à mercê do despotismo do Kremlin

As organizações estrangeiras e as russas que mantêm relações com elas  poderão ser banidas com pretextos legais confusos.
As organizações estrangeiras e as russas que mantêm relações com elas
poderão ser banidas com pretextos legais confusos.



O Parlamento russo aprovou definitivamente a anunciada lei que permite ao esquema repressivo do Estado proibir as organizações estrangeiras instaladas na Rússia e rotuladas por ele de “indesejáveis”, noticiou a Reuters.

Desde o início da tramitação dessa lei e de outros textos análogos, a Igreja Católica, suas ordens religiosas e agências de caridade foram apontadas como alvos, caso não agradem Moscou.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Mega autoestrada de Londres até Alaska pela Rússia: o Ocidente pagará?

Projeto de Moscou: uma estrada ciclópica que a liga Europa e EUA
Projeto de Moscou: uma estrada ciclópica que a liga Europa e EUA



Moscou planeja construir uma mega autoestrada de 19.950 km unindo o Atlântico ao Pacífico e atravessando toda a Rússia até o Alaska, informou o Business Insider.

A rodovia se conectará com a rede de autoestradas europeias, a qual permitirá atravessar a Ásia e cortar a Rússia de ponta a ponta.

As estradas russas existem, mas seu estado de deterioração aumenta na medida em que o viajante se afasta de Moscou.

domingo, 14 de junho de 2015

Putin: “imperador romano”
pela invasão da Criméia!

Putin imperador sem cerimônia
Putin imperador sem cerimônia



Um busto de Vladimir Putin de 50 centímetros de altura, vestido com toga romana, feito com uma “matéria sintética não muito cara” imitando o bronze e com as feições de um imperador romano, foi erigido perto de São Petersburgo, informou o jornal parisiense Le Monde.

A histriônica ideia para glorificar o chefe russo é atribuída a uma organização local de cossacos que, obviamente, nunca ousaria uma iniciativa do gênero sem estímulo e costas esquentadas por alta esfera.

O monumento foi encomendado em “reconhecimento pela anexação da Crimeia” pela Rússia, em março de 2014.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Oposicionista assassinado preparava relatório
sobre soldados mortos na Ucrânia

Moscovitas marcham em solidariedade com o assassinado Boris Nemtzov.
O caso nunca foi apurado e sabe-se por que...
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Moscou gastou mais de 1 bilhão de dólares em apoio aos rebeldes separatistas do leste da Ucrânia, onde foram mortos pelo menos 220 soldados russos.

Os fatos fazem parte de um relatório que estava sendo preparado por Boris Nemtsov, ex-primeiro-ministro adjunto da Rússia e crítico do Kremlin, assassinado em fevereiro de 2015, noticiou o jornal britânico The Independent.

Nemtsov recolheu informações públicas e notórias e entrevistou famílias. O resultado contradiz o argumento de Moscou, que nega a existência de tropas russas lutando na Ucrânia.

Esse inquérito informativo não podia ser desconhecido do serviço de segurança do Kremlin. Nemtsov foi morto a tiros em Moscou. O crime nunca foi esclarecido e os que foram presos pelo Kremlin não passariam de “laranjas”.

Porém, membros de partido de Nemtsov (o liberal RPR-Parnas) e diversos jornalistas da oposição ajudaram a terminar o relatório de 65 páginas, que as balas assassinas quiseram silenciar.
“A guerra com a Ucrânia é uma guerra não declarada, uma guerra cínica, que representa um crime contra toda a nação russa. Putin entrará para a História como o presidente que tornou inimigos russos e ucranianos”, disse em entrevista coletiva Ilya Yashin, ajudante do vitimado Nemtsov, na apresentação do relatório.

O presidente Putin nega de todas as formas a presença de qualquer uniformizado russo em território ucraniano. Mas o Ocidente o acusa com abundantes provas de fornecer armas e tropas aos separatistas na luta contra o governo de Kiev, além de treinamentos e informações de inteligência.

O opositor Ilia Iachine apresenta à imprensa o relatório que custou a vida a seu colega Boris Nemtsov.
O opositor Ilia Iachine apresenta à imprensa
o relatório que custou a vida a seu colega Boris Nemtsov.
Segundo o relatório, que tem como título “Putin. A guerra”, as perdas russas em número de soldados foram pesadas.

“Reunimos provas exaustivas da presença de tropas russas na Ucrânia”, disse Iachine na conferência de imprensa, reproduzida por agências internacionais.

Segundo o relatório, as tropas regulares russas entraram “maciçamente” pela primeira vez na Ucrânia em agosto de 2014, quando os separatistas corriam o risco de serem definitivamente derrotados.

Também houve unidades regulares disfarçadas de “voluntárias”, em janeiro e fevereiro de 2015, para pressionar o presidente ucraniano na mesa de negociações de Minsk e durante os ferozes combates em torno da estratégica cidade de Debaltsevo.
Segundo Iachine, “todas as vitórias militares decisivas dos separatistas foram conseguidas por unidades regulares do exército russo”.

O balanço do relatório aponta a morte de pelo menos 150 soldados russos em agosto de 2014, e mais 70 em janeiro e fevereiro de 2015.

Boris Nemtsov também pesquisou “fontes anônimas” de Moscou, que não querem ser identificadas temendo represálias do regime. Ele consultou as famílias de soldados abatidos na Ucrânia, que o procuraram na tentativa de obter um auxílio financeiro prometido pelo governo russo.

