Afinidade das situações é muito grande |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O documentário Winter on fire foi apresentado e discutido em várias universidades venezuelanas, públicas e privadas, provocando grande impacto entre os estudantes, hoje figuras centrais das marchas opositoras ao governo de Nicolás Maduro, informou “O Globo”.
Segundo declarou ao “Globo” Marcelino Bisbal, professor da Universidade Católica Andrés Bello (UCAB), os estudantes venezuelanos ficaram entusiasmados com o documentário.
Por quê? “Porque o exemplo da Ucrânia mostra que é possível mudar um país fazendo grandes esforços, como estão fazendo todos os venezuelanos”.
Esses grandes esforços envolvem o derramamento abundante de sangue – mais de 100 assassinados pelos esbirros chavistas – e um combate duríssimo no dia-a-dia nas ruas e praças do país
“Aqui já se fala no efeito Ucrânia, pela penetração deste documentário não somente nas universidades, mas também nos bairros, através de associações civis” — disse o professor da UCAB.
“Os jovens se sentem identificados com o exemplo ucraniano, porque aqui também eles são o motor da rebelião”.
Nos escudos caseiros venezuelanos: a Cruz de São Jorge e Nossa Senhora de Coromoto. |
Placas de madeira e aço, barris de plástico e metal, e até mesmo partes de antenas parabólicas e tampas de bueiros proliferam nas manifestações, quase sempre trazendo as cores da bandeira nacional ou mensagens contra o governo.
Também se destaca a Cruz de São Jorge, muito usada em Kiev. Um vídeo viral nas redes sociais mostra uma moça montando seu escudo, enquanto Maduro aparece na TV fazendo suas invectivas anticapitalistas e insultos à oposição.
Por fim, a jovem sai à rua de sua pobre casa e vai juntar-se a outros que acabam de fazer seu escudo.
“Os escudos não detêm os tiros, mas nos protegem do gás lacrimogêneo, das balas de borracha e pedradas”, informou à Reuters Brian Suárez, estudante de Direito, carregando um escudo com a imagem do presidente sob a mira de um rifle.
Há uma coincidência curiosa. Procurando fotos desses resistentes venezuelanos, achei algumas de jovens na Praça Maidan em 2014, com cartazes em que se identificavam com as marchas pacíficas da Venezuela e faziam explícita menção ao país sul-americano.
Que intuição lhes fazia antever que nos dois países tão distantes entre si, uns e outros se opunham ao mesmo inimigo: o comunismo metamorfoseado?
Em 2014, na Praça Maidan os manifestantes ucranianos pela liberdade apoiavam seus homólogos venezuelanos |
Os ditadores Vladimir Putin, Recep Erdogan, Bashar Assad, Nicolás Maduro e Robert Mugabe inventaram então a existência de uma grande conspiração mundial do Ocidente contra eles, noticiou “El País” de Madri.
Em ambos os casos, aqueles jovens lutavam corajosamente e em desigualdade de condições para se desenvencilhar de uma espécie de demônio ou maldição.
Como que tentavam remir seus países, mesmo pagando um alto preço em sangue para atrair uma bênção portadora de um futuro melhor intuído com esperança.
Se a Rússia tivesse realmente invadido a região do Donbass, as cidades não teriam sido destruídas e milhares de russos não teriam perecidos. Como se vê, não houve invasão russa, porque a Rússia é governada por um traidor. Aliás, nem havia OTAN para armar e treinar as forças ucranianas à época da reincorporação da Crimeia. Lembrando que Putin solicitou ao senado a revogação da intervenção militar na Ucrânia, fazendo recuar as tropas que estavam estacionadas na fronteira russo-ucraniana.
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