terça-feira, 29 de novembro de 2011

Rússia espreita crise da União Européia

Velho plano soviético:
Putin propõe integração à UE desde Lisboa até Vladivostok
A utopia da União Européia está em crise. Sua moeda-símbolo, o euro, ameaça depauperar sensivelmente os povos que hoje são suas vítimas. Nesse momento de incerteza e divisão, os herdeiros da falida URSS tentam reeditar o velho projeto de conquista do continente pelos sovietes.

Com a maior sem-cerimônia, o chefe do governo da Rússia, Vladimir Putin, propôs em artigo publicado pelo jornal Izvestia, uma unificação ainda maior do que aquela que está afundando os países europeus. A mesma seria feita “desde Lisboa a Vladivostok” e, obviamente, sob a égide do urso russo, noticiou o diário “El País” de Madri.

A Rússia não tem sequer uma economia autosuficiente; só se sustenta pelos fabulosos investimentos europeus para a extração de gás e petróleo de seu território. Combustíveis que os europeus pagam a bom preço.


Os dirigentes russos, formados nas sagacidades e objetivos da ex-polícia política soviética KGB, não fazem segredos sobre o destino desses capitais. Eles vão a engrossar o esquema de reconstrução da antiga URSS sobre bases novas, além de enriquecer abusivamente sua nova Nomenklatura.

Lenine forneceu as bases ideológicas do plano; Stalin promoveu o projeto; Gorbachev tentou passá-lo sob a forma de perestroika. Segundo uma velha máxima recorrente nos antigos dirigentes soviéticos, o “Ocidente nos fornecerá a corda com a qual o enforcaremos”.

Gasoduto do Norte (NEGP): corda de aço para enforcar Europa
Quando a Europa iniciou a construção desses gasodutos, o Professor Plinio Corrêa de Oliveira os comparou a uma “imensa corda de aço na qual Moscou pretende enforcar tanto a Europa oriental quanto a ocidental” (“Para a corda de aço, escravos”, “Folha de S.Paulo”, 24/10/1982).

Agora Putin retoma o velho plano, propondo criar um “espaço de livre comércio entre a Rússia e a UE” baseado tanto nas estruturas da UE como nas organizações montadas pelo Kremlin com as ex-repúblicas soviéticas. Organizações que a Rússia dirige de látego na mão.

O modelo desse tipo de associação é o “Espaço Econômico Único” (EEC) formado por Rússia, Cazaquistão e Bielorrússia. No artigo, Putin defende este modelo como exemplo de reconquista do terreno perdido com a desintegração da URSS, bem como um modo de “conservar milhares de milhões (sic!) de vínculos culturais e espirituais (…) e relações de produção e econômicas”.

Putin acrescenta ter-se inspirado no tratado de Shengen, aliás cada vez mais repudiado pelos europeus, pois aboliu as fronteiras internas e abriu as portas a uma “invasão” massiva de muçulmanos e povos que não se integram na Europa.

Saudades do império soviético crescem sob Putin.
Treino do 'desfile da vitória' 2011
Putin tentou desmentir as desconfianças ocidentais numa retomada do velho plano. Segundo “El Mundo”, o novo czar russo “fez propaganda da herança recebida daquele país (a URSS) em infraestrutura, especialização produtiva, língua, espaço científico e cultural”.

Putin já tem um nome para o ente devorador que planeja: União Euroasiática. “Nós propomos uma tarefa ambiciosa, passar ao seguinte maior nível de integração: à União Euroasiática”, escreveu.

Putin também tentou minimizar a resistência da Ucrânia à integração com a Rússia. A Ucrania teme ser engolida por Moscou e reviver os opressivos tempos dos sovietes.

Este seria também o cruel destino da Europa se esta vier algum dia a aceitar o abraço integrador proposto pelo urso russo.

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