Essas famílias receberam o equivalente a mais de 100.000 reais, com a condição de não falarem das circunstâncias em que morreram seus filhos.

Nemtsov calculou que Moscou gastou 53 bilhões de rublos em dez meses (por volta de 3,16 bilhões de reais), além de 80 bilhões de rublos (4,76 bilhões de reais) para acolher os refugiados do Donbass e compensar o impacto das sanções ocidentais atraídas pela invasão do país vizinho.

Nemtsov teria apurado mais de 200 casos de soldados russos
mortos em combate na Ucrânia que o governo de Putin nega e manda silenciar.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, diz que o governo nada sabe sobre o assunto, velha tática de quem não tem resposta.

A agência Reuters garante que os militares russos são obrigados a deixar o Exército Vermelho antes de partirem para o front ucraniano. Mas isso é um jogo de aparências.

O relatório também responsabiliza Moscou pela derrubada do voo MH17 de Malaysia Airlines em julho de 2014, provocando a morte de 298 civis alheios ao conflito, incluindo grande número de crianças.

Introdução ao relatório que as balas homicidas não conseguiram silenciar:



O jornal russo Novaïa Gazeta publicou em março uma entrevista com um jovem soldado russo, que contava ter sido enviado com sua unidade de tanques de Oulan-Oude para o leste ucraniano, onde foi gravemente ferido.

A agência ucraniana Euromaidan Press divulgou vídeo do sargento Aleksander Aleksandrov, da 3ª brigada das Forças Especiais russas, que no dia 6 de março de 2015 entrou com sua unidade na base de operações em Luhansk como parte de um conjunto de seis a oito grupos que lutavam fora de Luhansk.

Associações de direitos humanos também exigiram a publicação da verdade sobre soldados mortos em ocorrências confusas e que acabaram sendo enterrados na Rússia. Segundo familiares e amigos, eles caíram combatendo na Ucrânia.

Quando uma dezena de paraquedistas russos foi capturada pelo exército ucraniano, Putin se saiu dizendo que eles tinham se “perdido” durante um patrulhamento e entrado sem perceber em território ucraniano.

Ilia Iachine também denunciou que “nem Putin nem seus generais têm a coragem de admitir a agressão militar contra Ucrânia. Eles apresentam mentiras vis e hipócritas como se fossem mostras de grande sabedoria política”, segundo o jornal francês Le Parisien.


Russos protestam contra Putin no aniversário do assassinato de Nemtsov





Suboficiais russos feridos e capturados na Ucrânia, onde agiam desde 6 de março de 2015, declaram pertencer às Forças Especiais (Spetsnatz) da Rússia:







domingo, 7 de junho de 2015

A Criméia já foi invadida, agora é a vez de Roma,
prega propaganda russa

"Criméia Hoje - Roma Amanhã! Feliz Dia da Vitória 9 de Maio!" Faixa instalada na cidade de Kaluga incita à invasão da capital do catolicismo.
"Criméia Hoje - Roma Amanhã! Feliz Dia da Vitória 9 de Maio!"
Faixa instalada na cidade de Kaluga incita à invasão da capital do catolicismo.



Diversas obras-primas de frenesi nacionalista e de autoproclamada superioridade planetária se patentearam na mistificação ordenada pelo Kremlin para o 70º aniversário do fim da II Guerra Mundial.

O ribombo publicitário na mídia oficial raiou a demência, apresentando ao povo glórias inexistentes e temores terríveis, caso o mundo não se submeta aos ditames do senhor do Kremlin, observou a agência Euromaidan Press.

Segundo essas visões histéricas, o mundo inteiro conspiraria contra a Rússia, acionando satânicos recursos e insidiosas e incessantes formas devastadoras de sabotagem.

O extermínio da Rússia só não se consumou devido à genialidade de seu líder supremo, Vladimir Putin, capaz de domesticar ursos, tigres e baleias.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Jatos e colunas de tanques para tranquilizar as populações bálticas. Mílicias civis se multiplicam.

Unidades americanas treinam na Letônia.
Unidades americanas treinam na Letônia.



Os céus dos países do leste europeu membros da NATO estão sendo percorridos regularmente por jatos da aliança atlântica. Em terra, colunas de blindados americanos vão e vem até a fronteira com a Rússia, visando tranquilizar as populações que temem o pior da parte de Moscou.

Na Polônia, médicos, sapateiros, advogados e outros comparecem ao quarteis para receberem treinamento militar diante de uma eventual invasão.

Na vizinha Lituânia, os cursos ensinam a todos os cidadãos como eles devem reagir em caso de guerra. A Letônia, por sua vez, planeja dar treinamento militar aos estudantes universitários no ano que vem. Este preocupante panorama foi descrito pela Fox News.

domingo, 31 de maio de 2015

“Dia da Vitória” foi “dia do fiasco” em Moscou

Glorificando o passado soviético, parada em Moscou no 70º Dia da Vitória.
Fazendo a ponte com o passado soviético,
parada em Moscou no 70º Dia da Vitória.



O dia 9 de maio passado, 70 anos do fim da II Guerra Mundial, deveria ter sido um dia de glória para a “nova URSS” de Vladimir Putin.

Ele montou um show militar na Praça Vermelha de encher de inveja seus precursores da velha URSS.

A teatralização do espetáculo militar incluiu até o sinal da Cruz do Ministro da Defesa Sergey Shoygu, antes da dar início à revista das tropas formadas na Praça Vermelha.

