domingo, 24 de novembro de 2024

Internacionalização da guerra põe o mundo em vilo

Um dos primeiros solldados norcoreanos capturados por Ucrânia
Um dos primeiros soldados norte-coreanos
que teriam sido capturados pela Ucrânia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A presença de milhares de soldados norte-coreanos na Rússia fez soar tétricos alarmes de uma internacionalização da guerra na Ucrania.

A Coréia do Norte provoca fricções bélicas com vários países vizinhos, especialmente com o Japão e o ditador da Coreia do Norte estaria angariando recursos econômicos ou militares para desestabilizar ainda mais a Ásia.

Pyongyang dinamitou estradas e vias férreas que a ligam ao Sul, enquanto a Coreia do Sul anunciou que enviará instrutores e tradutores à Ucrânia, além de novos armamentos.

As unidades norte-coreanos seriam compostas por militares de carreira fanatizados por uma ideologia delirante.

Mas, as primeiras informações falam que os soldados estariam se entregando pois o que mais desejariam é fugir da ditadura de Kim jong-un.

A Rússia, entretanto, os quer como “bucha de canhão” pois suas perdas em homens foram tão elevadas que, para substitui-los, Putin precisaria de um levantamento em massa, mas a indignação potencial da população russa lhe sugere que poderia haver um levantamento popular.

Do outro lado, o projeto ucraniano “Eu quero viver” lançou sua campanha prometendo aos norte-coreanos em sua língua que se se rendem receberão asilo em campos de prisioneiros preparados para recebê-los de forma digna e segura, tratamento respeitoso, moradia, alimentação três vezes ao dia e cuidados médicos, não valendo a pena, portanto, ir à morte que está ceifando as tropas russas.

Oito oficiais norcoreanos mortos nos primeiros engajamentos
Oito oficiais norte-coreanos mortos nos primeiros engajamentos
A Rússia ao buscar reforços de regimes como o norte-coreano está sinalizando um isolamento crescente no cenário mundial.

Nesse panorama desolador, ela está enviando ao combate soldados sem treino e procura soldados no exterior. Por vezes para servir de ‘mulas’ carregadoras de material, por causa da perda de caminhões de transporte militar.

A situação desesperadora dos russos emerge com clareza vendo que unidades decisivas são aniquiladas em virtude de péssimas táticas dos seus generais brutais e impiedosos.

Um influencer russo que tem conexões diretas com seu exército fala que os comandantes jogam os soldados em ataques suicidas para se ufanar de conquistas ante os chefes de Moscou.

Encenação para propaganda de guerra de solidariedade ruso-norcoreana, logo desmentida pela trágica realidade
Encenação para propaganda de guerra de solidariedade russo norte-coreana,
logo desmentida pela trágica realidade
Os grupos de assalto sem preparo são jogados como peões numa carnificina onde morrem em poucas horas sendo substituídos por outros novatos também sem chance de sobrevivência, sem munição, sem ordens claras e sem plano estratégico.

A situação é ainda mais crítica quando se sabe que foram são enviados a missões sem retorno, militares categorizados e experientes, como são os tripulantes de submarinos ou do único porta-aviões, aliás desativado.

É tropa de elite desperdiçada em operações com baixíssima chance de sucesso mostra um desprezo dos superiores pelas baixas e dispostos a sacrificar centenas de vidas para mostrar algum progresso.

O desgaste das tropas russas se tornou evidente e indica uma ruptura da moral interna que Moscou não consegue esconder por muito tempo.

Para Putin está em jogo a estabilidade de seu governo abalada por uma oposição dentro das forças armadas e da população civil. Tanta perda de vidas provocar uma crise interna que vai além do campo de batalha.

Missil intercontinental do tipo que a Rússia teria disparado contra a Ucrânia
Míssil do tipo que a Rússia teria disparado contra a Ucrânia
Apelando a alianças questionáveis para preencher os vazios a Rússia suscita crescentes dúvidas sobre seu futuro militar. Ela prefere tudo à confessar derrota.

Mas, se essa se torna inevitável, o ditador poderia reagir de um modo imprevisível e ferozmente cruel.

A ameaça que significou o uso de míssil balístico intercontinental contra a Ucrânia (“novo míssil balístico de alcance intermédio”, segundo Putin), e que pelo seu desenho parece feito para ser jogado contra o Ocidente se montado com carga nuclear!, foi um aviso da maior gravidade.


domingo, 17 de novembro de 2024

Putin conduz mata-mata paranoico no mundo

Assassinatos sanguinários estarrecem aos dissidentes
Assassinatos sanguinários estarrecem aos dissidentes
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






As evidências dos crimes ordenados por Putin fora da Rússia estão se acumulando, registradas algumas por Lilia Yapparova, jornalista que escreve sobre a Rússia desde a Letônia para jornais americanos, citada em post anterior. Cfr: Putin persegue, sequestra e mata opositores fora da Rússia.

Suas fontes, conservadas no anonimato prudencialmente, incluem pessoas que sobreviveram a sequestros de líderes da diáspora russa em todo o mundo, segundo reportagem do “The New York Times”. “Putin Is Doing Something Almost Nobody Is Noticing” (“Putin faz coisas que quase ninguém percebe”).

Certos países anfitriões costumam ser cúmplices das redes russas, escreveu Lilia. No Cazaquistão, serviços especiais locais cooperam com a Rússia para capturar procurados, por exemplo.

No Quirguistão, a polícia usa reconhecimento facial para localizar os procurados pelo Kremlin, que devem fugir às montanhas onde não chega o sinal.

Sergei Podsytnik, jornalista que investigava ligações militares entre a Rússia e o Irã, ficou eufórico após descobrir uma fábrica de drones recém sancionada.

