O patriarca Kirill na Duma exortou a restaurar valores soviéticos e elogiou a atual política vaticana. |
Pela primeira vez na história, o autodenominado Patriarca de Moscou, chefe da cismática igreja ortodoxa russa, foi falar na Câmara baixa do Parlamento russo, ou Duma, noticiou “AsiaNews”.
O objetivo principal da histórica intervenção foi um apelo para restaurar “as coisas positivas da era soviética” e construir a Rússia moderna. Em outros termos, apoiar a construção da “URSS 2.0”, conforme desejo do camarada máximo Vladimir Putin.
Também pediu aos parlamentares a proteção da família e o banimento do aborto que grassa na Rússia num dos patamares mais sinistramente altos do planeta, mas que é uma das “conquistas” da era soviética. O apelo soou incongruente.
Formado nas escolas da KGB, Kirill deplorou “frequentes casos” de destruição e confisco de igrejas ortodoxas na Ucrânia, perpetrados pelos separatistas pró-russos, como se impedi-los estivesse dependendo de uma decisão de Moscou.
Mas Kirill não esclareceu que essas violências antirreligiosas visam deixar de pé somente a sua própria autoridade. Pois elas vêm liquidando os numerosos religiosos ortodoxos que estão escandalizados pela colaboração do Patriarcado de Moscou com o regime soviético outrora e com a agressão de Putin em nossos dias.
O patriarca – “agente Mikhailov” nos registros de membros da velha polícia soviética russa – age assim em total coerência com os objetivos a ele encomendados.
Nos mesmos dias, informou o site “Vatican Insider”, Kirill voltou a derramar tempestuosas críticas contra a Igreja Católica de rito greco-católico, ou “uniatas” ucranianos, à qual dedicou os piores epítetos de seu vasto repertório de insultos: nazistas, fascistas, nacionalistas, russófobos, etc. etc.
O patriarca de Moscou voltou a tripudiar sobre os católicos ucranianos, enquanto tende as mãos à política vaticana de amizade com Putin. |
Passado esse marcado pelo holocausto de milhões de camponeses pela fome, pela violência e pelo martírio de centenas de heroicos bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, enviados aos campos de concentração ou assassinados friamente.
Essa posição anticomunista dos católicos ucranianos repercute no lúcido e firme repúdio à nova tentativa de Vladimir Putin de invadir e subjugar seu país.
Em sentido contrário, o agressivo patriarca agradeceu ao Vaticano pela abordagem “equilibrada em relação à crise na ex-república soviética”, como ele define a Ucrânia; abordagem que estaria na linha do que Kirill quer.
Este acrescentou que as relações com o atual pontificado “demostram uma dinâmica positiva”, segundo “Vatican Insider” site católico-progressista.
Por sua vez, Dom Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor de Kiev e de toda a Rússia e chefe do rito greco-católico, sempre repele os desaforos do patriarca amigo de Putin.
Por isso ele faz ponderados apelos para que Moscou reconheça a dignidade do povo ucraniano e abra um “diálogo sincero baseado na verdade”. Também convida a não acreditar na “propaganda” da Rússia atual ou “nova URSS”.
Obviamente, essas respostas cordatas só encolerizam mais o patriarca agente de Moscou.
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