Com um ar descontraído, sir John Sawers, chefe recém-aposentado do serviço de inteligência britânico (MI6), transmitiu uma mensagem alarmante em sua conferência no King’s College de Londres: pela primeira vez desde o fim da Guerra Fria, paira sobre o mundo o espectro da guerra nuclear.
“A ameaça de confronto militar nuclear, incluindo um erro de cálculo ou simplesmente má sorte, ainda está presente. Temos isso em mente quando falamos com a Rússia de Vladimir Putin”, declarou Sawers, segundo “El País”, edição em português.
O bem informado ex-chefe da espionagem inglesa refletia o temor – compartilhado por seus colegas britânicos, pelos EUA e pela OTAN – de que a crise militar na Ucrânia seja o prelúdio de mais uma aventura russa.
O risco de a Rússia tentar anexar territórios da Estônia, Lituânia ou Letônia aumentou em consequência do desgaste de sua economia. A fim de conter o descontentamento interno e preservar seu poder, Putin procuraria excitar o populismo com o espectro de uma ameaça ocidental a seu país.
Para Gideon Rachman, especialista em política internacional do Financial Times, “o agressivo nacionalismo orquestrado por Putin recorda a política da Rússia e da Alemanha nos anos trinta”.
A retórica russa nunca foi tão agressiva desde o fim da URSS. O jornal Pravda, porta-voz soviético na época e hoje caixa de ressonância de Putin, deu o seguinte título a um artigo recente: “Rússia prepara surpresa nuclear para a OTAN”.
A fragata Dragon inglesa escolta o porta-aviões russo Admiral Kuznetsov. “Erro de cálculo ou má sorte,pode deflagrar guerra nuclear com a Rússia de Vladimir Putin”, diz Sawers. |
O embaixador russo em Copenhague, Mikhail Vanin, ameaçou atacar com mísseis nucleares barcos dinamarqueses, caso a Dinamarca, que é membro da OTAN, se una ao sistema antimísseis da organização, que está sendo montado no Báltico.
O ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Martin Lidegaard, disse que os comentários de Vanin eram “inaceitáveis” e acusou-o de ter “cruzado a linha” vermelha ao acenar com mísseis balísticos.
“O perigo de que um mal-entendido ou um incidente à primeira vista inócuo deflagre um conflito catastrófico sempre existe”, disse um diplomata britânico, ecoando as palavras de Sawers.
“Putin brinca com fogo. O caos e a confusão podem provocar más decisões e acidentes terríveis.
“Não haverá convergência entre a Rússia e o Ocidente enquanto Putin continuar no comando”, disse Sawers.
“Se não tivermos sorte, dentro de pouco tempo voltaremos a conviver, como nossos pais ou avós, com o medo latente de sermos todos exterminados”, concluiu Sawers.
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