A imensa parada fez lembrar o exibicionismo e a artificialidade dos tempos soviéticos.

Entre as joias da nova tecnologia militar russa estava o tanque pesado topo da linha T-14, que deveria fazer sua primeira aparição pública.

Mas no treino final do dia anterior, ele encrencou diante das câmaras e do nutrido público presente.

“Daqui não saio, daqui ninguém me tira”: nem puxado por correntes engatadas em outro tanque ele se moveu do lugar.

Ocorreu também um fenômeno de autocombustão: uma bateria de mísseis BUK, análoga à que teve a infame glória de abater o voo MH17 da Malaysian Airlines, incendiou-se.

A joia tecnológica, o tanque Armata T-14, pifou e não saía do lugar
A joia tecnológica, o tanque Armata T-14, pifou e não saía do lugar
Do espaço tampouco chegaram boas notícias: a bandeira réplica da insígnia soviética, içada em 1945 sobre o Reichstadt (se a foto famosa não for fraudulenta), desapareceu com o cargueiro espacial que se incinerou sobre o Pacífico.

E em 16 de maio último, um foguete Proton-M, que levava o satélite mexicano MexSat-1, pegou fogo a 161 km de altura, desintegrando-se na queda, segundo comunicado da agência espacial russa Roskosmos, registrou The Huffington Post.

Poucas horas antes, a própria Roskosmos anunciou que a nave espacial Progress M-262M, ligada à Estação Espacial Internacional, não conseguiu ligar os motores e corrigir sua órbita, num duro fracasso para a propaganda do Kremlin.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Recrudesecer a repressão é a ordem do chefe supremo

Putin está vendo complôs por toda parte e mandou recrudescer a repressão.
Putin está vendo complôs por toda parte
e mandou recrudescer a repressão.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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diversos blogs




Vladimir Putin convocou uma reunião plenária dos altos funcionários do Serviço Federal de Segurança da Federação Russa (FSB), polícia política e serviço secreto de seu regime, informou o jornal de Paris Le Figaro.

Dirigindo-se a seus “camaradas” e súditos, o antigo espião da KGB pintou o quadro de uma Rússia rodeada de inimigos e ordenou-lhes enfrentar um vasto leque de ameaças heterogêneas que perturbam sua imaginação: desde o terrorismo caucasiano até a oposição liberal na Duma, passando pelas tentativas de “abalar o sistema financeiro”.

Putin insistiu que só “uma Rússia mais forte” poderá realizar as “mudanças positivas”.

Nessa ótica, deve ser reforçado o regime ditatorial. E as “mudanças positivas” já foram apontadas por Putin, pelos seus funcionários imediatos e até pelo Patriarca de Moscou na Duma: os “valores soviéticos”.

Segundo Putin, “ONGs e grupos politizados” russos servem à espionagem ocidental e “planificam ações em função das eleições parlamentárias e presidencial de 2016 e 2018”.

O objetivo desses inimigos internos seria de “desacreditar o poder e desestabilizar a situação interna da Rússia”. Putin não deve ter penado muito para redigir seu discurso. Perorações análogas eram feitas nos prólogos dos expurgos da era soviética.

domingo, 24 de maio de 2015

O SIM ao passado soviético
no cerne do pesadelo russo

Kharkiv: derrubada da estátua de Lenin,
uma das maiores do mundo.



A Ucrânia rompeu oficialmente com seu passado soviético adotando leis históricas para “des-sovietizar” o país.

A decisão foi saudada na ex-república da falida URSS, mas exacerbou as tensões com os separatistas pró-russos e encolerizou o Kremlin, informou El País, de Madri.

Os deputados ucranianos aprovaram, sem necessidade de grande debate, o conjunto de medidas legais visando apagar os estigmas de uma era de opróbrio e opressão.

As novas leis põem em pé de igualdade os regimes soviético e nazista. Também proíbem qualquer “negação pública” de seu “caráter criminoso”, bem como a “produção” e “utilização pública” de seus símbolos.

Notadamente o hino soviético, as bandeiras e os escudos da União Soviética e da República Socialista Soviética da Ucrânia, além do execrado símbolo da foice e martelo.

Para muitos, a proibição dos símbolos soviéticos deveria ter sido adotada há 25 anos, logo após a independência da URSS em 1991, como fizeram os países bálticos e a Polônia.

Deverão ser removidos na Ucrânia incontáveis monumentos erigidos à glória dos responsáveis soviéticos e numerosas estátuas de Lênin que o povo ainda não derrubou. Localidades, ruas ou empresas cujos nomes evocam o comunismo receberão outro nome.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Encruzilhada lembra o pré-II Guerra Mundial,
aponta professor da Califórnia

Descendo do avião o premier britânico Neville Chamberlain exibe como um vitória o tratado da capitulação em Munich (1938), grande prólogo da mais mortífera guerra mundial
Descendo do avião o premier britânico Neville Chamberlain
exibe como um vitória o tratado da capitulação em Munich (1938),
grande prólogo da mais mortífera guerra mundial
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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“Vivemos o nosso momento histórico de grande perigo”, escreveu na “National Review” o historiador Victor Davis Hanson.

Hanson leciona História Clássica na Universidade do Estado da Califórnia, em Fresno, e considera que Obama e os líderes europeus estão repetindo os erros de seus predecessores na década de 1930 em face da II Guerra Mundial que se anunciava no horizonte.

