quarta-feira, 27 de abril de 2016

Na Rússia só fica uma escola católica legal

Típico primeiro dia de aula na Escola Franciscana da Natividade de Novosibirsk.
Típico primeiro dia de aula na Escola Franciscana da Natividade de Novosibirsk.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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Em todas as áreas religiosas do mundo – pagãs, muçulmanas, fetichistas, etc., etc. – há escolas católicas mantidas por Ordens religiosas ou por missionários, às vezes com heroicos esforços. As escolas católicas têm prestigio até em países insólitos.

Por isso elas atraem uma multidão de muçulmanos no Paquistão e na Jordânia, de hinduístas na Índia ou no Nepal, de taoístas e agnósticos em Taiwan, e de ateus até em países comunistas como o Vietnã.

Mas na Rússia de Vladimir Putin não podem existir. Elas são fechadas por via policial ou ameaças de origem oficial. Na Rússia, país de 143 milhões de habitantes que ocupa a sexta parte das terras emergidas, a única exceção é a escola infantil católica de Novosibirsk, na Sibéria, informou o site “Religión en Libertad”.

Ela foi fundada cinco anos após a queda do Muro de Berlim, como uma experiência clandestina de frades franciscanos, num pequeno apartamento que depois foi sendo ampliado.

domingo, 24 de abril de 2016

A Rússia e os EUA mostram os dentes
nas fronteiras europeias

Exibição do poder de fogo dos tanques Abrams estacionados pelos EUA nos países bálticos
Exibição do poder de fogo dos tanques Abrams dos EUA nos países bálticos
Luis Dufaur
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Os EUA anunciaram a instalação de tropas armadas, incluindo artilharia pesada ao longo da fronteira ocidental da Rússia visando reforçar as posições da NATO e enviar uma mensagem clara a Moscou: volte atrás.

Esse é um movimento sem precedentes desde o fim da Guerra Fria, informou o site “Mashable”.

O general Philip Breedlove, comandante em chefe das tropas americanas na Europa disse que os EUA visam demonstrar uma “forte e equilibrada atitude que inspire confiança aos aliados da OTAN diante da agressividade da Rússia na Europa Oriental e qualquer outra parte do mundo”.

Os efetivos engajados incluem 4.500 soldados com 250 tanques, Bradley Fighting Vehicles, e Paladin autopropulsados e mais de 1.700 veículos adicionais que estão sendo dispostos em seis países desde o mês de fevereiro: a Bulgária, a Estônia, a Letônia, a Lituânia, a Polônia e a Romênia.

domingo, 17 de abril de 2016

É o Titanic afundando?
Não! É a economia russa!

É o Titanic que afunda? Não!, é a economia russa!
É o Titanic que afunda? Não!, é a economia russa!
Luis Dufaur
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O “Titanic” afundando foi a imagem dominante nas redes sociais russas nas festas de Natal e Ano Novo, as quais acontecem com alguma defasagem em relação ao Ocidente devido à diversidade dos calendários.

E desde então, os índices só pioraram.

O Titanic afunda?

Não!!! É a economia, respondiam em coro os cidadãos russos.

“O Titanic já colidiu, as adegas estão se enchendo de água fria, mas a tripulação e os passageiros da primeira classe se conduzem como se não estivesse acontecendo nada. O capitão almoça tranquilamente no salão”, escreveu o blogueiro Alexeï Kougourov, citado pelo jornal “Le Monde” de Paris.

“A todos aqueles que estão aguardando que a economia russa atinja o fundo dos mares para voltar à superfície, avisamos que o Titanic [o histórico] também tocou o fundo, porém nunca mais ressurgiu”, comenta um outro internauta com uma ponta de humor cáustico.

“Le Monde” fornece um apanhado da vertiginosa ciranda descendente de diversos indicadores, como a Bolsa de Moscou e a cotação do rublo, a moeda nacional.

domingo, 10 de abril de 2016

“Ressurreição” de Stalin na Rússia:
Putin esfrega as mãos

O culto de Stalin está voltando na Rússia de Putin: veneração do túmulo na Praça Vermelha, Moscou.
O culto de Stalin está voltando na Rússia de Putin:
veneração do túmulo na Praça Vermelha, Moscou.
Luis Dufaur
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Os comunistas russos declararam 2016 o “ano de Stalin”, em comemoração pelos 80 anos da constituição soviética redigida por ele em 1936.

O líder marxista dizia que era “a mais democrática do mundo”, embora tenha sido o ponto de partida para o massacre de milhões de seres humanos, escreveu o jornal “El Mundo”, de Madri.

Na cidade de Penza, a 600 quilómetros de Moscou, foi inaugurado um centro Stalin para “reabilitar” o nome do ditador e defender sua sinistra obra à testa da URSS.

O objetivo é “lavar o nome de Stalin após décadas de calúnias”, explicou Gueorgui Kamnev, líder do Partido Comunista na região de Penza.

“Ainda está viva uma geração que cresceu com a ideia do Estado como pai protetor”, reflexiona a compositora russa Maya, que pertence à geração dos novos russos que não conheceram o regime soviético.

“O problema é que esse pai protetor era ao mesmo tempo autor de uma infinidade de crimes”, acrescentou.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Países socialistas e Brics
lideram fluxo internacional de dinheiro ilegal

Países socialistas e comunistas lideram fluxos de dinheiro ilegal.  Confira relatório mundial completo em PDF
Países socialistas e comunistas lideram fluxos de dinheiro ilegal.
Confira relatório mundial completo em PDF
Luis Dufaur
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A demagogia “progressista” e socialista se empenha em atribuir aos países livres com economias prósperas e às suas classes dirigentes todos os males da corrupção e das ilegalidades financeiras.

