Almirante Rob Bauer, chefe da NATO diz que aliança se prepara para conflito próximo com a Rússia |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
continuação do post anterior: Eleição de Putin e rumores de guerra mundial
Europa se prepara para a guerra
Em janeiro, o general Patrick Sanders, chefe do Estado-Maior do exército britânico anunciou que no Reino Unido os cidadãos poderão ser convocados para uma guerra com a Rússia, para a qual as forças armadas se encontram assustadoramente desprovidas de soldados .
Falou também em começar a instrução militar de 120.000 civis.
O encolhimento das mais respeitadas forças militares da Europa é atribuível a décadas de propaganda ingênua de que o comunismo morreu deixando o lugar a uma era sem choques civilizatórios voltada exclusivamente para a economia.
Por sua vez, o almirante holandês Rob Bauer, chefe do Comitê Militar da NATO, defendeu que os países membros devem se preparar para um conflito iminente aberto por Moscou.
No mesmo sentido o ministro sueco da Defesa Civil, Carl-Oskar Bohlin, falou para seu pais que, antes que seja tarde demais, todos devem se preparar para o pior dos cenários: uma guerra com a Rússia .
A Dinamarca ordenou duplicar o número de alistamentos e forneceu jatos F16 para a Ucrânia.
O serviço militar obrigatório, há anos abolido, está voltando a Europa e em alguns países incluirá às mulheres na previsão de uma guerra massiva .
E a União Europeia após muitas discussões, validou uma ajuda de 50 bilhões de euros em empréstimos e dons para sustentar Kiev até 2027 e mais 5 bilhões em ajuda militar, segundo Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, após reunião extraordinária em Bruxelas, no início de fevereiro, noticiada por “Le Monde” .
General Patrick Sanders, chefe das FFAA inglesas, alertou para guerra próxima com a Rússia |
O ministro da Defesa da Letônia, Andris Spruds, estuda retirar seu país do tratado sobre minas terrestres, ou Convenção de Ottawa.
Os países bálticos concordaram em construir uma “Linha de Defesa do Báltico”, um complexo de bunkers e fortificações, com sensores e obstáculos físicos anti-tanques além das minas.
“Podemos esperar que a NATO enfrente um grande exército de estilo soviético”, disse o diretor-geral do Serviço de Inteligência Estrangeira da Estônia, Kaupo Rosin, divulgada em fevereiro .
“Nosso plano é usar massivamente minas antitanque, minas de visão e todo tipo de outras minas”, disse Kusti Salm, secretário permanente do Ministério da Defesa da Estônia.
Políticos bálticos pedem fazer tudo o possível para que o Kremlin pense duas vezes antes de cruzar a fronteira .
O ponto de vista alemão
Exercício NATO |
Ele desenha diversos cenários possíveis de uma iminente guerra europeia desatada pela Rússia.
Segundo a hipótese “Defesa da Aliança 2025”, Moscou planejaria atacar o flanco oriental da NATO por volta de junho após uma contraofensiva bem-sucedida contra a Ucrânia, que parece estar acontecendo .
Essa “ofensiva de primavera” engajaria 200.000 homens e seria secundada por ataques cibernéticos e outras formas de guerra híbrida, primeiramente contra a Estônia, a Letônia e a Lituânia.
A Alemanha ocupa uma posição central nesses possíveis conflitos e é muito respeitada na planificação da guerra.
Vizinhos da Rússia temem os tanques de Putin e usam minas terrestres para se proteger de uma invasão russa |
Em qualquer um dos cenários, uma guerra aberta entre os dois blocos seria o início de uma Terceira Guerra Mundial, disse a CNN .
O conflito especulado teria como ponto de partida um exercício militar em grande escala na Bielorrússia denominado “Zapad 2024” e teria seu pior momento durante a transição presidencial dos EUA.
A Rússia arguiria falsos “conflitos fronteiriços” ou “motins com numerosas mortes”, ou até um complô macrocapitalista contra a gestão de Putin, o diria agir “em defesa própria” .
Francisco I pede a rendição da Ucrânia?
O golpe psicológico que mais favoreceu a estratégia de Putin proveio infelizmente do Papa Francisco I.
Em entrevista à Rádio e Televisão Suíça (RTS), propôs que a Ucrânia tivesse a “coragem de alçar a bandeira branca e negociar”, gesto universalmente interpretado como capitular diante da invasora Rússia.
A reprovação da proposta foi universal, a Ucrânia convocou o núncio apostólico [embaixador do Vaticano] Monseñor Kulbokas, em sinal de protesto, e se sucederam indignadas críticas e desmentidos vaticanos que não solucionaram o caso.
A diplomacia ucraniana acusou ao Pontífice de “legalizar a lei do mais forte” e apoiar Putin a “seguir ignorando o direito internacional” .
Francisco I pede a rendição da Ucrânia? Não pediu o mesmo ao agressor Putin, seu amigo |
O secretário geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou que “não é momento para falar em rendição” pois “seria um perigo para todos”.
A única solução negociada duradoura e pacífica passa pelo respaldo militar a Ucrânia, acrescentou.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, discordou das declarações do Papa.
“Kiev tem o direito de se defender e pode contar com nosso apoio”, asseverou.
Os bispos alemães qualificaram “infeliz” a fórmula do Papa, mas adotaram as contorções verbais vaticanas que tentam lhe dar um sentido “benigno”.
O fato que as palavras criticadas deram continuidade à velha diplomacia vaticana conhecida como “Ostpolitik” que há décadas tenta a aproximação com o comunismo, hoje atualizado em Vladimir Putin.
Conflito doutrinário na Igreja
Os ditos do pontífice também atiçaram o violento conflito doutrinário dentro da Igreja rotulado de “guerra civil” religiosa em todos os campos da teologia e da disciplina eclesiástica.
Ela se mostrou agravada pela posta em evidencia de uma infiltração de agentes russófilos provocadores no mundo católico, que não só militam na extrema esquerda mas também se fingem “conservadores” e desta posição aplaudem ou desculpam os crimes de Putin.
Então às pesadas nuvens carregadas do perigo de uma Terceira Guerra Mundial se somaram os temores pelo preocupante estado de saúde do Papa que poderia precipitar a eleição de um sucessor num Conclave decisivo para o futuro da Igreja.
NATO treina a defesa do corredor estratégico Suwalki Gap. Na Igreja, o conflito teológico-moral-litúrgico e disciplinar vai mais longe |
O que aconteceria, então, num contexto de conflito bélico iminente ou em ato, de formas caóticas de guerra híbrida, de ataques cibernéticos e invasões de migrantes empurrados desde Moscou percorrendo a Europa.
Nesse horizonte tenebroso, Putin “consagrado” em eleições fraudulentas, estaria interessado num Papa que olhasse para a Rússia como um baluarte contra o Ocidente corrupto, ponderou o prof. Roberto de Mattei .
Assim de três eleições aparentemente muito diversas – as presidências russa e americana, e a de um Papa num Conclave, que esperamos possa acontecer sem perturbações internas ou externas – neste ano 2024 pode se decidir o rumo da Igreja e do mundo.
Redoblemos las oraciones a Nuestra Señora para que intervenga ya y agradecemos una vez más estos esclarecedores artículos sobre la gravísima situación que se avecina.
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