“Ontem eram os tanques. Hoje, os dutos”, já definiu a estratégia russa Zbigniew Siemiatkowski, ex-chefe do serviço de segurança polonês |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A empresa russa Gazprom concluiu a construção do gasoduto submarino Nord Stream 2.
Ele consiste em mais de 1.200 kms de tubulações sob o mar Báltico que transferem gás das jazidas na Rússia até a Alemanha, segundo informou a “Folha de S.Paulo”.
O ducto permitirá que o país de Vladimir Putin duplique suas exportações de gás para a Europa e que, ao mesmo tempo, a deixem à mercê de eventuais chantagens energéticas.
Também ameaça prejudicar a rival Ucrânia e atrapalha interesses dos Estados Unidos.
Atualmente, e pelo menos até o final de 2024, a Rússia deve pagar cerca de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,8 bi) por ano à Ucrânia pelo trânsito do gás em seu território. Uma extensão no contrato foi condicionada por Putin à demonstração de “boa vontade” de Kiev.
E a própria Ucrânia depende desse gás para sobreviver. Se a Rússia cortar o financiamento, a rede de gasodutos se transformará em outras tantas cordas de aço que estrangularão o país, sem nada em troca.
Após o anúncio da Gazprom, a Presidência ucraniana divulgou um comunicado em que afirma que o país “lutará contra esse projeto político russo até o fim e, inclusive, depois que começar o fornecimento de gás”.
Segundo o site oficial da empresa russa, os primeiros estudos sobre a viabilidade do Nord Stream 2 começaram em 2012. A construção de fato começou em 2018, mas o projeto avaliado em US$ 11 bilhões (R$ 57,4 bi) foi interrompido em 2019, quando faltavam apenas 150 km para a conclusão.
À época, o então presidente dos EUA, Donald Trump, impôs sanções contra as empresas envolvidas na obra, forçando a interrupção da construção.
Os trabalhos foram retomados um ano depois, com a contratação de embarcações próprias da Rússia.
A nova rota do gás russo espelha o primeiro Nord Stream. Juntos, os dois gasodutos pelo mar Báltico podem exportar 110 bilhões de metros cúbicos por ano, ou quase metade das exportações de gás natural da Rússia para países europeus.
Para os EUA, o projeto gigantesco é um obstáculo econômico, e sobre tudo político e militar. O Nord Stream 2 aumentará a dependência da Europa em relação a Moscou.
Quando assumiu a Casa Branca, o presidente Joe Biden desistiu de bloquear o projeto. Na visão democrata, seria mais interessante apostar na aliança com a Alemanha, a maior economia da Europa, de quem os EUA esperam obter respaldo em outras frentes.
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Na Ucrânia, o anúncio do fim das obras foi recebido com ceticismo. Segundo analistas ucranianos levará tempo até o gás fluir pelos tubos no mar Báltico, e nenhuma operação comercial é esperada no curto prazo.
A Rússia disse que o abastecimento de gás por meio do novo gasoduto não começará até que receba luz verde dos órgãos reguladores alemães, que não tem previsão.
Segundo o consórcio administrador o objetivo é deixar tudo pronto para iniciar as operações antes do final do ano.
Para Moscou, a conclusão das obras é um trunfo diplomático.
Confira também: Dutos russos fazem hoje o que os tanques soviéticos faziam ontem
A Rota visa conectar, com evidente interesse estratégico, o coração da Europa com o Alasca e eventualmente a América do Sul tudo sob o comando de Pequim.
Para a corda de aço, escravos
Sirvo-me da documentação exuberante coletada pela analista política norte-americana dra. Juliana G. Pilon, Ph. D., que a benemérita The Heritage Foudation, de Washington, publicou há pouco (16-9-82).
Trata-se de um estudo sobre a construção do gasoduto de Yamal, imensa corda de aço na qual Moscou pretende enforcar tanto a Europa oriental quanto a ocidental.
Pois tornará uma e outra dependentes do gás soviético para enfrentar os rigores do inverno.
O projeto Yamal será um dos maiores empreendimentos da Rússia. Custará cerca de 45 bilhões de dólares, e será financiado em sua maior parte com créditos ocidentais a juros baixos.
Alguns desses créditos têm juros de apenas 7,5% (cfr. depoimento do especialista Roger W. Robinson, do Chase Manhattan Bank, in “Congressional Record”, vol. 128, n.° 65, de 25-5-82).
Alcançando por vezes o frio na Sibéria 50 graus abaixo de zero, compreende-se que o Kremlin não tenha conseguido preencher com trabalhadores livres grande parte dos empregos que a realização do projeto acarreta.
As estatísticas oficiais da Rússia calculam em cerca de dois milhões os empregos não preenchidos na Sibéria.
Considerando que há mais ainda a preencher nos outros ramos da construção pesada em território soviético, torna-se necessário o trabalho escravo nas obras que se realizam na Sibéria.
Daí ter havido um encontro entre Brejnev e o chefe comunista vietnamita Le Duan.
Do que resultou que o Vietnã pagaria suas dívidas para com o bloco soviético não com dinheiro, mas com trabalho escravo (cfr. “Foreign Report” da revista "The Economist" de 17-9-82).
Putin planeja retomar as "conquistas" dos tempos da URSS comunista. Merkel, citada no artigo, é uma esquerdista criada na antiga Alemanha Oriental, onde foi treinada dentro dos padrões comunistas da então Alemanha Oriental, um país comunista. A Europa hoje está perdida, sem bússola. Na minha opinião, apenas Polônia, Hungria e Croácia ( Romênia, talvez?), se mantêm cristã e avessas aos "modernismos" dos LGBT, invasão islâmica, aborto, etc. Polônia, inclusive, foi o único país que manteve as Santas Missas realizadas ( claro, com os devidos cuidados..), desde o início de uma pandemia provocada pelos chineses e que, infelizmente, o comando da Santa Igreja, concluiu que os fieis católicos não precisavam mais frequentar as Missas e receber os Sacramentos Católicos.
ResponderExcluirOremos!