Soldado ucraniano se prepara para o combate em Kramatorsk |
As regiões escolhidas pareciam ser as mais sensíveis ao apetite russo de desmembrar a Ucrânia.
Segundo pesquisa do Pew Research Center, efetivada na primavera de 2014, 70% dos ucranianos do leste – onde se fala muito russo, em proporções diversas segundo a região – não desejavam separar-se da Ucrânia, e apenas 18% aprovariam uma anexação pela Rússia.
As proporções, entretanto, mudavam muito de acordo com a região. Segundo sondagem do Kyiv International Institute of Sociology, realizada no período de 8 a 16 de abril de 2014, na região de Dnipropetrovsk 84,1% responderam contra a anexação pela Rússia e 10,1% a favor.
As proporções se assemelhavam em Zaporizhia (81,5% contra e 6,2% a favor); Kherson (84,6% contra e 3,5% a favor); Odessa (78,8% contra e 7,2% a favor); Kharkiv (65,6% contra e 16,1% a favor); Mykolayiv (85,4% contra e 7,2% a favor). DADOS COMPLETOS AQUI
Putin havia sondado antes e escolheu como alvo duas regiões onde o sentimento ucraniano estava mais debilitado: Donetsk (52% contra a anexação e 27,5% a favor) e Lugansk (51,9% contra e 30,3% a favor).
A mídia ocidental passou a sensação de uma avançada implacável no plano de anexação do Kremlin, com ocupações de prefeituras, delegacias, quarteis, aeroportos, etc., em diversas cidades como Slaviansk, Kramatorsk, e na própria capital regional que leva o mesmo nome de Donetsk.
Ucranianos cantam o hino nacional em Lugansk. |
Porém, algo começou a andar mal para o agressor. Os dias se passavam e o separatismo não atingia seus objetivos.
Na verdade, houve um referendo em Donetsk e Lugansk que aprovou a separação. Mas ninguém o levou a sério, exceto o mandante de Moscou, que poucos dias antes havia pedido de modo enganador para não realizá-lo.
Até que em 6 de maio alguns jornais informaram que centenas de milhares de trabalhadores saíram às ruas de pelo menos cinco cidades, inclusive na capital regional, Donetsk, tomando o controle das ruas e banindo os militantes pró-Rússia, que pareciam ter consolidado o poder na cidade.
Essas centenas de milhares de trabalhadores de minas e siderúrgicas, em vibrante manifestação de patriotismo, disseram “basta” à manobra pró-russa. Mineiros e metalúrgicos tornaram-se a força dominante em Mariupol, a segunda maior cidade.
Os trabalhadores – que não portavam arma alguma, apenas vestiam suas roupas de serviço – disseram que estavam fora da política e tentavam somente restaurar a ordem.
Milicianos estrangeiros lutam com a consciência pesada. Foto: Evgeny Ponomarev, russo de Belorechensk, chefe mercenário. |
Poucos jornais brasileiros reproduziram a notícia que, entretanto, circulou em alguns grandes órgãos do exterior muito ecoados no País, como “The New York Times”. ver Diário da Manhã, 6/05/2014.
Essa virada veio se acentuando de diversos modos, inclusive no militar.
De modo astuto, Putin não engajou tropas do exército russo. Ele as acumulou na fronteira, de onde promoveu provocações e falou muita bravata.
Porém, envia extra-oficialmente para a Ucrânia milícias com mercenários altamente treinados, que servem como instrumento de repressão dentro da Rússia, na perfeita ilegalidade – uma espécie de PCC da “nova URSS” a serviço do chefe formado na KGB. Estes mercenários causaram sensíveis baixas ao exército ucraniano.
Um comandante dessas milícias, o qual se faz chamar pelo nome de “Bes” (que significa demônio), falando em russo para a VICE News, assumiu a responsabilidade de um ataque mortífero.
continua no próximo post
Desejaria receber atualizações gratis e instantâneas do blog 'Flagelo russo' no meu E-mail
Nenhum comentário:
Postar um comentário