domingo, 25 de fevereiro de 2024

Loucura ditatorial na Rússia de Putin

Poetas punidos com 5 e 7 anos de cárcere por poesia contra a guerra na Ucrânia
Poetas punidos com 5 e 7 anos de cárcere
por poesia contra a guerra na Ucrânia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Putin governa Rússia desde 1999. Nesses anos ficou excluída qualquer oposição séria, mas a repressão se acelerou desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Nos últimos dois anos, milhares de russos, opositores ou cidadãos comuns, foram condenados pelos tribunais por terem criticado a ofensiva contra a Ucrânia. Às vezes com penalidades particularmente severas, noticiou a TV “France 24”.

Artiom Kamardine e Iegor Shtovba foram presos em setembro de 2022 após participarem de uma leitura pública em Moscou, na Praça Triumfalnaya, perto do monumento ao poeta Vladimir Mayakovsky, ponto de encontro de dissidentes desde os tempos soviéticos.

No dia seguinte, ele foi preso durante uma busca em sua casa, durante a qual alegou ter sido espancado e estuprado por policiais.

Processados inicialmente por “incitamento ao ódio”, os dois poetas foram depois também acusados de “apelos públicos à realização de atividades contra a segurança do Estado”.

“Vergonha” gritavam os apoiadores de Artiom Kamardine, 33 anos, e de Iegor Chtovba, 23 anos, no anúncio deste julgamento, a esposa do primeiro gritando-lhe que o amava, notou um jornalista da AFP presente na audiência.

Centenas foram presos pondo flores em memorial a Navalny. Mais de 200 sofreram penas
Centenas foram presos pondo flores em memorial a Navalny.
Mais de 200 sofreram penas
“É uma arbitrariedade absoluta!”, exclamou o pai de Artiom Kamardine, Yuri. Várias pessoas foram presas pela polícia fora do tribunal após o julgamento dos dois homens.

“Todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que outros. Nossos filhos se mostraram desiguais na luta contra eles”, brincou sua mãe, Elena.

Pouco antes de a sentença ser pronunciada, Artiom Kamardine leu alguns versos sobre poesia, o que segundo ele permite “quebrar o silêncio” e “colocar as tripas na mesa”. “A poesia é a vitória sobre o tempo e o caminho do prisioneiro, do cativo”, recitou.

Ele também disse à imprensa que “não desistiu” e não “se arrependeu”. “Muitas pessoas da cultura que admiro tiveram experiências na prisão”, disse ele.

Durante a leitura da sentença, Artiom recitou o poema “Mate-me, miliciano!”, hostil aos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.

“Não sou um herói e ir para a prisão pelo que penso nunca fez parte dos meus planos”, disse Artiom ao tribunal no seu discurso final, publicado no Telegram pelos seus simpatizantes.

Implorando ao juiz que o deixasse “voltar para casa”, prometeu em troca manter distância de qualquer “assunto delicado”.

Sua esposa, Alexandra Popova, lamentou à AFP uma sentença “muito severa”. “Sete anos para poesia, por uma ofensa não violenta”, ressaltou.

Prisão é o destino de quem não opina como Putin
Prisão é o destino de quem não opina como Putin

“Por mais que quiséssemos acreditar no fundo que as coisas seriam mais tranquilas, mais fáceis”, era “uma loucura ter esperança”, continuou ela. “Se tivéssemos tribunais normais, esta situação não existiria.”

Ela foi levada pela polícia após falar com a imprensa.

Um terceiro poeta, Nikolai Daïneko, preso na mesma época, foi condenado a quatro anos de prisão em maio, segundo o OVD-info.

A Rússia tem vindo a suprimir vozes críticas durante anos, mas a campanha de repressão assumiu proporções consideráveis com o lançamento da ofensiva contra a Ucrânia.

De acordo com o OVD-Info, quase 20.000 pessoas foram presas na Rússia por se oporem ao conflito na Ucrânia desde fevereiro de 2022. A ONG Memorial lista 633 presos políticos atrás das grades, informou “La Nación”.

Em novembro, a artista Alexandra Skotchilenko, detida em abril de 2022, foi condenada a sete anos de prisão por substituir etiquetas de preços num supermercado com mensagens denunciando a ofensiva na Ucrânia.

A artista Alexandra Skotchilenko presa pelo crime de deixar dizeres em supermercado contra a guerra na Ucrânia
A artista Alexandra Skotchilenko presa pelo crime de deixar dizeres
em supermercado contra a guerra na Ucrânia
Um estudante de Yaroslavl, um artista em São Petersburgo, um engenheiro em Kaliningrado, um professor aposentado na Buriácia, um escritor na região de Krasnodar... Na Rússia, todos os dias aumenta a lista de cidadãos perseguidos por “apologia do nazismo”, “extremismo” ou “difamação do Exército”.

De acordo com uma nova lei em vigor desde março de 2022, todos podem ser condenados. Mas a repressão é particularmente dura contra os intelectuais.

Entre 24 de fevereiro de 2022, data da invasão da Ucrânia, e 3 de dezembro de 2023, 19.884 pessoas foram detidas por manifestarem oposição à guerra, segundo a ONG russa OVD-Info, especializada no monitoramento de detenções e brutalidades policiais.

As sentenças vão de seis, sete, oito a até 25 anos de prisão. A pena mais dura foi infligida ao oposicionista Vladimir Kara-Mourza.

