Plano: infiltrar para fazer explodir depois |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Continuação do post anterior: A tática de Moscou para implodir a Igreja Católica
Para Iben Thanholm (ver post anterior), a catarata de escândalos que se precipitam diante de nossos olhos é um resultado entre outros da infiltração tramada.
Os homens escolhidos pela KGB e estabelecidos na cúpula de certos círculos eclesiásticos em meados do século XX, foram responsáveis pelo recrutamento e promoção de outros homens de sua classe nos seminários.
De fato, a explosão de casos de violência sexual remonta à década de 1960, dos tempos que virou slogan até nas igrejas o “proibido proibir” sob pretexto de aplicar com fidelidade o Concílio Vaticano II.
Os religiosos abandonavam hábitos e batinas, como lhes era recomendado pelo “Pacto das Catacumbas” redigido por Dom Helder Cámara e assinado secretamente durante o Vaticano II.
Por tudo isso, Jeanne Smits se pergunta se essa enxurrada de escândalos e abusos sexuais é apenas um fruto podre de padres que simplesmente cederam à tentação na hora de abraçar o mundo como se pregava no período pós-conciliar.
Assembleia de padres "desacralizados" paralela ao Vaticano II, advoga contra o capitalismo e pede liberdade sexual. |
Em 2016, prossegue Jeanne, Alice von Hildebrand observou que um dos elementos-chave dos escândalos que agora a mídia põe nas manchetes – e que outrora silenciava – não são as práticas reprováveis de maus padres escravos de uma “concupiscência sem limites”, mas de infiltradores que entraram na Igreja como agentes do comunismo e da desmoralização.
“Eu sabia por Bella Dodd, escreveu Alice von Hildebrand, que esses homens malignos haviam se infiltrado no Vaticano porque a Igreja Católica é o pior inimigo do comunismo. E eles sabem disso”.
O Beato Palau que via se agigantar a conjuração anticristã relembrava o anúncio profético do evangelista São João:
“19. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são dos nossos.” (I Jn, II, 19)
A dinamarquesa Thranholm aponta que o abuso sexual de crianças e a homossexualidade generalizada nos círculos clericais é “a maneira perfeita para desmoralizar a Igreja e fazer com que perca a sua autoridade moral ante os olhos do público e entre os crentes, impelindo os fiéis a abandonar a fé”.
Bella Dodd: nós enviamos 1.100 homens ao sacerdócio "para destruir a Igreja por dentro": eles ficariam bispos |
“Assim, prossegue, a missão anticristã concebida pelo regime stalinista está prestes a atingir sua meta, duas gerações depois de Stalin”.
E Iben Thranholm acrescenta que isso se dá “num momento em que o Ocidente enfrenta a segunda vinda do marxismo”.
De fato, após a queda da URSS e do marxismo primário, o que resta da cultura cristã no Ocidente está sob o ataque de uma Revolução Cultural excogitada pelo pensador marxista italiano Antônio Gramsci.
Se trata de um comunismo mais avançado, que também contempla a utopia de um regime comuno-tribalista na Amazônia.
Pela Revolução gramsciana, o neomarxismo cultural cria as condições para uma “nova era soviética” ou uma “URSS 2.0” que relega aos museus a velha e fracassada URSS.
“Já podemos ver os sinais, explica Iben Thranholm: a supressão da liberdade de expressão, a tirania do politicamente correto e perseguição política e psicológica brutal dos cristãos”.
“Somente uma Igreja purificada é capaz de se levantar contra esse tipo de regime diabólico”, acrescenta sem aprofundar quem poderá fazer isso.
Bella Dodd: o feminismo e comunista no espírito, destrói a família. Criar homens que aceitem o homossexualismo como "estilo de vida aprovado" |
Os tempos pedem e cada vez parecem mais próximos da manifestação dos Apóstolos dos Últimos Tempos antevistos por muitas almas privilegiadas e Santos como São Luis Maria Grignon de Montfort (ver o Tratado da Verdadeira Devoção), Santa Teresa de Jesus, São Francisco Ferrer (os “crucíferos”) a Beata Canori Mora, a Beata Ana Maria Taigi, etc., etc.
Iben Thranholm fica nos aspectos naturais. Mas faz um dramático apelo para um expurgo de impostores na Igreja que nunca foram verdadeiros seguidores de Cristo.