Prof. Victor Davis Hanson
Prof. Victor Davis Hanson
Segundo Hanson, a II Guerra, a mais mortífera da História, foi causada por um conjunto de fatores materiais e por imprevidências culposas que hoje estão se repetindo.

1) A crise econômica mundial, conhecida como a Depressão dos anos 30, favoreceu o desenvolvimento de tendências radicais no mundo, como o comunismo da União Soviética ou o nazismo hitlerista.

2) Enquanto os EUA adotavam o isolacionismo, a União Soviética colaborava com o III Reich e buscava alianças no mundo, como com a Itália e o Japão.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

A serviço do Kremlin como nos ‘dias de ouro’
do pacto Ribbentrop-Molotov

Saudosistas da velha URSS não se sabe por que 'de direita' engrossaram o evento pro-Putin 'cristão' no Foro Internacional Conservador de São Petersburgo.
Saudosistas da velha URSS não se sabe por que 'de direita'
engrossaram o evento pro-Putin 'cristão'
no Foro Internacional Conservador de São Petersburgo.



A convite de militantes amigos do Kremlin, representantes de diversas legendas europeias consideradas de direita reuniram-se em São Petersburgo, noticiou a Deutsche Welle.

As fotografias, reproduzidas pela rádio oficial alemã, forneceram a deprimente imagem de velhos militantes russos exibindo incontáveis condecorações como os melhores servidores da era soviética.

Porém, o script fornecido pelo Kremlin mudou alguma coisa em relação a esses tempos remotos. A instrução agora era fomentar os “valores tradicionais” da família e do cristianismo, que o presidente Vladimir Putin afirma defender.

Os velhos roteiros da extinta URSS tiveram também seu lugar na hora de vituperar contra os EUA e a Europa a propósito da crise da Ucrânia.

domingo, 10 de maio de 2015

Polônia e Lituânia impedem “Anjos do Inferno” ou “Lobos da Noite”, guarda pretoriana de Putin

Putin: líder venerado dos 'Anjos do Inferno'
Putin: líder venerado dos 'Anjos do Inferno'
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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“Para Berlim!”: O brado de guerra do Exército Vermelho foi ecoado por centenas de motoqueiros pró-Kremlin que partiram de Moscou rumo ao Ocidente ostentando bandeiras soviéticas com a efígie de Stalin e as da Rússia de Putin, segundo noticiou a agência AFP.

Alexeï Verechtchiaguin, motoqueiro que combate no bastião separatista de Lugansk, no leste ucraniano, sublinhou o significado da manobra.

Eles pensavam refazer o percurso do exército soviético através da Bielorrússia, Polônia, República Checa, Eslováquia e Áustria.

Mas o gesto tem para muitos desses países uma dimensão ofensiva, escondendo intuitos invasores do patrão do Kremlin.

De fato, o grupo de motoqueiros que se identifica como “Lobos da Noite” ou “Anjos do Inferno” tem um histórico tenebroso e o próprio presidente Vladimir Putin se considera membro dessa irmandade do mal.

Para o jornal La Nación, de Buenos Aires, o grupo constitui uma “gangue que é uma espécie de guarda pretoriana paralela do presidente russo”.

O fundador e chefe Alexandre Zaldostanov, aliás “o cirurgião”, agitava bandeiras soviéticas e bradava na partida: “Por Stalin!”

Em 21 de fevereiro (2015), numa marcha anti-Maidan em Moscou, Zaldostanov incitou a “exterminar” os opositores de Putin. E advertiu: “o medo da morte é o único que pode deter a oposição russa”.

“Dentro da Rússia nós estamos combatendo a Quinta Coluna, esses que trabalham para estados estrangeiros”, explicou o gangster, citado por The Telegraph e o National Post.

Poucos dias depois, Boris Nemtsov, opositor liberal e ex- primeiro-ministro adjunto da Rússia, que vinha denunciando a corrupção no regime de Putin e a guerra na Ucrânia, caía assassinado numa movimentada ponte central de Moscou.

Putin não esconde seu apoio aos suspeitos 'Lobos da Noite'
Putin não esconde seu apoio aos suspeitos 'Lobos da Noite'
Zaldostanov está na “lista negra” dos EUA e da Europa por sua participação na invasão da Criméia e seu engajamento armado na guerra no leste ucraniano.

Vladimir Putin participou de uma incursão com motos na península da Criméia com os “Anjos do Inferno” e seu chefe Zaldostanov.

De um ano para cá “o cirurgião” tornou-se personagem onipresente na TV estatal, onde se declara devoto de Lênin, Stalin e do patriarca de Moscou. Putin o trata de ‘irmão’. Como seu íntimo chefe, Zaldostanov se diz grande defensor dos valores cristãos, familiares, morais e religiosos.

Para ele, Putin é o “salvador do mundo”, que veio para “reunificar o império russo”. O chefe dos “Lobos da Noite” se julga investido da missão divina de proteger o líder do Kremlin contra a revolução popular e pacífica que Boris Nemtsov promoveu antes de ser assassinado a dois passos do Kremlin.

“O cirurgião” se exibe com roupas de couro negro, tatuagens, símbolos esotéricos e uma caríssima Harley Davidson. Em fevereiro de 2014, com outros “lobos” ou “anjos infernais”, ele bloqueou a entrada na Crimeia, na primeira etapa da anexação da península, acrescentou “La Nación”.

Putin condecorou Zaldostanov com a comenda da Ordem da Honra pelo seu “ativo trabalho no reerguimento patriótico da juventude” e ajuda na procura dos restos mortais de soldados da II Guerra Mundial. Não lhe faltavam serviços prestados.

