Os indiciados pelo crime de massa. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Três russos e um ucraniano serão levados ao banco dos réus pelo homicídio resultante do ataque a um avião de passageiros na Ucrânia, em 2014, anunciaram investigadores internacionais à imprensa internacional como a “Folha de S.Paulo”.
O voo comercial MH17, da companhia aérea Malaysia Airlines, ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, e foi derrubado inexplicavelmente por um míssil russo que matou as 298 pessoas a bordo.
O julgamento começará em março de 2020, mas é provável que os acusados não compareçam à corte e sejam julgados “em ausência”, segundo anúncio dos promotores, feito na Holanda.
As autoridades da Rússia não cooperaram com as investigações, foram pegas mentindo repetidamente, e não devem entregar os indiciados.
Ordens de prisão internacional já foram emitidas, disse o promotor holandês Fred Westerbeke.
Os mísseis Buk foram flagrados em todo seu percurso até o local do disparo e retorno a Rússia |
Serguei Dubinksy, empregado da agência de inteligência militar GRU da Rússia;
Oleg Pulatov, ex-soldado de uma unidade de forças especiais da GRU;
e o ucraniano Leonid Kharchenko, que liderou uma unidade de combate militar na cidade ucraniana de Donetsk.
Os separatistas simpáticos à Rússia lutavam no leste da Ucrânia, na região de Donetsk sem tecnologia para cometer o crime de massa. Mas eram treinados e dirigidos por especialistas russos que tinham em território da Federação Russa os misseis para o massacre.
O Boeing 777 da Malaysia Airlines se partiu em diversos pedaços ainda no ar, espalhando destroços em uma extensa área em território controlado pelos rebeldes. Ninguém sobreviveu.
Uma minuciosa investigação internacional concluiu, em 2016, que o avião foi abatido por um míssil do exército russo.
Dois anos mais tarde, os investigadores revelaram que o projétil havia saído de uma base militar russa na cidade de Kursk, ao sudoeste do país.
Cfr.: Míssil que mata, mas esclarece!
Rússia pega “com a boca na botija” do massacre do voo MH17
Os mísseis Buk foram flagrados em todo seu percurso até o local do disparo e retorno a Rússia |
Dubinsky serviu como vice de Girkin na DNR, e Pulatov foi vice de Dubinsky. Kharchenko estava sob o seu comando.
Os acusados não apertaram o botão que disparou o míssil, mas trouxeram o sistema antiaéreo para o leste da Ucrânia, de acordo com o time de investigadores.
Portanto, os quatro podem ser responsabilizados criminalmente pelo assassinato de 298 pessoas. A maioria das vítimas era holandesa.
Moscou nega as acusações e diz que não confia na investigação.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que a investigação pretende prejudicar a reputação de Moscou.
Acredita-se que um dos acusados russos, Igor Girkin, 48, viva em Moscou, a partir de onde comenta assuntos russos e internacionais usando seu site e um canal no YouTube.
O presidente ucraniano Volodimir Zelenski disse esperar que os “culpados deste assassinato descarado de crianças inocentes, mulheres e homens sejam colocados no banco dos réus”.
Os parentes dos 298 passageiros e tripulação assassinados consideram que o presidente russo Vladimir Putin deveria ser incriminado pela tragédia, registrou News.com da Austrália.
“Ele tornou isso possível. Ele criou a situação e é o principal responsável” declarou Silene Fredriksz-Hoogzand, cujo filho foi uma das vítimas. 38 cidadãos australianos estão na lista dos mortos.
“Ele tornou isso possível. Ele criou a situação e é o principal responsável” |
O procurador chefe da Holanda Fred Westerbeke confirmou que a Rússia se negou a cooperar escondendo informação a respeito do transporte até território ucraniano do míssil Buk Telar que derrubou o MH17 e voltou às pressas à Rússia.
“Eles poderiam nos ter informado do que aconteceu. Não o fizeram. Isso não pode ser chamado de cooperação”, enfatizou.
Westerbeke acrescentou que isso era uma bofetada no rosto das famílias das vítimas.
“Nós temos agora as provas de que a Rússia esteve envolvida nesse crime”, completou.
O Secretário Geral da NATO Jens Stoltenberg declarou que “este é um importante marco nos esforços para descobrir a verdade inteira e garantir que será feita justiça pelo assassinato de 298 pessoas de 17 países”.
O ministro britânico das relações exteriores Jeremy Hunt urgiu mas sem muita esperança: “a Federação Russa agora deve cooperar plenamente com o julgamento e fornecer toda a informação que lhe for requerida”.
Obviamente, nunca é de se esperar que os maiores culpados revelem seus métodos de acobertamento.
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