Yegor Balazeïkine (17 anos), foi condenado em novembro de 2023 a seis anos de prisão por um tribunal militar de São Petersburgo, por ter tentado atear fogo a um centro de recrutamento.

Quase 300 mulheres e homens se apinham nas celas, sejam opositores, simplesmente perseguidos, Testemunhas de Jeová ou tártaros da Crimeia.

A ONG de direitos humanos Memorial, aliás interditada e que teve fechados os seus museus dos Gulags soviéticos, estima que há um total de 1.352 presos políticos.

Comparado com os 144 milhões que constituem a população russa, o número pode parecer modesto. O problema é que aumenta exponencialmente.

Segundo a mesma organização, antes de Mikhail Gorbachev chegar ao poder, os presos políticos não ultrapassavam os 700.

“A repressão não faz distinção de idade ou profissão: pode ser uma aposentada ou uma jovem sem influência. A mensagem que o Kremlin envia é que ninguém está seguro”, afirma Olga Prokopieva, porta-voz da Rússia-Liberdades.

“E as penas são muito duras. Ao mesmo tempo, os criminosos são perdoados (prisioneiros recrutados nas prisões para sedrem enviados à “moedora de carne na frente ucraniana). É assustador”, acrescenta.

Ela reconhece, no entanto, que o poder putinista exerce uma repressão particular contra os intelectuais.

Na região de Tver, por exemplo, a produtora audiovisual Ludmila Razumova (56 anos) foi condenada a sete anos de colônia penal juntamente com o marido por ter publicado um vídeo nas redes sociais sobre “o uso das Forças Armadas Russas para destruir cidades e civis da Ucrânia”.

Jornalista Maria Ponomarenko condenada por ser contra a invasão da Ucrânia
Jornalista Maria Ponomarenko condenada por ser contra a invasão da Ucrânia
O casal também foi acusado de atos de “vandalismo” porque pintou a inscrição “Ucrânia, perdoe-nos” na parede de uma empresa. Mãe de três filhos, Ludmila passou um ano isolada.

A jornalista da RusNews Maria Ponomarenko (45 anos) foi condenada a seis anos de prisão por um artigo sobre o bombardeio do teatro dramático de Mariupol, na Ucrânia.

Ela foi presa em abril de 2022, em São Petersburgo e depois foi transferida a 4 mil quilômetros de distância para o centro de detenção provisória de Barnaul, na região de Altai.

Em março de 2023 foi encaminhada a um hospital psiquiátrico por se recusar a se despir na frente da polícia, e mais uma segunda vez em outubro. Pouco depois foi apresentada à força perante uma comissão disciplinar, descalça e algemada, por ter “pisado nos pés” dos agentes penitenciários.

Tal como nos tempos da União Soviética, os juízes e as administrações penitenciárias recorrem cada vez mais à psiquiatria punitiva. Muitos presos políticos também sofrem maus-tratos, tortura e privação de cuidados médicos.

Boris Akunin, um dos escritores russos mais famosos, foi rotulado de “terrorista” e suas obras foram retiradas da venda.

Dois anos depois do lançamento da “operação militar especial” de Putin contra Ucrânia, a armadilha judicial fechou-se em torno deste ensaísta e romancista que, com a sua caneta amarga, critica Vladimir Putin e denuncia “a guerra” (é crime chamar assim a “operaçao especial”, termo oficial).

Rosfinmonitoring, a agência federal de inteligência financeira, incluiu Akunin no registro de terroristas e extremistas. A polícia revistou as edições de Zakharov que distribuem os seus livros, e uma investigação de “difamação” do exército forçou as livrarias a retirar “As Aventuras de Eraste Fandorin” e todos os seus outros best-sellers dos seus catálogos.

Poeta foi surrado e violado por ler poesia anti-guerra
Poeta foi surrado e violado por ler poesia anti-guerra
Akunin vive exilado em Londres desde 2014 e acompanha à distância esta crescente onda de repressão contra os detratores do Kremlin.

“A loucura venceu”, lançou ele em 24 de fevereiro de 2022, descrevendo a ofensiva militar russa na Ucrânia como uma “guerra do absurdo”. Ele tampouco conteve as críticas a Putin: “A Rússia é liderada por um ditador que é mentalmente desequilibrado e, pior ainda, obedece à sua paranóia”, declarou.

No exílio, co-fundou o projeto “Nastoïachtchaïa Rossia” (Verdadeira Rússia) com outras personalidades culturais que fugiram do país.

“A repressão tornou-se intermina. A qualquer momento a lâmina pode cair sobre qualquer um de nós”, confidencia outra figura da autoproclamada “classe criativa anti-Putin”.

Por questões de segurança, este renomado escritor prefere permanecer anônimo porque, ao contrário de Boris Akunin, decidiu continuar morando na Rússia.

“É o meu país. Não é minha função partir. Mas escrever sobre o atual ambiente de guerra e repressão é impossível”, lamenta.

Quando pode, aproveita as bolsas europeias para deixar a família na Rússia e passar algumas semanas no estrangeiro.

Circularam mensagens nas redes sociais russas acusando-o de traição e extremismo, e de ser “um agente estrangeiro” devido aos seus contactos ocidentais.

Artistas renomadas aguardam julgamento
Artistas renomadas aguardam julgamento
“Tudo pode começar com trolls na internet e terminar em processos judiciais reais. Nós, intelectuais, estamos diretamente ameaçados”, confirma.