Os “Lobos da Noite” também promoveram delirantes shows rock de fundo militarista na Rússia, com reconstruções históricas voltadas para a glória da URSS, a difamação do Ocidente, a excitação do ódio à Ucrânia anticomunista e a promoção de um devoto culto ao presidente Putin, informou BuzzFeedNews.

Para isso contaram com o apoio da TV oficial, que emitiu esses frenéticos shows, bem como com a participação em pessoa do chefe máximo do Kremlin, que chegou numa Harley Davison semelhante à do chefe do grupo.

A incursão da gangue passará primeiro pela Bielorrússia, onde só aguarda o acobertamento da última ditadura escancaradamente marxista na Europa.

O grupo pró-Stalin e pró-Putin anunciou que novos “lobos” se reunirão à matilha durante o percurso, e que eles visitarão cemitérios e monumentos dedicados aos ‘heróis’ soviéticos. Uma coleção de manifestações deverá então acontecer.

A primeira ministra polonesa, Ewa Kopacz, teme o óbvio: trata-se de uma “singular provocação” de um “grupo organizado”. Por isso a Polônia vetou o seu ingresso no território nacional. A Alemanha também cortou o visto da maioria dos “Lobos da Noite”, por irregularidades na solicitação dos mesmos.

Putin concede a Ordem do Mérito a Alexander Zaldostanov
líder da estranha 'guarda pretoriana' da nova-URSS
Os poloneses não se esquecem que seu glorioso país foi ocupado e repartido entre os exércitos nazista e vermelho, em virtude da aliança Hitler-Stalin que desencadeou a II Guerra Mundial.

Os problemas começaram na fronteira da Polônia, cujo Ministério de Relações Exteriores anunciou que negaria o ingresso aos “Lobos da Noite”. O Ministério apontou diversas ilegalidades na manobra e considera que a marcha constitui uma provocação, noticiou a agência Reuters.

Uma vanguarda dos “Anjos do Inferno” apresentou-se antes da hora em que eram aguardada na fronteira polonesa, mas teve o acesso vetado.

O Ministério de Relações Exteriores russo revidou, dizendo que a recusa polonesa é “ideológica” e “blasfema”. Seria talvez “nazista” ou “fascista” como o governo de Kiev, pretexto que justificaria violências e até represálias militares.

Zaldostanov, por sua vez, disse que não respeitará a alfândega e a polícia de fronteira da Polônia, e falou de estradas alternativas que não se enxergam no mapa.

A continuação a mesma gangue tentou entrar na vizinha Lituânia mas teve o acesso negado pela corajosa pequena nação, segundo noticiou The Moscow Times.

Alguns “Anjos do Inferno” de Putin tentaram vulnerar as fronteiras lituanas pela Bielorrússia e outros pelo enclave russo de Kaliningrado.

A gangue exibiu vistos, mas carecia de outros documentos indispensáveis e os guardas de fronteira lituanos opuseram firme negativa.

Em numerosas ocasiões, Putin asseverou em tom ameaçador que interviria em qualquer lugar do mundo onde um cidadão soviético tivesse seus direitos desrespeitados.

A provocação parece orquestrada para justificar uma violência de maior dimensão. Como aliás temiam até há pouco muitos especialistas militares ocidentais, que se perguntavam apenas qual seria a encenação que Putin montaria.

A manobra evoca episódios ainda vivos da guerra “híbrida” e da “maskirovka”, sinal distintivo da estratégia de guerra mascarada russa.

Estratagemas semelhantes pegaram de surpresa até o alto comando da OTAN na invasão da Criméia, e em episódios como as colunas “humanitárias” de caminhões militares que entraram na Ucrânia pintados de branco mas vazios, e usados com intenções pouco esclarecidas.

Veja mais em “A mentira deslavada: técnica de guerra preferida de Putin”








Vanguarda de “Lobos da Noite” foi proibida de ingressar na Polônia:




terça-feira, 5 de maio de 2015

Premiê húngaro flerta Putin
e eleitorado lhe tira a maioria

As cores ucranianas evidenciam o temor dos húngaro de sofrer análoga invasão
As cores ucranianas evidenciam o temor dos húngaros de sofrer análoga invasão



Desde 2010, o atual primeiro-ministro húngaro Viktor Orban vem se mantendo à testa do governo apelando para os sentimentos conservadores da opinião pública de seu glorioso país.

Porém, após ter iniciado um inexplicável “namoro” com o presidente russo Vladimir Putin, sofreu uma derrota simbólica, sob certos pontos de vista muito sensível, que semeou consternação entre seus mais próximos assessores.

A Hungria vem sendo hostilizada por causa de sua nova Constituição, de suas corajosas tomadas de posição e de leis que contradizem as imoralidades legislativas promovidas pela União Europeia.

Esse tratamento arbitrário serviu de bom pretexto para Orban se aproximar de Vladimir Putin, que lhe ofereceu o que na realidade não tem: dinheiro. A Hungria passa por dificuldades econômicas e a ilusão mentirosa pode enganar quem está apertado.

domingo, 3 de maio de 2015

Nave com símbolo soviético cai sobre a Terra: prenúncio do futuro russo?

