domingo, 10 de março de 2019

Os comandos assassinos da Rússia

Maxim Borodin (direita) incomodou o Kremlin investigando o 'exército privado de Putin' na Síria. Apareceu morto em circunstâncias reveladoras.
Maxim Borodin (direita) investigou a ação do 'exército privado de Putin' na Síria.
Apareceu morto em circunstâncias reveladoras.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A misteriosa morte do jornalista de investigação russo Maxim Borodin, que apareceu na rua após cair de um quinto andar na sua cidade de Ekaterimburgo, região centro-oriental da Rússia, soou a um assassinato encomendado por causa de suas investigações sobre a atividade de mercenários russos na guerra da Síria, escreveu “Clarín” de Buenos Aires.

A polícia estadual de Sverdlovsk sugere que foi um suicídio, malgrado reconheceu não ter achado sinal algum nesse sentido.

Mas, Polina Rumiantseva, chefe de redação da agência de notícias Novy Den, onde trabalhava Borodin, acha que não houve nada do que a polícia diz.

Um amigo de Borodin, Vyacheslav Bashkov, contou em Facebook que nessa tarde o jornalista alertou que seu prédio estava rodeado por “membros das forças de segurança” com roupa camuflada e mascarados.



Segundo Bashkov, Borodin lhe falou que havia “alguém com uma arma na sacada de seu apartamento” e nas escadas do prédio.

O jornalista achava que iriam vasculhar seu apartamento posto que a Justiça ainda não havia autorizado processo algum contra ele. Na madrugada do dia seguinte apareceu agonizando na rua.

Borodin tinha denunciado crimes e corrupção no governo, especialmente de alguns membros da nomenclatura putinista e membros da Igreja Ortodoxa russa.

O fato determinante teria sido divulgar dados sobre as mortes de mercenários russos na Síria.

Arubeh Barakat, 60, e sua filha Halla Barakt, 22, foram degoladas em Estambul. Contrariavam a política de Putin na Síria
Arubeh Barakat, 60, e sua filha Halla Barakt, 22, foram degoladas em Estambul.
Contrariavam a política de Putin na Síria
Em concreto, membros “da milícia privada” Wagner, grupo armado a serviço de Putin que poucas semanas depois apareceu como guarda pessoal do ditador Maduro na Venezuela. Cfr: "Exército privado de Putin" desce na Venezuela

Segundo Borodin, em 7 de fevereiro, uma unidade dessa milícia atacou um grupo de rebeldes sírios apoiados pela coalizão liderada pelos EUA. A reação americana foi fulminante e mais de 200 mercenários russos acabaram perecendo. O Kremlin negou que a derrota fosse de natureza militar.

O crime reavivou a preocupação pelas sombrias operações da “Wetwork”, seção de espiões assassinos encarregados dos serviços sujos, segundo “Clarín”.

Em 22 de setembro de 2018 duas mulheres sírias, Arubeh Barakat, de 60 anos, e sua filha Halla Barakt, de 22, foram enforcadas e degoladas em Üskudar, Istambul, onde viviam refugiadas.

As duas mulheres eram militantes dos direitos humanos contrárias ao ditador sírio Bashar al Assad.

Os algozes agiram com grande precisão e com crueldade calculada para a que “mensagem” chegasse aos opositores pró-americanos.

Em 8 de setembro 2018, os espiões fizeram explodir no centro de Kiev, o carro de Timur Mahauri, checheno com cidadania georgiana. Mahauri lutava com as tropas ucranianas contra as milícias separatistas e russas que invadiram o leste da Ucrânia.

No jargão dos serviços de inteligência russos, esses crimes são denominados “wetwork” (“trabalho húmido”) porque implica derramar sangue.

A KGB soviética foi pioneira nessa ferocidade. As práticas hoje são as mesmas, mas engenhosamente aperfeiçoadas.

Protesto pela eliminação da escritora Anna Politovskaya, Moscou
Em 2006, em Londres, o opositor Alexander Litvinenko morreu lentamente sob efeito de uma radiação aguda de Polônio 210 misturado numa xícara de chá.

A jornalista Anna Politovskaya foi metralhada no ascensor de seu apartamento em Moscou.

Em julho de 2016 o jornalista bielorrusso Pavel Sheremet, que cometera o delito de criticar o governo de Moscou voou pelos ares após explodir uma bomba “pegajosa” sob seu carro.

Meses depois, o jornalista Alexander Shchetinin que também criticava a Vladimir Putin foi assassinado com uma bala na cabeça na sacada de sua casa em Kiev.

A mais recente operação de algozes russos visou a Denis Voronenkov, ex legislador do Partido Comunista da Rússia oposto a Putin e refugiado na Ucrânia.

Ele foi morto a queima-roupa no centro de Kiev, mas seu guarda-costas derrubou o matador que pode ser identificado.

Mas esses organizações político-criminosas agora receberam ordem de agir na América do Sul. Cfr: "Exército privado de Putin" desce na Venezuela


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