Evguenia Berkovitch, conhecida diretora de teatro, aguarda seu julgamento desde o verão. Oficialmente, ela é acusada de “defender o terrorismo” depois de um programa sobre o destino de mulheres recrutadas por islâmicos sírios.

Mas o seu grande pecado foi denunciar o Kremlin e sua ofensiva militar. No entanto, um público bastante jovem e intelectual tem a coragem de frequentar o pequeno teatro independente onde são apresentadas as suas obras, numa Moscou quase subterrânea.

Poucos dias antes do Natal, uma de suas criações terminava com um poema de outro autor: “Não vale a pena escrever, não vale a pena ler, é impossível acabar com a guerra ou começar a viver. Já é noite e você não consegue ver quase nada. A grama está coberta por uma névoa impenetrável”.


domingo, 18 de fevereiro de 2024

Morte de Navalny e vertigem de fraudes eleitorais

Alexei Navalny foi alastrado de cárcere em cárcere até morrer
Alexei Navalny foi alastrado de cárcere em cárcere até morrer
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Putin já aprontou tudo para ser eleito presidente pela enésima vez e pelas mesmas tenebrosas vias. Seu principal opositor Alexeï Navalny desaparecera da colônia penal de Vladimir, 250 quilômetros a leste de Moscou, onde estava preso.

Seu advogado e familiares não tinham notícias dele até que após três semanas de buscas em que as autoridades putinistas diziam não saber de nada foi achado na colônia penal número 3, noticiou “Paris Match”.

O cárcere fica em Kharp, Yamalo-Nenetsia, uma região remota no norte da Rússia é inacessível, para além do Círculo Polar Ártico. No local estão localizadas várias colônias penais herdadas do Gulag soviético de sinistra memória.

Nela apareceu morto quando contava com apenas 47 anos. Morte misteriosa em que o corpo apareceu com hematomas múltiplos, segundo o jornal independente “Novaya Gazeta Europa”, retransmitiu “El Mundo”.

O governo alegou diversas versões do falecimento e não queria entregar o corpo à família.

Numerosas autoridades do mundo como o presidente dos EUA responsabilizaram Putin pela surpreendente morte do opositor. O aparente crime oficial acirrou as já difíceis relações econômicas e militares entre Rússia e o Ocidente.

Ativista carismático anticorrupção e inimigo número um de Vladimir Putin, Navalny cumpria pena de 19 anos de prisão por “extremismo”.

Colônia penal de  Kharp, Yamalo-Nenetsia, onde acabou morto Alexei Navalny
Colônia penal de  Kharp, Yamalo-Nenetsia, onde acabou morto Alexei Navalny
Ele foi encarcerado em janeiro de 2021 ao retornar de uma convalescença na Alemanha por um veneno ded uso exclusivo da polícia política de Putin: a FSB, herdeira da KGB.

Um de seus associados, Ivan Zhdanov, explicou que é “um dos assentamentos mais setentrionais e remotos” da Rússia. “As condições lá são difíceis”, explicou no X. “É muito difícil chegar lá e não existe sistema de distribuição de cartas ou (acesso telefônico)”, acrescentou.

O veredicto de “extremismo” condenou Navalny a um “regime especial” em um estabelecimento onde as condições de detenção são mais duras, e onde v os mais perigosos prisioneiros para o regime purgam prisão perpétua.

“Desde o início ficou claro que as autoridades queriam isolar Alexei, em particular antes das eleições presidenciais” marcadas para março de 2024, reagiu Ivan Zhdanov.

As transferências de uma colônia penal para outra na Rússia levam várias semanas e os parentes dos detidos não são ouvidos durante esse período.

A Casa Branca disse estar “muito preocupada” e exigiu mais uma vez a libertação do opositor, sem eco algum. O movimento de Navalny foi metodicamente erradicado nos últimos anos pelas autoridades. Seus colaboradores e aliados foram empurrados para o exílio ou a prisão.

Oferenda floral a Navalny num local público da Rússia.
Oferenda floral a Navalny num local público da Rússia.
O seu Fundo Anticorrupção foi declarado “extremista” em 2021 e se aproximava a eleição, a polícia dou prender a sua diretora, Maria Pevtchikh, que fugiu para o estrangeiro.

Perante uma oposição esmagada e a repressão de qualquer voz crítica no país, Vladimir Putin ambiciona um novo mandato de seis anos no Kremlin que o levará até 2030, ano em que assumirá o poder com 78 anos.

Desde o primeiro cárcere, Navalny convocou os russos para protestarem contra a invasão da Ucrânia ordenada pelo presidente Vladimir Putin.

Por isso, muitos dos seus apoiadores temiam o pior, aliás já acontecido a varias dezenas de oligarcas que apareceram suicidados do modo mais suspeito, escreveu “Clarín”.

Dezenas de manifestantes anti-guerra foram detidos em São Petersburgo após pedirem a paz e o retorno dos soldados desaparecidos na Ucrânia. Após a morte, ou assassinato, de Navalny em ruas de muitas cidades russas foram erigidos monumento florais em sua memória.

A polícia prendeu com violência a pelo menos 400 pessoas que foram a depositar uma flor em algum desses monumentos simbólicos.

A Comissão Eleitoral Russa também descartou a candidatura presidencial da ex-jornalista televisiva e ex-deputada municipal Iekaterina Duntsova, informou “Le Monde”.