O programa espacial soviético teve forte componente propagandístico.Na foto: estação espacial MIR, desativada em 2001, apresenta defeitos de planificação e danos causados por lixo espacial.
O programa espacial soviético teve forte componente propagandístico.
Na foto: estação espacial MIR, desativada em 2001,
apresenta defeitos de planificação e danos causados por lixo espacial.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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O Centro de Controle de Voos Espaciais (CCVE) russo perdeu o controle do Progress M-27M, uma nave espacial não tripulada enviada a abastecer a Estação Espacial Internacional (EEI), noticiou o jornal portenho La Nación.

O artefato descontrolado iniciou o processo de queda sobre o planeta sem que os controladores em terra possam impedi-lo, explicou um responsável russo.

Os controladores tentaram restabelecer as comunicações com o bólido enlouquecido, mas tiveram resultados insuficientes.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Ambições hegemónicas da “nova-URSS”
fraudam normas até no esporte



“Todos os atletas russos nos dopamos em algum momento. Os dirigentes impõem isso aos treinadores e estes aos esportistas. No fim, você acha que não está fazendo nada ruim”, explicou Yuliya Rusanova.

Ela ganhou a medalha de bronze no 800 do Europeu 'indoor' de Paris 2011, mas foi sancionada em 2013 por alterações em seu passaporte biológico.

“Existe toda uma metodologia para impedir resultados ‘positivos’ de dopagem. Os funcionários garantem que os atletas não sejam submetidos a testes”, acrescentou seu marido Vitali Stepanov, ex-dirigente da Agência Antidopagem da Rússia (Rusada), segundo o jornal espanhol “El Mundo”

“O esportista está submetido a muitas pressões e no fim não tem outra alternativa senão as práticas ilegais”, acrescentou Oleg Popov, treinador de vários atletas 'caçados' nos últimos anos.

domingo, 26 de abril de 2015

Um erro de cálculo, uma má sorte
e é a guerra nuclear,
diz ex-chefe do Serviço Secreto britânico

John Sawers, ex-chefe do Serviço Secreto inglês (MI6):
“A ameaça de confronto militar nuclear,
incluindo um erro de cálculo ou simplesmente má sorte,
ainda está presente. Temos isso em mente
quando falamos com a Rússia de Vladimir Putin”



Com um ar descontraído, sir John Sawers, chefe recém-aposentado do serviço de inteligência britânico (MI6), transmitiu uma mensagem alarmante em sua conferência no King’s College de Londres: pela primeira vez desde o fim da Guerra Fria, paira sobre o mundo o espectro da guerra nuclear.

“A ameaça de confronto militar nuclear, incluindo um erro de cálculo ou simplesmente má sorte, ainda está presente. Temos isso em mente quando falamos com a Rússia de Vladimir Putin”, declarou Sawers, segundo “El País”, edição em português.

O bem informado ex-chefe da espionagem inglesa refletia o temor – compartilhado por seus colegas britânicos, pelos EUA e pela OTAN – de que a crise militar na Ucrânia seja o prelúdio de mais uma aventura russa.

O risco de a Rússia tentar anexar territórios da Estônia, Lituânia ou Letônia aumentou em consequência do desgaste de sua economia. A fim de conter o descontentamento interno e preservar seu poder, Putin procuraria excitar o populismo com o espectro de uma ameaça ocidental a seu país.

Para Gideon Rachman, especialista em política internacional do Financial Times, “o agressivo nacionalismo orquestrado por Putin recorda a política da Rússia e da Alemanha nos anos trinta”.

terça-feira, 21 de abril de 2015

A Rússia pena para recrutar soldados
nas ex-repúblicas soviéticas

Separatista na cidade de Siversk, região de Donetsk, Ucrânia, identificado como 'Bakhtiyor', nativo do Uzbequistão Fonte: Reuters.
Separatista na cidade de Siversk, região de Donetsk, Ucrânia,
identificado como 'Bakhtiyor', nativo do Uzbequistão. Fonte:Reuters



A Federação Russa de Vladimir Putin precisa preencher os vazios de seu exército com soldados das ex-repúblicas soviéticas.

Mas, neste quesito, está passando mal, escreveu Farangis Najibullah, da Radio Free Europe/Radio Liberty.

A Rússia oferecia a cidadania e bons ordenados, mas agora está sem dinheiro e os estrangeiros correm o risco de assinar contratos obrigatórios e depois não verem um tostão ou quase.

A ideia de recrutar estrangeiros já havia sido proposta havia cinco anos, mas agora, com a guerra na Ucrânia, tornou-se uma necessidade premente.

A Rússia estava oferecendo aos recrutas 30.000 rublos por mês, mas a desvalorização da moeda russa está evaporando esse valor e afastando os imprescindíveis voluntários.

domingo, 19 de abril de 2015

Féretros de “soldados fantasmas”
voltam a cemitérios russos

Os habitantes estão certos que o túmulo não identificado
no cemitério público de Vybuty, região de Pskov, norte da Rússia,
é de um paraquedista morto na Ucrânia. Os familiares têm medo de falar.




O capitão da 106º divisão aerotransportada viajou 900 milhas desde Rostov, na fronteira com a Ucrânia, para entregar o caixão de zinco selado do paraquedista Sergei Andrianov, 20, numa remota aldeia na região de Samara, entre o rio Volga e Cazaquistão.

A família havia ficado furiosa com o quartel da divisão pela falta de notícias. No fim, um oficial exasperado ofereceu 100.000 rublos (1.850 dólares) para tranquilizá-la.

Contudo, Natasha, a mãe de Sergei, queria dados: “Como é que ele morreu? Onde?”.

