domingo, 12 de março de 2023

Putin suprime grupo de estudo dos crimes comunistas

Aleksandr Podrabinek, membro do Moscow Helsinki Group arrestado pela KGB na era soviética
Aleksandr Podrabinek, membro do Moscow Helsinki Group arrestado pela KGB na era soviética
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A ONG mais antiga pela defesa dos direitos humanos na Rússia foi dissolvida por um tribunal enquanto Putin se esforça para reprimir os dissidentes e impedir que se revelem os crimes da era comunista.

O Tribunal da Cidade de Moscou ordenou a dissolução do Moscow Helsinki Watch Group, a mais antiga ONG de direitos humanos no país.

A interdição é parte de uma repressão generalizada das últimas grandes vozes críticas da era soviética, enquanto Putin se orgulha de conservar sua carteirinha de membro do Partido Comunista da URSS.

A Justiça russa obedeceu a ordem vinda de cima: “atendeu ao pedido do (...) Ministério da Justiça da Rússia” ordenando tirar a ONG do registro oficial das associações.

Putin retomou os métodos da velha KGB
Putin retomou os métodos da velha KGB
A ordem foi publicada pelo próprio Tribunal em comunicado no Telegram e foi citada pela agência “Euronews”.

O Ministério da Justiça dispôs “dissolver o Moscow Helsinki Watch Group e proibir suas atividades em território russo”, acusando-o de realizar atividades fora de Moscou, em violação de seu status regional, incluindo o envio de observadores a julgamentos ou de seus membros a eventos em outras partes do país.

“Espero viver até ao dia em que renasça o Moscow Helsinki Watch Group”, afirmou sem muita esperança o advogado Genri Reznik, citado pela agência russa Ria Novosti.

O Moscow Helsinki Watch Group foi criado em 1976 para garantir o cumprimento pela URSS de seus compromissos de direitos humanos, assumidos na Ata Final de Helsinque em 1975, no final da Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa.

A ONG foi liderada por décadas por Lioudmila Alexeeva, uma figura da dissidência soviética que morreu em 2018.

Ditadura do Kremlin reprime partidários da democracia
Ditadura do Kremlin reprime partidários da democracia
O procedimento contra o Moscow Helsinki Group lembra aquele que levou, no inverno passado, à dissolução da ONG Memorial, outro pilar da defesa dos direitos humanos e da memória das vítimas dos crimes soviéticos.

Após a invasão da Ucrânia, Putin acelerou a repressão aos seus críticos, multiplicando os suicídios suspeitos, fechando as mídias que não fazem coro de suas mentiras, e fechando qualquer grupo não submisso.

Entre essas normas ditatoriais, uma lei prevê até 15 anos de prisão para quem emitir expressões ou difundir informações sobre o exército russo que o regime rotula “falsas”.

A maioria das figuras da oposição está agora no exílio ou na prisão e quem responder a uma sondagem de forma não aprobatória do regime pode ser punido com dita lei.


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