Iekaterina Duntsova ex-deputada contrária à guerra na Ucrânia foi desqualificada pelo TSE russo por ser muito jovem
Iekaterina Duntsova ex-deputada contrária à guerra na Ucrânia
foi desqualificada pelo TSE russo por ser muito jovem
A Comissao arguiu “erros” no de registro, segundo informou no Telegram a equipe de campanha da desqualificada, três dias depois ela solicitar o registro no tribunal eleitoral.

A presidente da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova, declarou que foi rejeitada por unanimidade a candidatura desta mulher de 40 anos dizendo que a candidata “é uma jovem, tem toda uma vida pela frente”.

Yekaterina Duntsova propunha acabar com a guerra na Ucrânia e libertar os prisioneiros políticos, posição que contradiz a Putin.

Quase todos os principais opositores foram presos ou levados ao exílio, e milhares de russos comuns foram processados e multados ou presos por expressarem o seu desacordo com o Kremlin.

A vitória de Vladimir Putin era indubitável mas o Tribunal Eleitoral não quis deixar nem mesmo uma pálida sombra de oposição rejeitando a candidatura de Boris Nadejdin, o único candidato anti-Putin que ainda sobrava.

O opositor anunciou-o no início de fevereiro, uma semana depois de ter apresentado 105 mil assinaturas necessárias para concorrer, informou o “Huffpost”.

Boris Nadejdin criticou Putin e foi declarado 'não-candidato'
Boris Nadejdin criticou Putin e foi declarado 'não-candidato'

Boris recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça sabendo que sua sorte estava decidida no Kremlin.

O Tribunal Eleitoral achou que 15% das assinaturas apresentadas eram “errôneas”.

Nadejdin é um antigo deputado liberal e discreto veterano da vida política que podia canalizar as esperanças dos russos opostos às políticas do Kremlin, após a supressão de outras figuras da oposição, todas elas hoje no exílio ou na prisão.

“Dezenas de milhões de pessoas iriam votar em mim. Estou em segundo lugar, atrás de Putin!”, proclamou perante o Tribunal Eleitoral. Essas palavras selaram sua perdição final

Ele prometia parar o “pesadelo” da ofensiva na Ucrânia, pôr fim à “militarização” da Rússia e libertar “todos os presos políticos” como o opositor Alexeï Navalny encarcerado no Ártico em local inacessível.

Nenhuma outra figura anti-Putin havia se arriscado a assumir essas causas sem ser punida.

A polícia russa prendeu centenas de pessoas que foram depositar flores por Navalny
A polícia russa prendeu centenas de pessoas que foram depositar flores por Navalny
O Kremlin desprezava-o: “não o consideramos um concorrente”, disse Dmitri Peskov, porta-voz do presidente russo. E o Tribunal aceitou a vontade do mestre, como nos tempos da falida URSS.

Com boa antecipação Putin estava creditado com cerca de 80% (não com mais de 100% como Fidel Castro) das intenções de voto, segundo sondagens que obviamente não podem dar resultados negativos para o ditador. Esse está no poder desde 1999.



domingo, 24 de dezembro de 2023

Santo Natal e Feliz Ano Novo ! Pela salvação da Ucrânia e pela conversão da Rússia



Natal nas trincheiras da Ucrânia martirizada pelo invasor russo
Natal nas trincheiras da Ucrânia martirizada pelo invasor russo

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs

domingo, 3 de dezembro de 2023

Batalhões de extermínio de russos sob Putin

Ex-soldados dos 'Storm Z' revelaram o trato criminoso de seus chefes
Ex-soldados dos 'Storm Z' revelaram o trato criminoso de seus chefes.
Na foto: prisioneiro russo fala
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Centenas de presos militares e civis foram incorporados em unidades penais russas conhecidas como esquadrões “Storm Z” (Tempestade Z) enviados propositalmente para morrer nas frentes na Ucrânia.

Assim revelaram 13 pessoas familiarizadas com o assunto, incluindo cinco combatentes dessas unidades, narrou relatório publicado por “La Nación”.

Os esquadrões “Storm Z” são empurrados para a primeira linha de fogo sem treinamento nem armamento adequado e poucos sobrevivem para contar o que lhes aconteceu.

Este método de punição foi instituído pelo cruel Stalin para suprimir dissidentes, soldados insubordinados e presos das cárceres.

“Os combatentes das tropas de assalto nada mais são do que carne”, declarou acabrunhado um soldado regular da unidade 40318 do Exército russo que é médico.

Ele foi destacado em maio e junho de 2023 perto da disputada cidade de Bakhmut, onde teriam morrido milhares de soldados russos em condições espantosas.

O militar disse ter prestado tratamentos médicos a um grupo de seis ou sete combatentes da “Storm Z” feridos no campo de batalha.

'Sorm Z' são enviados ao 'moedor de carne'
'Sorm Z' são enviados ao 'moedor de carne'
Por causa disso, desobedeceu ordem de um comandante – cujo nome não sabia – de os abandonar para morrerem desesperados.


Ele contou que a ordem do comandante mostrava que os oficiais consideravam os combatentes da unidade “Storm Z” como subhomens de menor valor do que as seres comuns.

O soldado, que pediu anonimato porque temia ser processado na Rússia por falar do caso, tinha pena dos feridos.

“Se os comandantes pegam alguém com cheiro de álcool no hálito, eles imediatamente o enviam para os esquadrões Storm”.

Mas o álcool é um vício generalizado na Rússia, e é reforçado pelas condições calamitosas em que vivem os soldados enviados a invadir um país que não conhecem e até simpatizam com ele.