— “Meu filho morreu e ninguém pode explicar o que aconteceu”, disse ela em lágrimas à VICE News.

Ela exibe os documentos que recebeu junto com o corpo. Explicações imprecisas, nenhuma referência ao local.

Um oficial confidenciou que Sergei estava em “missão especial” num local de “transferência temporária”, onde aconteceu uma explosão “incompatível com a sua vida”. Rostov é mencionada em alguma parte.

“Eles agem como se fosse um segredo de governo”, disse Natasha, “mas, honestamente, eu quero dizer que isto é um crime do governo”.

Oficialmente, a Rússia não está em guerra, mas seus soldados estão morrendo às dúzias — quiçá às centenas — na Ucrânia. Putin nega uma e outra vez que haja tropas russas no país vizinho, mas os cadáveres como o de Sergei voltam.

Jornalistas e ativistas dos direitos humanos recolhem os históricos desses sacrifícios silenciados que já formam uma espécie de “exército russo de fantasmas”.

Em evento internacional em Munique, o presidente ucraniano Petro Poroshenko
exibe passaportes de soldados russos mortos ou capturados na Ucrânia.
Em agosto de 2014, o exército ucraniano progredia substancialmente e encaminhava-se para extinguir a rebelião pró-russa. Foi então que Moscou enviou suas tropas para evitar a derrota de seus protegidos.

Foi uma invasão ao pé da letra. Calcula-se que 20.000 soldados violaram as fronteiras. Muitos como Sergei só voltaram dentro de sacolas para cadáver.

O caso dele bate com dezenas de outros relatórios recolhidos pelo Comitê de Mães de Soldados, liderado por Valentina Melnikova.

Veja também: Conscritos russos se recusam a combater na Ucrânia. Soldados desertam

Segundo as denúncias que ela possui, pelo menos 500 membros das forças armadas russas morreram na Ucrânia. O número concorda aproximadamente com os cálculos do governo americano. Mas são difíceis de confirmar: a repressão espiona aqueles que se interessam pelo assunto em demasia.

Para Melnikova, nada disto é novo. Já aconteceu durante a invasão soviética do Afeganistão ou na repressão da Chechênia, registra VICE News.

A mídia estatal nada fala. A TV se refere ao governo de Kiev como “junta fascista”. Os programas estão cheios de alusões a conspirações e a “quintas-colunas” sabotando a Rússia.

O clima de medo nas famílias impede que elas saiam a público. “Todo mundo cala. Eles compreendem o que aconteceu e o que pode acontecer se você fala”, dizem os parentes.

Natasha percebeu isso não somente nos agentes do governo, mas também nos vizinhos da aldeia.

Mas o muro de silêncio começou a cair quando, em agosto (2014), chegaram os primeiros corpos ao quartel de Pskov, perto da fronteira com a Estônia, a cinco horas de carro de São Petersburgo, sede da 76º divisão aerotransportada.

Ainda em agosto, oficiais ucranianos publicaram documentos de 60 dos pára-quedistas de Pskov, cuja brigada foi quase extinta numa emboscada. A Rússia negou, e o comandante da divisão declarou que todos seus soldados passavam bem.

Numa segunda-feira, a igreja do pequeno cemitério da periferia de Pskov encheu-se de gente, altos oficiais inclusive.
As cruzes não contêm nomes mas números num cemitério na região separatista pro-Rússia, perto de Donetsk.
As cruzes não contêm nomes mas números num cemitério
na região separatista pro-Rússia, perto de Donetsk.
Mas Irina Tumakova chegou muito mais cedo e pôde ver os soldados cobrindo com terra os túmulos e o nome dos mortos: eram suboficiais da unidade falecidos em agosto. Um homem lhe ofereceu um copo de vodca dizendo: “Meu filho está ali”.

Irina lhe perguntou se tinha morrido na Ucrânia.

— “Onde, se não?” respondeu ele.

A história correu pelas redes sociais russas. O quartel mandou silenciar, os familiares se recusaram a receber os jornalistas, funcionários perseguiram a jornalista russa que tentou se aproximar dos túmulos, recorrendo a ameaças e agressões.

No mesmo mês de agosto, a Ucrânia apresentou prisioneiros de guerra do 331º regimento aerotransportado de Kostroma. O Kremlin teve que admitir, mas Putin disse terem entrado na Ucrânia por “erro”.

Em setembro, as emissoras estatais russas de TV reconheceram pela primeira vez que um soldado russo fora morto na Ucrânia, mas alegarem tratar-se de um “patriota voluntário”.

Um outro “voluntário”, Nikolai Kozlov, foi apresentado pelas redes de TV recuperando-se num hospital da perda de uma perna. “Ele foi porque recebeu ordem”, contou seu tio.

O povo russo continua sendo sistematicamente desinformado pela grande mídia, quase toda ela nas mãos de camaradas de Putin.

“Mortos em circunstâncias desconhecidas”:



O testemunho de um soldado russo prisioneiro na Ucrânia:



terça-feira, 14 de abril de 2015

Poloneses se preparam para uma batalha total

Numa escola, jovens voluntários de um dos mais de 100 grupos que pediram treinamento militar legal. A preocupação é nacional.
Numa escola, jovens voluntários de um dos mais de 100 grupos
que pediram treinamento militar legal. A preocupação é nacional.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Mais de 100 milícias paramilitares aprovadas pelo governo da Polônia recrutam velozmente jovens preocupados por seu país diante da ofensiva das forças de Putin no Leste europeu.

