Yevgeny Prigozhin, o irritadiço e mafioso 'chefe da cozinha' de Putin, escolhe os mercenários e os 'trolls' |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Em dezembro/19, o jornal francês “Le Monde” revelou que pelo menos 15 espiões russos, da Unidade 29155 da Direção Geral do Estado-Maior General das Forças Armadas da Federação Russa (GRU), estavam usando a região alpina francesa da Haute-Savoie, como base logística para tarefas secretas, incluindo assassinatos e sabotagens, repercutiu o Eurasia Daily Monitor, da The Jamestown Foundation.
Concomitante a isso, autoridades alemãs divulgaram que agentes russos estavam ligados ao assassinato de Zelimkhan Khangoshvili, um ex-comandante rebelde da Chechênia, morto em Berlim, em agosto, com três tiros disparados em pleno dia, por arma com silenciador, num parque de Berlim. O suspeito preso teria chegado da França, acrescentou “Le Monde”.
A Alemanha acusou o governo russo de relutância em cooperar na investigação do assassinato, sendo dois diplomatas que trabalhavam para a GRU na embaixada russa de Berlim declarados personae non gratae.
Cinco meses depois, o opositor checheno Imran Aliev foi morto a facadas num hotel de Lille, noticiou a Agência France Presse (AFP) citada pelo mesmo “Le Monde”.
Ele foi um blogueiro muito crítico do regime pro-Putin de seu país, parte da Federação Russa.
Costumava postar sob o pseudônimo Mansur Staryi, no Facebook e no YouTube, críticas muito fortes ao autoritário dirigente russo.
No dia 17 de novembro do ano passado, um vídeo publicado no YouTube mostra o diplomata russo Georgiy Kleban dando dinheiro a um oficial sérvio em Belgrado.
É prática comum da GRU manter uma ou duas pessoas entre os adidos militares de cada embaixada russa. Suas tarefas incluem contatos com círculos políticos e militares do estado anfitrião.
O envenenamento de Sergei V. Skripal na Grã-Bretanha acelerou a descoberta da Unidade 29155 |
Grande número de nacionalistas sérvios radicais, supostamente conservadores ou identitários foram treinados por instrutores da GRU no leste ucraniano ocupado por separatistas filo-russos, segundo a Deutsche Welle.
Já o Ministério Público búlgaro denunciou que o primeiro secretário da embaixada russa em Sofia fez reuniões secretas com cidadãos búlgaros, incluindo um alto funcionário com acesso a informações classificadas da Bulgária, da União Europeia e da OTAN visando ações contra o Ocidente.
Os serviços de inteligência russos instalaram dispositivos de escuta do porão ao telhado do hotel cinco estrelas Marinela, em Sofia, que foi utilizado por líderes europeus na capital búlgara.
O proprietário do hotel, Vetko Arabadjiev, foi agente do serviço secreto búlgaro na era soviética, e hoje é próximo do Partido Socialista Búlgaro, apoiado por Moscou.
A Rússia também visava usar seu esquadrão de assassinos móveis da Unidade 29155 para eliminar o traficante de armas búlgaro Emilian Gebrev.
Uma série de investigações conjuntas apontou que pelo menos oito agentes da GRU tentaram envenenar Gebrev, seu filho e o diretor de sua empresa.
Os matadores dispunham de um veneno da família “Novichok”, que é exclusividade da GRU, também empregado contra o ex-agente Skripal e sua filha no Reino Unido.
Por sua vez, a Catalunha é a região europeia onde mais opera a Unidade 29155, ou “esquadrão móvel” da GRU.
O traficante de armas Emilian Gebrev sobreviveu a tentativa de assassinato em Sofia, Bulgária |
Ele agia sob o falso nome de “Sergey Fedotov” e esteve envolvido em tentativas de assassinato em todo o continente europeu.
Em outubro, o Serviço de Informações de Segurança da República Checa (BIS) divulgou a existência de uma rede que dependia do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, a “KGB de Putin”) e era financiada pela embaixada russa em Praga.
A tarefa dessa rede consistia em ataques cibernéticos contra alvos na República Checa e seus aliados.
Apesar de o governo russo negar o seu envolvimento na enxurrada de escândalos de espionagem que pulularam por toda a Europa nos últimos meses, ficou muito claro que tais desmentidos de Moscou não apresentam credibilidade alguma, diz o Eurasia Daily Monitor.
Com efeito, a rede de inteligência da Rússia trabalha para minar a coesão interna e a unidade dos países europeus.
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