A Reuters procurou um oficial da unidade 40318, mas esse se recusou a comentar as práticas da “Storm Z”. O Kremlin desviou as perguntas da Reuters para o Ministério da Defesa russo, que não respondeu.

A mídia russa controlada pelo Estado reconhece a existência de esquadrões “Storm Z”, mas oculta as baixas que sofrem, particularmente importantes pelo seu caráter de “unidades de extermínio” dos indesejados na Rússia.

A agência de notícias Reuters foi a primeira a compilar um relatório abrangente sobre como os esquadrões são formados e mobilizados.

Soldados de 'Storm Z' não querem ir ao combate
Soldados de 'Storm Z' não querem ir ao combate
A Reuters coletou os dados depois de falar com muitas fontes com conhecimento direto do que está acontecendo nas fileiras russas.

Outras 13 pessoas entrevistadas – incluindo quatro familiares de integrantes das unidades e três militares regulares que interagiam com os esquadrões – solicitaram anonimato, por medo de represálias.

A Reuters verificou as identidades de todos os combatentes envolvidos usando antecedentes criminais, contas de redes sociais e conversou com seus colegas militares e suas famílias.

Putin continua com as práticas inumanas ditadas por Stalin, de quem é declarado admirador, ainda quando seus agentes de propaganda o apresentam no Ocidente como um líder mundial conservador, pela vida, pela família e pelo bem da humanidade.



domingo, 26 de novembro de 2023

“Guerra híbrida” da Rússia usando migrantes

Finlândia fecha fronteiras a asiáticos e norteafricanos usados como massa de invasão pela Rússia
Finlândia fecha fronteiras a asiáticos e norteafricanos usados como massa de invasão pela Rússia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A Finlândia fechou quase todos seus pontos fronteiriços com a Rússia acusando Moscou de tentar desestabilizar o país ao permitir que migrantes indocumentados atravessassem a fronteira, noticiou “Yahoo!Actualités”.

A Finlândia partilha uma fronteira de 1.340 km com a Rússia e assiste a um afluxo de migrantes isentos de visto por Moscou.

O estranho é que essas ondas migratórias provêm do Médio Oriente e de África, particularmente do Iraque, da Somália e do Iêmen, e teriam sido encaminhadas pelo Kremlin como parte de uma “guerra híbrida”.

“O governo tomou a decisão de fechar os pontos de passagem de Vaalimaa, Nuijamaa, Imatra e Niirala”, disse a ministra do Interior finlandesa, Mari Rantanen.

Como africanos e meio-orientais teriam atravessado a imensa distância saindo de regiões quentes para fronteiras geladas sem um estimulo e apoio material do governo russo?

O encerramento de quatro pontos da fronteira no sudeste deixa aberto apenas uma passagem muito a norte. Ele deveria continuar até 18 de fevereiro de 2024, com o estudo dos pedidos de asilo concentrado em dois centros, mas a data foi adiantada para dezembro 2023.

Migrantes asiáticos e norteafricanos querem entrar na Finlândia vindos da Rússia
Migrantes asiáticos e norteafricanos querem entrar na Finlândia vindos da Rússia
O governo finlandês suspeita que Moscou tenta desestabilizar o país porque aderiu a NATO em abril 2023.

Preparamo-nos para diferentes tipos de ações, atos maliciosos por parte da Rússia, por isso a situação não é uma surpresa”, disse o primeiro-ministro Petteri Orpo.

“Queremos que este fenômeno pare, queremos que a atividade fronteiriça volte ao normal”, acrescentou. “Se a situação se espalhar para outros pontos de passagem e se tornar mais difícil, tomaremos as medidas necessárias”.

“Este desenvolvimento negativo dos acontecimentos levará naturalmente a medidas retaliatórias”, respondeu o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Trata-se do surgimento de novas divisões na Europa que não resolvem nada, mas levantam novas questões problemáticas”, disse a porta-voz Maria Zakharova, à agência Tass.

Para Henri Vanhanen, investigador do Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais, “a Finlândia envia a mensagem à Rússia de ter a coragem política de tomar medidas adicionais se necessário”.

O Kremlin prometeu tomar “contramedidas” após a adesão da Finlândia a NATO, qualificando a expansão da aliança ocidental como um “ataque à segurança” da Rússia.

Estônia montou um plano para deter a imigração de massa ilegal empurrada pela Rússia
Estônia tem plano para conter
a imigração de massa ilegal empurrada pela Rússia
O alcance destas contramedidas “é limitado apenas pela imaginação”, disse o finlandês Vanhanen à agência AFP, citando ações de desinformação, ameaças de desastres ambientais ou obstáculos à liberdade de circulação no Mar Báltico.

“Esse tipo de ações maliciosas, que permanecem abaixo do limiar da guerra, são aplicadas onde funcionam”, explicou o especialista. É uma guerra camuflada – a famosa “guerra híbrida” – posta em prática por Moscou.

Cerca de 280 requerentes de asilo apresentaram-se na fronteira russo-finlandesa desde setembro, segundo a guarda costeira, mas “os números não são o problema”, observou o ministro do Interior.

“Este é um caso em que temos indicações e informações de que as pessoas estão a ser manipuladas para entrar na Finlândia", disse ele.

A vizinha Noruega, que tem um posto fronteiriço com a Rússia no extremo norte, disse, através da sua ministra da Justiça, Emilie Enger Mehl, que está pronta para fechar a sua fronteira “se necessário, num curto espaço de tempo”.

Estônia monta obstáculos à 'guerra híbrida' com a imigração ilegal feita pela Rússia
Estônia monta obstáculos à 'guerra híbrida' com a imigração ilegal feita pela Rússia
Durante a crise migratória de 2015, milhares de migrantes isentos de visto cruzaram a fronteira entre a Rússia e a Noruega de bicicleta.

O influxo foi visto pelos especialistas como uma tentativa de desestabilização enquanto, do lado russo, é difícil entrar na zona fronteiriça, vigiada de perto pelo FSB (Segurança do Estado Russo), sem autorização.

Por sua vez, o ministro do Interior da Estônia acusou a Rússia de promover uma “manobra de ataque híbrido” enviando migrantes para o seu território, noticiou “Le Monde”.

A declaração teve lugar após cerca de trinta migrantes, principalmente da Somália e da Síria, tentar entrar na Estônia através do ponto de passagem de Narva, na fronteira com a Rússia. Todos foram rejeitados.

Polícia polonesa bloqueia migrantes usados como armas de 'guerra híbrida'
Polícia polonesa bloqueia migrantes usados como armas de 'guerra híbrida'
A Estônia está pronta para fechar as suas fronteiras se “a pressão migratória da Rússia se intensificar”, disse um porta-voz do ministro, Lauri Läänemets.

“Infelizmente, há muitos sinais de envolvimento de agentes e talvez outras agências fronteiriças russos”, disse. E acrescentou:

“Francamente, a atual pressão migratória na fronteira oriental da Europa é uma manobra de ataque híbrido”.

A agência Reuters pediu esclarecimentos às autoridades russas nas não recebeu resposta.

A situação na fronteira entre a Estônia e a Rússia é “semelhante” à enfrentada pela Letônia e pela Lituânia nas suas fronteiras com a Bielorrússia, acrescentou o ministro do Interior estônio.

Migrantes asiáticos e norteafricanos trazidos pela Bielorussia tentam pular a fronteira da Polônia
Migrantes asiáticos e norteafricanos trazidos pela Bielorussia tentam pular a fronteira da Polônia
Crise de maiores proporções já estourara na fronteira da Polônia, mas a pressão cessou após Varsóvia mostrar a firme determinação de não se deixar invadir pelos “migrantes” teleguiados.

Esses países bálticos e a Polônia acusam a Bielorrússia de ter estimulado a passagem de milhares de migrantes do Médio Oriente e de África desde 2021.

Os casos em curso no norte europeu levantam suspeitas sobre uma mão russa nos fluxos norteafricanos para a Europa através do Mediterrâneo.



"Guerra híbrida nas fronteiras da Finlândia




domingo, 19 de novembro de 2023

Má compra: helicópteros russos não conseguem voar

Helicópteros foram comprados da Rússua por simpatia ideológica e agora não funcionam mais
Helicópteros foram comprados da Rússia por simpatia ideológica
e agora não funcionam mais
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O populismo esquerdista argentino fez tudo para fortalecer as relações com a ditadura de Putin, e entre outras coisas, lhe comprou helicópteros Mi-171E que prometiam serem máquinas fortes e versáteis para a Antártica, mas que hoje não servem nem para canibalizar como peças sobressalentes, relatou “Clarín”.

Em 2016 o governo de Mauricio Macri, oposto ao anterior, pensou comprar mais helicópteros da Rússia, mas fugiu do preço de 10 milhões de dólares cada.

Os aparelhos não voam há três anos e um foi desmontado em 2021. Em 2022 o outro ainda era ligado para que seu motor não expirasse embora inutilizável. Eles substituíram helicópteros Chinooks e Bells dos EUA movidos pelo caráter simbólico-ideológico pró-russo do contrato.

A Argentina pensou em desmontar os helicópteros e levar motores, hélices, pás e outras peças para a Rússia, mas tudo parou numa imensa burocracia e o vizinho não pagou pela impossibilidade de encontrar interlocutores na Rússia.

Washington aprovou a transferência de 24 aeronaves F-16 em uso pela Dinamarca e mais 4 aviões P-3C Orion, em uso pela Noruega, mas o governo argentino esquerdista está atrasando a compra porque desejaria adquirir JF 17 Thunder chineses nada confiáveis, mas de procedência comunista.

O nacionalismo argentino lulochavista não quer qualquer cooperação sensível com os EUA, nem mesmo quando esse é governado por uma administração esquerdista como a de Biden.



domingo, 12 de novembro de 2023

“Batalhão Siberiano”: cansados de Putin se alistam pela Ucrânia

Batalhão Siberiano: mais uma unidade combatente contra Putin
Batalhão Siberiano: mais uma unidade combatente contra Putin
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Cerca de cinquenta russos conhecidos agora como “Batalhão Siberiano” se juntaram ao Exército ucraniano para combater contra o regime de Vladimir Putin, de quem estão fartos, escreveu “Folha de S.Paulo”.

A guerra na Ucrânia já atraiu voluntários estrangeiros de todos os cantos do mundo, entre eles brasileiros e sulamericanos.

A maioria deles ingressou na Legião Internacional, da qual o “Batalhão Siberiano” faz parte.

Os homens do novo da nova unidade de combate não querem revelar seus nomes verdadeiros por razoes óbvias, mas inclui russos de outras procedências, opositores do governo de Moscou além dos membros pertencentes a grupos étnicos da Sibéria.

O “Batalhão Siberiano” constitui pelo menos a terceira unidade russa que luta do lado da Ucrânia.

Batalhão Siberiano: russos não querem saber mais de Putin
Batalhão Siberiano: russos não querem saber mais de Putin
Outras duas fizeram incursões no território russo: o Corpo de Voluntários Russos e a Legião da Liberdade da Rússia.

Sob anonimato, o porta-voz da Legião Internacional indica que os voluntários vêm em pequenos grupos e outros sozinhos.

O assistente médico “Grecha” que nasceu na Crimeia e viveu quase toda a sua vida em Moscou, explica:

“Devemos libertar a Ucrânia, atualmente, na Rússia existe uma ditadura. o Estado concede cada vez menos liberdades”, diz.

O Batalhão Imperiaal Siberiano combateu pela monarquia contra a Revolução Bolchevista
O Batalhão Imperial Siberiano combateu pela monarquia
contra a Revolução Bolchevista
Ele passou por países que não exigem vistos dos russos e fundou a organização Conselho Cívico, que recruta para o “Batalhão Siberiano”, em Varsóvia.

“Grecha” e sua esposa, puderam afinal, entrar na Ucrânia: “um dia maravilhoso me escreveram [...] nos deram um itinerário e foi assim que entramos”, diz.


“Chved” deixou a Rússia há mais de dez anos “devido à perseguição política” e vive na Suécia desde 2011.

“Participei durante muito tempo em ações antigovernamentais e anti-Putin e fui forçado a emigrar”, conta ele.

O ativista anti-Kremlin Ildar Dadin, que luta em outra unidade, diz que “nesta guerra, a Ucrânia está do lado da liberdade do povo”.

“O que temos de fazer agora é derrotar a Rússia de Putin”, afirma, esperando desencadear uma mudança política em seu país e em Belarus.

“E para isso precisamos da vitória da Ucrânia”, concluiu.




domingo, 5 de novembro de 2023

A Rússia desabando puxará a desintegração universal?

Morbosa tendência artística explora como ficaria Moscou após uma crise apocaliptica. (by_myjavier).
Tendência artística explora como ficaria Moscou após uma crise apocalíptica.
(by_myjavier).
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs



continuação do post anterior: balcanização da Rússia: um perigo maior


A falta de noticias dos mortos ou desaparecidos na “operação especial” na Ucrânia que deveria durar apenas três dias, após meses de desinformação oficial movimentou grupos de mães, esposas ou filhas que apelaram a Putin nas redes sociais russas por notícias dos desaparecidos.

Quando o exército devolvia algum cadáver era num saco lacrado sem explicações.

Multiplicaram-se então os protestos civis nas grandes cidades com repressão policial violenta.

Em quartéis em toda a Rússia e na própria Ucrânia, generalizaram-se os motins.

Os recrutados não recebem armas, ou armamentos que têm inscritos que foram para a guerra do Afeganistão, muitas vezes enferrujadas ou culatras de madeira podres.

Os recrutados precisam comprar fardas e equipamentos no mercado negro, muitas vezes dominado por oficiais corruptos.

Falta alimento e água em quartéis e no front. Houve o caso de soldados que foram mandados combater sem sapatos, e até sem fuzis que tinham que procurar pelo campo.

Nas capitais, a falta de comida gerou cenas como no auge da crise da Venezuela com populares miserabilizados brigando pelo lixo e prateleiras vazias nos supermercados.

As perdas de homens giram por volta de 300.000 mortos, desaparecidos, prisioneiros ou incapacitados. O governo putinista não fornece qualquer cifra crível.

Para o Kremlin o fim do mundo é preferível a perder a guerra
Para o Kremlin o fim do mundo é preferível a perder a guerra
Especula-se perdidos entre 2.000 e 4.000 os tanques e por volta de 10.000 os veículos blindados, canhões autopropulsados, caminhões etc.

Resultado: a Rússia está canibalizando tanques dos anos 50 guardados em depósitos, de uma eficácia contestável.

Os tanquistas dessas antiguidades chegam a enchê-las de explosivos, as jogam contra as posições ucranianas e pulam fora.

A Ucrânia, sem marinha de guerra, afundou por volta de 20 vasos de guerra russos, inclusive a nau capitania da frota, o Mokba, última palavra de tecnologia russa de recente posta a novo.

A Marinha da foice e do martelo, seu símbolo ainda, tirou seus melhores navios da grande base de Sebastopol onde estavam sendo dizimados por mísseis e bombas inteligentes.

Alguns navios irrecuperáveis foram canibalizados e seus canhões foram instalados sobre blindados sem torres em heterogênea e risível mistura andando sobre terra.

Os mandou para portos russos mais longínquos, mas mesmo assim foram atingidos nos portos russos do Mar Negro.

O último grupo que assim saiu devia ser protegido por um patrulheiro de alto mar da mais recente geração. Mas o moderno navio protetor bateu numa mina flutuante russa e afundou.

Propaganda da TV russa conta os segundos que demorariam os mísseis atómicos para atingir Berlim, Paris e Londres sem sobreviventes
Propaganda da TV russa conta os segundos que demorariam os mísseis atômicos
para atingir Berlim, Paris e Londres sem sobreviventes
A sede do comando naval em Sebastopol foi atingida por bombas inteligentes de fabricação britânica: o comandante naval supremo teria falecido além de 24 outros altos oficiais.

Apenas com esses dados, aliás só parciais, não é difícil compreender o desanimo e a revolta que tomou conta das fileiras militares russas.

