Mas, o fato encoleriza a vizinha Rússia. Simferopol fica numa região ucraniana em que a maioria é de etnia russa, e outrora os livros saiam em russo segundo o gosto de Moscou.
O governo da Ucrânia favorece naturalmente o emprego do idioma ucraniano em todas as facetas da sociedade, especialmente nas escolas, para garantir que os jovens sejam orientados pela tradição ucraniana e não pelas veleidades neo-soviéticas de Moscou.
O fenômeno que se dá na Ucrânia, repete-se em todos os países do ex-bloco soviético. O resultado é uma diminuição da influência do Kremlin.
“O declínio no emprego do idioma russo é um golpe duríssimo para Moscou, nas esferas econômicas e sociais”, disse o sociólogo Aleksei Vorontsov, da Universidade Herzen, em São Petersburgo.
“Trata-se de um rompimento de laços, deixando a Rússia mais isolada”, acrescentou
“Expulsai a natureza, ela voltará ao galopo” reza um ditado francês. A URSS quis impor sua língua aos países escravizados, mas agora estes conseguiram liberdade e voltam ao galopo para suas caras tradições. A questão da língua também é uma maneira de afirmar a própria soberania.
O russo é um dos poucos grandes idiomas a perder adeptos. A perspectiva é que o número dos que falam russo cairá para 150 milhões até 2025, a comparar com os 300 milhões que o falavam em 1990, antes do colapso da ditadura soviética.
Um fato que piora muito o quadro é a diminuição demográfica na Rússia, que até 2050 pode perder 20% de sua população.
A disputa é especialmente sensível na Ucrânia, sobre tudo na península da Criméia, no Mar Negro, onde 60% fala russo. Muitas escolas na Criméia empregam o russo como primeiro idioma, mas com freqüência lecionam matérias em ucraniano. Os exames nacionais mais importantes são feitos exclusivamente em ucraniano.
A presença da influência cultural russa é um dos ganchos aduzidos pelo novo Kremlin (da mesma KGB) para tentar recompor o funesto império da fracassada União Soviética.
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