domingo, 9 de junho de 2019

Maior fábrica de “notícias falsas” é russa

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







“El Mundo” de Madri comemorou com não dissimulada decepção o fato de “depois de anos de silêncio ante a agressão, o paquiderme europeu começou a se movimentar” embora a ‘passos lentos’.

Referia-se à incompreensível inércia da União Europeia diante da constante ofensiva da “guerra da informação” russa.

Como há anos vimos comentando em nosso blog sem outro recurso senão a leitura e o raciocínio sobre o noticiário virtual mais respeitável, a Rússia de Putin montou uma unidade militarizada cujo objetivo é desorganizar as informações, para embaralhar o raciocínio, desorientar e, por fim, abater os povos que quer submeter.

Outrora falava-se da “paz da Varsóvia” para caracterizar a sujeição de um povo vítima reduzido ao silêncio dos mortos no cemitério.



Queira Deus que no futuro não se fale de uma “paz de Putin” estabelecida sobre povos mentalmente mortos após uma fase de caotização induzida pela “guerra da informação” que provem de São Petersburgo.

O jornal espanhol informa que a União Europeia criou um departamento para responder ao ,enlouquecedor bombardeio de notícias falsas, as “fake news”, que o Kremlin despeja metodicamente sobre a opinião pública dos países ocidentais.

Chama-se East StratCom Task Force e desde 2015 vem catalogando as “fake news” produzidas desde as centrais russas cujo quartel geral está na rua Savushkina 55, em São Petersburgo.

Até o presente as informações falsas confirmadas e catalogadas por tema superam o número de 3.800. Elas podem ser consultadas pela Internet. Cfr. EU vs Disinformation,

Anneli Ahonen, uma das responsáveis do projeto explicou:

“É certo que os russos gastam milhões de euros para gerar falsas notícias com todo tipo de tecnologias e que nosso investimento na área não pode sequer se comparar, mas pelo menos agora estamos dando batalha nesta guerra”.

Internet Research Agency, central dos trolls russos em São Petersburgo
Internet Research Agency, central dos trolls russos em São Petersburgo
A linguagem bélica domina o discurso da especialista. E não só dela, mas de todos os “soldados” e “oficiais” neste combate que não cessa nem de dia nem de noite.

Nunca houve dúvidas que o boato e as falsas informações sempre fizeram parte da guerra, inclusive entre os povos mais primitivos.

Porém, a onipresença das redes de informação online na vida quotidiana, fez da “guerra informática” um campo de primeira importância no conflito.

Acresce que se trata de uma guerra silenciosa travada a todo momento, quando se pensa que se vive na paz, na intimidade dos contatos com os amigos das redes sociais.

Em relação as velhas guerras de boatos e falsos, a nova “guerra da informação” têm novos objetivos. Antes procurava-se, por exemplo, enganar sobre a rota escolhida pelo adversário, o número das baixas sofridas, a potência das armas, etc.

Hoje o objetivo é muito mais sofisticado e destruidor do mais íntimo do ser humano: seu pensamento, seu modo de sentir, manipulando instintos e reações naturais básicas.

O general Alexander Vladimirov professor de “Teoria e Ciência da Guerra” numa escola militar de Moscou sintetizou: “Toda a história humana pode ser apresentada como a história da enganação”. Cfr.: A mentira e o engano na “Teoria e Ciência da Guerra” preferida de Putin

E Peter Pomerantsev, que passou vários anos trabalhando em documentários e reality shows para a TV russa, explicou à BBC: “A estratégia russa, fora e dentro do país, é dizer que a verdade não existe” (cfr. Id. Ibid).

O manual russo Informação e Operações da Guerra Psicológica: Breve Enciclopédia e Guia de Referência, editado em 2011 em Moscou pela Hotline Telecom e atribuído a Veprintsev et al. é revelador.

Ele ensina que enquanto na guerra tradicional “a vitória se fundamenta no sim ou no não”; na guerra da informação, ela se baseia na sedução e na contradição postas nas cabeças das vítimas sem que elas tenham consciência disso.

O chefe da inteligência russa Yevgeny Primakov confessou que a operação de desinformação INFEKTION foi  para fazer crer que os EUA criaram a AIDS. Seu lema: “A estratégia russa é dizer que a verdade não existe”
O chefe da inteligência russa Yevgeny Primakov
confessou que a operação de desinformação INFEKTION
foi  para fazer crer que os EUA criaram a AIDS.
Seu lema: “dizer que a verdade não existe”
Em 2013, o chefe do Estado-maior das Forças Armadas da Federação Russa, Valery Gerasimov, defendeu ser possível derrotar inimigos com uma “combinação de campanhas políticas, econômicas, de informação, tecnológicas e ecológicas” sem confronto físico, mas agindo na “psico-esfera” por uma misteriosa “irradiação”.

Seguindo o critério escolhido pelo Kremlin, as guerras do futuro serão travadas não nos cenários de combate, mas nas mentes dos homens. Cfr. A guerra de Moscou para desequilibrar as mentes

Embora o grande atraso, a East StratCom Task Force analisou desde 2016 10.000 tuites de 700.000 contas de Twitter relacionadas a 600 geradores de notícias falsas ou conspirativas.

80% dessas contas gera diariamente por volta de um milhão de tuites informativamente venenosos. A unidade europeia considera que 13% da atividade de Twitter está contaminada.

Também em Facebook foram identificados grupos manipulados pela propaganda prorrusa que seguiam roteiros padronizados.

O quartel geral da “guerra da informação” em São Petersburgo pertence ao governo, mas consta como propriedade do empresário Evgeny Prigozhin, apelidado o ‘Chef de Putin’.

Ele fornece como munição mentiras cibernéticas para dúzias de jovens que fazem funcionar a fábrica de ‘fake news’ 24 horas sobre 24 nos sete dias da semana.



Vídeo: Maior fábrica de “fake news” é russa



2 comentários:

  1. Esse site é a maior propagadora de fake news da internet só posta coisa sem fontes, americanismo doentio.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Doente é o esquerdopata anônimo covarde de um analfabetismo funcional sem igual, que não consegue se quer identificar as fontes contidas no texto.

      Excluir