O jornal “The New York Times” foi fazer uma reportagem desse fenômeno nacional polonês.

Ele assistiu em Kalisz ao juramento de trinta estudantes, que prometeram defender a Polônia a todo custo. Para isso, 200 membros da associação – rapazes e moças – marcharam em formação a partir do pátio da escola, ingressaram no Boulevard das Forças Armadas e chegaram ao centro da cidade diante da igreja de São José.

O general Boguslaw Pacek, conselheiro do Ministério da Defesa e homem de ligação com esses grupos, marchou com eles.

Bartosz Walesiak, 16, que entrou para Associação de Atiradores, declarou: “Eu acho que Putin vai querer mais. A Lituânia, a Estônia e a Letônia já estão se preparando para esse cenário e a Polônia deve fazer o mesmo”.

A crise entra no impensável fim da Guerra Fria e tira a tranquilidade de muitos poloneses. Eles acham que os russos não se contentarão com a Ucrânia e partirão por cima do Ocidente. E a Polônia está no meio.

A Rússia aparece agressiva e imprevisível. “O impacto na vida cotidiana está sendo péssimo”, disse Marcin Zaborowski, diretor do Polish Institute of International Affairs. “Com muita frequência, as pessoas — vizinhos, barbeiros — me abordam para perguntar se vai sair uma guerra. Outro dia minha mãe me telefonou para saber sobre isso”.

Poloneses acham que a Rússia não ficará satisfeita com a Ucrânia e tentará agredir outro vizinho. E podem ser eles.
Poloneses acham que a Rússia não ficará satisfeita com a Ucrânia
e tentará agredir outro vizinho. E podem ser eles.
Nos jantares em Varsóvia frequentemente se trata desse assunto. Possibilidades não consideradas outrora são tratadas hoje seriamente. Até as piadas sobre o assunto patenteiam a ansiedade.

No início de 2015, o Ministério da Defesa da Polônia anunciou que fornecerá treinamento a qualquer civil que quiser recebê-lo. No primeiro dia compareceram por volta de mil voluntários. “Esse número vai crescer bem no futuro”, disse o coronel Tomasz Szulejko, porta-voz do comando geral do Exército polonês.

Tomasz Siemoniak, ministro da Defesa, contempla estabelecer uma Força de Defesa Territorial, semelhante à Guarda Nacional dos EUA, aproveitando o creme dos membros das associações de atiradores e outros voluntários.

O primeiro-ministro Ewa Kopacz mudou a lei de recrutamento. Agora poderá ser convocado quase todo homem no país.

Na vizinha Lituânia, a presidente Dalia Grybauskaite visa reinstalar a conscrição militar obrigatória em função do “atual ambiente geopolítico”. Em janeiro, o governo publicou um livreto de 98 páginas intitulado “Como agir em situações extremas ou em momentos de guerra”.

O livreto fornece instruções sobre o que os cidadãos devem fazer caso soldados estrangeiros apareçam nas portas de suas casas, e como oferecer uma resistência passiva ao poder ocupante.

Os temores crescem na Polônia, mas ainda não há pânicos de massa, diz Tomasz Szlendak, sociólogo da Universidade Nicolaus Copernicus, de Torun. Os cidadãos ainda não estocam alimentos e munições no porão, esclareceu Marcin Zaborowski, mas a apreensão está aumentando visivelmente.

O crescente engajamento nos grupos milicianos é apenas uma manifestação da mudança do clima.

Grzegorz Zurek de 11 anos não tinha idade para treinar,
mas tanto insistiu que achou vaga como 'ferido'.
“Acredito que Putin fará algo contra a Polônia”, diz ele.
E a causa não é só a Ucrânia. O patriotismo e o amor ao serviço uniformado estão atraindo os mais jovens. A vida militar oferece uma carreira desejável, e a sombra de Putin acelerou a tendência.

Em Szczecin, 500 novos cadetes fizeram o juramento. O general Pacek acha que já há 120 grupos do gênero, com um total de 80.000 membros.

O Ministério da Defesa fornece equipamentos, uniformes, treinadores e até dinheiro.

Declarou o general Pacek: “Não se trata de levá-los para combater, mas de lhes oferecer assistência do lado militar. Obviamente, eles sairão preparados para defender”.

O juramento reza: “Eu estarei sempre pronto para defender a independência até meu último suspiro”.

Após a cerimônia, o prefeito de Kalisz, Grzegorz Sapinski, olhava os cadetes marchando e comentava: “Perceba a mudança de atitude dos jovens em consequência do que está acontecendo na Ucrânia. O conflito não se dá num lugar longínquo ou obscuro. Acontece a quatro horas de carro daqui”.

O cadete mais jovem é Grzegorz Zurek, 11. Ele não conseguia ser admitido por sua curta idade, mas, por ser obstinado, conseguiu que o aceitassem para – bem abraçado ao fuzil automático – desempenhar o papel de ferido nos treinos.

“Acredito como altamente provável que Putin fará algo contra a Polônia”, disse Grzegorz.

“Eu sei pela história que a Rússia sempre foi um estado totalitário. E agora está tentando recuperar o território que perdeu no fim da Guerra Fria. Se ele vier invadir a Polônia, eu não hesitarei um segundo em combater contra ele”, completou o corajoso adolescente.


Forças Armadas polonesas: prestígio e rearmamento crescem rapidamente,
diante da percepção da ameaça russa:




Exercícios conjuntos com europeus e americanos em território polonês visam aprimorar a defesa em caso de invasão: