domingo, 26 de janeiro de 2025

Rússia sabota os cabos submarinos da Internet

O Eagle S, suspeito de trabalhar para a 'frota fantasma' da Rússia
O Eagle S, suspeito de trabalhar para a 'frota fantasma' da Rússia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A Rússia está sabotando os cabos submarinos da Europa com uma organização de estilo “paramilitar”, disse James Appathurai, Secretário-Geral Adjunto para a Inovação Híbrida e Cibernética da NATO.

Essa é “a ameaça mais ativa” para as infraestruturas ocidentais, disse o especialista senior da NATO no Europe Conversation da Euronews.

Appathurai acha que os recentes ataques aos cabos de comunicação por parte da Rússia mostram um crescimento significativo das interferências cibernéticas, híbridas e outras que Moscou pratica contra a Europa.

No início de novembro (2024), foram cortados dois cabos no Mar Báltico entre a Suécia e a Lituânia, e outro entre a Alemanha e a Finlândia, o que alarmou a NATO, vistas as características de sabotagem.

“Há décadas os russos têm um programa de Investigação Submarina, que é uma estrutura paramilitar, muito bem financiada, que mapeia todos os nossos cabos e dutos de energia”, alertou Appathurai.

Eles usam “navios de investigação”, pequenos submarinos, veículos não tripulados operados remotamente, mergulhadores e explosivos, disse ele à agência de informações Euronews da UE.

Ninguém acredita que os cabos tenham sido danificados acidentalmente. Também não quero acreditar que as âncoras dos navios tenham causado os danos por acidente”, disse o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorious, se referindo às escusas do Kremlin.

Como se corta um cabo submarino de internet
Como se corta um cabo submarino de internet
O Ministro da Defesa finlandês, Antti Häkkänen, diz que a NATO deve fazer muito mais para defender as infraestruturas críticas do Ocidente, enquanto que a Suécia está investigando a ruptura dos cabos.

A Rússia está atacando sistematicamente a arquitetura de segurança europeia”, denunciaram os ministros dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, França, Polônia, Itália, Espanha e Reino Unido numa declaração conjunta.

A escalada das atividades híbridas de Moscou contra os países da NATO e da UE não tem precedentes na sua variedade e escala, criando riscos de segurança significativos”, lê-se no documento.

Cerca de 90% dos dados de comunicações digitais do mundo passam pelos cabos submarinos, além de cerca de 10 bilhões de euros em transações financeiras. As infraestruturas submarinas críticas incluem conectores de eletricidade e dutos que fornecem petróleo e gás vitais para os países europeus.

Segundo Appathurai, os ciberataques, a desinformação e a interferência política russa estão aumentando “em maior escala do que era anteriormente. Há um novo apetite russo na campanha de sabotagem”, disse.

“Isso significa atentados incendiários, descarrilamento de comboios, ataques a propriedades de políticos, tentativas de assassinato, por exemplo, o chefe da Rheinmetal” o maior fabricante alemão de armas, que fornece à Ucrânia importantes cartuchos de artilharia de 155 mm.

O plano de assassinato do industrial foi frustrado pelos serviços secretos norte-americanos. Mas, fazia parte de um plano mais vasto para atingir os líderes da indústria de defesa que abastecem a Ucrânia.

Guarda Costeira finlandesa investiga petroleiro russo perto de Porkkalanniemi
Guarda Costeira finlandesa investiga petroleiro russo
perto de Porkkalanniemi
A polícia finlandesa e os guardas de fronteira detiveram o petroleiro Eagle S. O navio navegava sob a bandeira das Ilhas Cook e faz parte da “frota fantasma” para ajudar a Rússia a escapar das sanções internacionais.

“Revistamos o navio, falamos com a tripulação e coletamos provas”, disse Robin Lardot, da agência nacional de investigação finlandesa pois o navio foi detido em águas territoriais finlandesas.

Em 25 de dezembro foi desconectada a conexão de corrente contínua EstLink 2 entre a Finlândia e a Estônia. As suspeitas rapidamente se concentraram no Eagle S, que havia partido do porto russo de São Petersburgo.

O governo da Estônia fez uma sessão de emergência sobre o incidente. Os petroleiros paralelos “estão ajudando a Rússia a obter fundos que ajudarão a seus ataques híbridos, disse a primeira-ministra Kristen Michal em entrevista coletiva.

“Os danos repetidos nas infraestruturas do Mar Báltico indicam uma ameaça sistémica, e não meros acidentes”, acrescentou o presidente da Estônia, Alar Karis, em X.

Hipótese semelhante de sabotagem foi levantada em novembro de 2023, depois de um gasoduto submarino entre a Finlândia e a Estônia ter sido danificado. A investigação policial finlandesa apontou a causa na âncora do porta-contentores New Polar Bear, que navegava sob bandeira de Hong Kong.

Por sua vez, o navio de carga russo “Ursa Major” afundou no Mediterrâneo depois que uma estranha explosão na sua casa de máquinas, anunciou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, noticiou “La Nación”.

A catástrofe iminente dos cabos submarinos
A catástrofe iminente dos cabos submarinos
O navio, construído em 2009, era controlado pela Oboronlogistika, empresa que faz operações de construção militar do Ministério da Defesa da Rússia e que já dizia ao porto de Vladivostok, no extremo leste da Rússia, com dois gigantescos guindastes portuários.

A Oboronlogistika e a SK-Yug, empresas proprietárias e operadoras do navio, foram sancionadas pelos EUA em 2022 pelos seus laços com os militares russos.

O navio fora filmado previamente inclinando-se fortemente para estibordo, e mais provavelmente se dirigia a Tartus para evacuar equipamento militar.

O Serviço de Resgate Marítimo da Espanha recebeu um sinal de socorro do “Ursa Maior” quando estava a 92 quilômetros de Almeria.

A tripulação disse que o navio transportava contentores vazios, e dois guindastes portuários. Após os barcos de resgate chegou um navio de guerra russo e assumiu as ações, no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

Assim, o “Ursa Maior” foi ao fundo do mar sem revelar tudo o que levava.



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