Quando ele retornava a sua casa em Duisburg, Alemanha viu, espreitando na esquina, um desconhecido que seguia cada movimento seu.

Repressão de Putin não conhece limites
Repressão de Putin não conhece limites
Um colega de Podsytnik também percebeu e apelaram à polícia de Duisburg que não achou possível que os agentes da Rússia operassem na sua pequena cidade.

Porém, segundo o Dossier Center, organização de pesquisa sediada em Londres, Duisburg é um centro desde onde agentes de inteligência militar russa fazem sabotagem no exterior. Podsytnik acabou recebendo proteção.

Por vezes, exilados acabam desaparecendo sem deixar vestígios. Os desaparecimentos se deram até na porta de uma embaixada na Armênia ou de uma igreja rural na Geórgia, e reapareceram em centros de detenção russos.

Em meados de 2023, grupos civis apelaram ao Parlamento Europeu para que seja regularizado o status de pessoas que se recusaram a lutar no exército de Putin. Porém, não receberam resposta significativa.

Margarita Kuchusheva, advogada de imigração no Chipre conta que o asilo político é rotineiramente negado às vezes com argumentos monstruosamente falsos de que “a situação na Rússia é normal e você pode contar com um julgamento justo”.

Na Rússia, os opositores são frequentemente assassinados
Na Rússia, os opositores são frequentemente assassinados
As organizações de direitos humanos que tentam ajuda-los, estão à beira do fechamento por falta de fundos.

Mas a Rússia esbanja fundos para acusa-los de traição e terrorismo.

A perseguição é paranoica e se estende por todo o mundo.

O fato mais lancinante é a cumplicidade de governos que se fingem defensores do Direito, mas sorrateira ou escancaradamente simpatizam com os ogros do Kremlin, conclui Lilia.



domingo, 3 de novembro de 2024

Putin persegue, sequestra e mata opositores fora da Rússia

Lilia Yapparova não acreditava que Putin fosse tão ruim. A descoberta da verdade foi sinistra
Lilia Yapparova não acreditava que Putin fosse tão ruim.
A descoberta da verdade foi sinistra
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Lilia Yapparova, jornalista que escreve sobre a Rússia desde a Letônia para jornais americanos, foi aconselhada a não comprar comida pela Internet.

Ela achou exagerado mas levou a sério quando, apenas um mês depois, sua colega Elena Kostyuchenko foi envenenada na Alemanha, em tentativa de assassinato cometida pelo estado russo.

Sua reportagem foi publicada pelo “The New York Times”. “Putin Is Doing Something Almost Nobody Is Noticing” (“Putin faz coisas que quase ninguém percebe”)

Lilia conta que fatos como esses se tornaram rotina.

Em 2023, a jornalista investigativa Alesya Marokhovskaya, foi assediada na República Tcheca; e o corpo de Maxim Kuzminov, desertor russo, apareceu na Espanha crivado de balas. O Kremlin estava envolvido nos casos.

As figuras da oposição russa, acresce Lilia, sabem muito bem que, mesmo no exílio, continuam sendo alvos dos serviços de inteligência da Rússia.

Há também centenas de milhares de russos que abandonaram o país porque não queriam ser recrutados à força para a invasão de Ucrânia ordenada por Putin. Eles também são vigilados ou sequestrados.

Maxim Kuzminov não queria a guerra e abandonou seu helicóptero. Apareceu ametralhado na Espanha
Maxim Kuzminov não queria a guerra e abandonou seu helicóptero.
Apareceu metralhado na Espanha
A repressão acontece longe dos holofotes da grande mídia e, muitas vezes, com o consentimento tácito ou a prevenção inadequada dos países onde se refugiaram.

É uma coisa assustadora, diz Lilia: o Kremlin está caçando pessoas comuns em todo o mundo, e ninguém parece se importar e poucos ativistas de direitos humanos os ajudam.

Um fonoaudiólogo preso pelo governo “amigo” do Cazaquistão a pedido de Moscou que enlouqueceu em uma prisão local.

Um cuidador de idosos foi preso pela Interpol em Montenegro por ordens russas.

Uma professora foi detida por guardas na fronteira com Armenia após falar a seus alunos sobre os atrozes crimes dos soldados russos em Bucha, Ucrânia.

Um dono de loja de brinquedos, um alpinista industrial, uma roqueira punk: esses são outros casos pegos na rede do Kremlin, em todo o mundo.

No Reino Unido, os exilados que assistem a eventos anti-Putin em Londres percebem agentes “que se destacam facilmente em meio ao público”, segundo Ksenia Maximova, ativista anti-Kremlin.

Elena Kostyuchenko ama a Rússia. Criticou a Putin e a comida comprada na Internet estava cheia de veneno
Elena Kostyuchenko ama a Rússia. Criticou a Putin
e sua comida comprada na Internet chegou cheia de veneno
Oficiais de inteligência russos monitoram as diásporas na Alemanha, Polônia e Lituânia, diz Evgeny Smirnov, advogado especializado em casos de traição e espionagem.

Já houve emigrados russos perseguidos e ameaçados em Roma, Paris, Praga e Istambul.

Alguns métodos são pérfidos, escreve Lilia. Lev Gyammer, ativista exilado na Polônia, recebe mensagens de texto há dois anos, de sua mãe muito aflita pela sua ausência e que clama por seu retorno. Só que a mãe de Lev, Olga, morreu há cinco anos.

Outro expatriado russo na Finlândia cujos pais são muito idosos e doentes acreditou no telefonema da cuidadora sobre um incêndio no apartamento dos pais.

Ele foi correndo e acabou sendo levado para a prisão e torturado. Nunca houve incêndio nenhum, foi enganação mortal da polícia secreta.