Se compreende também que o motim de Prigozhin com sua milícia Wagner recrutada nas prisões russas (teria chegado a ter 50.000 homens, 20.000 dos quais mortos ou desaparecidos) tenha sido apoiada por generais do exército regular..

Vários generais e altos mandos russos, até alguns tidos como heróis de guerra, foram mortos ou destituídos, incluído o mais famoso general Popov e dois comandantes supremos da guerra na Ucrânia, o último o “general do Apocalipse”, Surovikhin, assim apelidado pela sua crueldade. Só de recente foi nomeado seu sucessor no comando.

O próprio Prigozhin, também tido como caudilho militar de muita liderança, a quem Putin teria perdoado a vida, foi morto num mal explicado acidente aéreo a 10 quilômetros de Moscou junto com o alto comando de sua milícia. Os milicianos juraram vingança contra Moscou.

E estes são só alguns exemplos e amostras. Uma lista completa de repressões, sumiços, suicídios, demissões, etc. de coronéis e generais seria intérmina.

O conjunto de exemplos citados torna factível que um cuidadoso documento interno do governo britânico alertasse para uma possível “desintegração e balcanização” da Rússia após o motim dos mercenários de Wagner.

“A Grã-Bretanha deve se preparar para o colapso repentino da Rússia”, em um processo que poderá ser tão rápido quanto o motim, acrescentou alarmantemente.

A ausência de resistência militar ao motim teria revelado que “algo novo está nascendo” no exército russo, provavelmente voltado contra sua cúpula de Moscou.

O motim dos milicianos patenteou a explosividade da união russa
O motim dos milicianos patenteou a explosividade da união russa
Em Rostov, central militar para a invasão da Ucrânia, ninguém se opôs ao revoltoso. Na maior impunidade, havia semanas que Prigozhin injuriava gravissimamente pelas redes sociais os chefes moscovitas do exército a quem atribuía o fracasso bélico.

Em Voronezh o povo aplaudiu os amotinados passando.

John Foreman, ex-adido de defesa britânico em Moscou, disse que se Prigozhin tivesse derrubado a Vladimir Putin teria se configurado “o pior cenário possível”.

Lord Richards de Herstmonceux, ex-chefe britânico do Estado-maior de Defesa, especula que “temos um longo caminho a percorrer que é o pior dos mundos para o Ocidente”.

Alexander Duguin, suposto filósofo ocultista russo que Putin ouviria muito respondeu à TV indiana que a Rússia não perderá a guerra, porque antes de perder “nós vamos destruir o mundo”.

A Rússia se livrou do motim, mas ficou à beira da desintegração, acrescenta o informe.

Putin não pode fugir de suas responsabilidades quando está perdendo a guerra. É por isso que esse motim é o começo de seu fim, diz o relatório.

As nomeações dos novos dos chefes de defesa russos não são claras, e só o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, aparece frequentemente na TV pública.

O próprio Putin se faz ver raramente, e muitas vezes se supõe que só aparece um dos vários sósias.

Putin estaria executando um “expurgo” militar para evitar outra rebelião.

O motim mostrou o que pode acontecer na Rússia nos próximos meses com os diferentes movimentos da Chechênia, Komi e Arcangel, que querem se separar de Moscou.

Cada corporação, cada prefeito e cada oligarca poderoso está construindo sua própria milícia privada, em função do que pode vir, provocando guerras civis infindas dentro do imenso território russo.

Wagner dispõe de minas de ouro no Sudão, depósitos de energia na Líbia, urânio no Congo, gás e petróleo em Moçambique e sua impressionante sede central em São Petersburgo opera “normalmente” e continua a “recrutar”.

A Europa não entendeu até agora que a Rússia pode entrar rapidamente em uma guerra civil.



O professor Plinio Corrêa de Oliveira previu uma desintegração ou balcanização de trágicas e imensas dimensões há mais de 30 anos quando a Rússia beirou uma guerra civil na fase final do governo de Mikhail Gorbachev.

A releitura do que então previu esclarece sobre o que hoje poderia vir a acontecer:

“Se a URSS [N.R.: predecessora da atual Federação Russa] cai no caos, desfechará num neotribalismo.

Pais e filhos que fugiam indefesos foram mortos por russos
Pais e filhos que fugiam indefesos foram mortos por russos
“Teríamos a dispersão das populações das cidades grandes e médias russas, para pontos populacionais de poucos habitantes, proprietários comuns das terras e que partilham o lucro que é para todos porque não há lucro individual.

“Esses pequenos centros independentes devem governar-se a si próprios, aceitando uma certa direção geral do governo do país.

“O fato é que nenhum dos altos personagens do Estado que aparecem na mídia [no caso atual, eventuais sucessores de Putin] está conseguindo formular um projeto coerente para a instauração de uma ordem.

“Caso acontecer uma guerra civil violenta, muitos russos não quererão entrar nela e no desespero vão procurar forçar os limites da Polônia e da Alemanha e invadir a Europa.

“Nesta hipótese a Rússia viraria uma fornalha caótica que despeja fragmentos étnicos e populacionais que se espalhariam pela Europa adentro”.

“Na Europa se encontrarão mais uma vez as forças bárbaras do Ocidente e forças bárbaras do Oriente, procurando comprimir o que resta de Civilização Ocidental”. (7-7-1991, sem revisão do Autor)

Na perspectiva do Sr.Dr.Plinio essa implosão da Rússia seria só o estopim de uma desintegração dos países a nível mundial.