E insiste se tratar sim de infiltrados cujo propósito é fazer explodir a Igreja por dentro, se declarando esquerdistas ou não, direitistas ou não, mas trabalhando por qualquer lado para esse fim infernal.
Por sua parte, Jeanne Smits, considera que a tese da jornalista dinamarquesa é interessante e deve ser levada em conta num momento em que a mídia sopra que a divina instituição fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo risca o colapso.
Um colapso pelo qual o macrocapitalismo publicitário torce ao máximo ponto multiplicando as distorções do noticiário sobre os numerosos casos concretos de abuso sexual denunciados.
Explodida a Igreja Católica, só ficaria o Patriarcado de Moscou |
Mas Iben Thranholm não tem esses pressupostos essenciais. Então procura algum resto do naufrágio universal com o qual se manter flutuando.
Sem rumo, cai numa armadilha que Jeanne Smits já refutou brilhantemente. Cfr: Manipulação da mensagem de Fátima pela Rússia
Essa consiste em fechar os olhos e acreditar que a Rússia chefiada pelo ex-coronel da KGB soviética Vladimir Putin é a derradeira guardiã das tradições, da moralidade e de decência.
Iben Thranholm é grande admiradora da Rússia de Putin, e trabalha para “Russia Today” um dos mais dotados instrumentos da “guerra da informação” que flagela os países livres com avalanches de “fake news”.
Jeanne Smits, julga que Iben Thranholm tem uma visão extremamente cor-de-rosa da Rússia atual. Como se o mundo pudesse se regenerar aderindo ao cismático e estéril Patriarcado de Moscou.
Iben Thranholm insiste num slogan que Jeanne Smits demonstrou em toda sua falsidade: “O comunismo foi uma ideia ocidental, não uma ideia russa. Foi o Ocidente que espalhou seus erros na Rússia”.
Trata-se de uma inversão forçada da profecia de Nossa Senhora de Fátima que não resiste à análise. Cfr.: O lado oculto da “manobra Putin”
As advertências de Nossa Senhora em Fátima estão em pé apontando para a Rússia:
“a Rússia (...) espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas” e “a Rússia será o instrumento do castigo do Céu para todo o mundo”.
Nossa Senhora advertiu que a Rússia seria o flagelo para punir os homens. Mas, que no fim acabaria se convertendo e Ela acabaria triunfando. |
Iben Thranholm apela a uma estratégia verbal que faz pensar mais num desespero que inspira pena e move a rezar por ela.
No malabarismo verbal para salvar a Rússia defende que “mesmo que os russos pratiquem muito pouco de sua religião ortodoxa, mesmo que não vão à igreja, aceitam a ideia de que a sociedade deve ser construída sobre valores cristãos ortodoxos”.
Em verdade, isso significa que a Rússia não só não se converteu, mas que como observa Jeanne Smits “está satisfeita com a persistência no cisma ortodoxo”.
Iben Thranholm escreve em geopolitica.ru: a plataforma de expressão do gnóstico russo Alexander Dugin, e cultiva múltiplas conexões com o think tank Katehon supervisionado e financiado pelo oligarca Konstantin Malofeev, um dos homens encarregados por Vladimir Putin para promover no Ocidente essa monstruosa inversão da mensagem de Fátima.
Jeanne Smits constata que a estratégia soviética contra a Igreja está sendo bem-sucedida.
E se faz a angustiante pergunta: o que fazer agora?
Ela faz algumas constatações.
O Coração Imaculado de Maria triunfará, a Rússia se converterá e o mundo terá paz, após sofrimentos purificadores |
Essa força não é só de seus membros humanos, mas é de natureza divina. Ela emana da própria pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, sua cabeça onipotente Rei do Céu e da Terra.
É contra Ele que o comunismo na fórmula soviética ou na fórmula da “nova-Rússia” desencadeia todas suas tramas. É contra Ele que conspiram seus aliados, os progressistas da “estirpe de Judas”.
Porém, todas essas tentativas, ainda que gigantescas, estão condenadas ao fracasso. Porque “as portas do inferno não prevalecerão contra Ela”, segundo Ele próprio nos prometeu.
No momento, a muralha da Santa Igreja está muito danificada, no ponto de cair.
Porém, por isso mesmo mais parece próximo o momento da restauração providencial.
Porque pesará infinitamente mais a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo, ratificada pela promessa de Nossa Senhora em Fátima: “Por fim meu Imaculado Coração triunfará”.
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