Esses, aliás, existem como defeitos que devem ser corrigidos, mas nunca como pretexto para derrubar um sistema econômico legítimo.

Essa demagogia também se assanha contra os proprietários que construíram sua fortuna acumulando o fruto de seu trabalho honesto e esforçado.

Mas onde a demagogia socialista e “progressista” consegue impor seus pontos de vista e assumir as rédeas do poder, ela estabelece leis e reformas confiscatórias, estatizações, nacionalizações, expropriações, impostos e taxas devoradoras, ou seja, intervencionismo em todas as áreas da atividade econômica humana.

Essa demagogia se apresenta como querendo reformar a economia em nome da justiça social, além de punir os “burgueses” e os “ricos” que trata depreciativamente.

O que todo mundo vê é que quando um partido de tendência socialista ou comunista, apoiado ou não pelo clero progressista, assume o governo junto com medidas estatizantes, começam as falcatruas e as roubalheiras dos “puros” anticapitalistas.

Agora, o Global Financial Integrity (GFI), centro de pesquisas dos EUA, elaborou uma lista dos países que lideram o fluxo internacional de dinheiro ilegal.

Confira o relatório completo em PDF
E quem encontramos liderando a ilegalidade monetária mundial?

domingo, 3 de abril de 2016

Patriarca Kirill de Moscou:
líder religioso ou da nova-velha KGB?

A vida de oligarca do regime putinista horrorizada os fiéis russos.
A vida de oligarca da 'nomenklatura'  putinista
escandaliza até os fiéis cismáticos russos que fogem de seus ritos.
Luis Dufaur
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Kirill, patriarca de Moscou, era uma das figuras russas menos conhecidas no Ocidente até que a sua imagem se espalhou a partir do encontro com o Papa Francisco I, em Havana, Cuba.

As pomposas vestimentas religiosas desse chefe cismático prolongam a época gloriosa em que Constantinopla, de quem as herda, era unida à Igreja Católica e praticava o magnífico rito concebido essencialmente por São João Crisóstomo.

Nada dessa admirável liturgia e dos costumes eclesiásticos conexos foram concebidos pelo cisma, dito ortodoxo, na sua versão grega ou russa, ou ainda nas muitas outras que houve e há.

O Patriarcado de Moscou não passou de uma invenção política dos tzares que aproveitaram a venalidade do clero cismático.

Esse ficou vilmente submisso ao poder temporal, já nos idos tempos do cisma de Constantinopla, como mostrou o historiador Roberto de Mattei.

Kirill continua essa péssima tradição.

domingo, 27 de março de 2016

Kholmogorov: proposta de Kirill ao Vaticano:
algemar os greco-católicos sob o poder russo

Francisco I beija chefe cismático russo no aeroporto de Havana
Francisco I beija chefe cismático russo no aeroporto de Havana
Luis Dufaur
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O que visa o patriarca Kirill com sua manobra de aproximação do Papa Francisco?

O súbito e “milagroso” gesto do líder moscovita, empurrado por trás e por cima pelo seu patrão Vladimir Putin, foi repentino demais para não deixar de levantar agudas perguntas, logo depois do desconcertante encontro de Havana.

Alguns chegaram a supor a realização de obscuras profecias apocalípticas, inclusive de místicos cismáticos como Nicolai Berdaiev, sobre uma reconciliação das religiões monoteístas na iminência do Fim do Mundo e da segunda vinda de Cristo em pompa e majestade para encerrar a História e julgar vivos e mortos.

Mas, pondo de lado essas aplicações fantasiosas para o presente caso, o que se passou em Moscou para adoçar tão repentinamente a beligerância cismática contra Roma, vigente durante séculos?

O comentador nacionalista russo Yegor Kholmogorov, conhecido pelos seus posicionamentos afins com gestos gritantes de Putin, apresentou considerações muito mais próximas dos interesses do Kremlin. Elas foram reproduzidas pela agência EuromaidanPress.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Aviação russa bombardeia hospitais civis
e força migração de massa

Snapshot do 'El Mundo' de Madri 'cobertura' russa na verdade favorece o avanço do Estado Islâmico
Snapshot do 'El Mundo' de Madri: 'cobertura' russa na verdade
favorece o avanço do Estado Islâmico
Luis Dufaur
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O Departamento de Estado dos Estados Unidos denunciou mais uma vez um ataque aéreo da Rússia que atingiu um hospital na Síria. Washington pediu a Moscou explicações e uma investigação, informou G1.

Grupos “da sociedade civil síria” alegaram que a Rússia atingiu um ou vários hospitais com seus ataques aéreos sobre o país, explicou o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby.

Os EUA têm “informação operacional que leva a crer que os alvos russos não focaram unicamente o Estado Islâmico (EI), mas também causaram efeitos colaterais e vítimas civis”, acrescentou.

A Sociedade Médica Sírio-Americana, organização sem fins lucrativos, acusou a Rússia de atingir vários hospitais na Síria, incluindo um centro médico em Sarmin, na província de Idlib, que deixou pelo menos 12 mortos em 20 de outubro de 2015.

domingo, 13 de março de 2016

Justiça britânica: Litvinenko foi assassinado
com a anuência de Putin




“Os russos Andreï Lougovoï e Dmitri Kovtoun [antigo agente da KGB o primeiro e empresário o segundo] envenenaram de fato Litvinenko com polônio”, concluiu o relatório de juiz de instrução britânico Sir Robert Owen, ex-ministro da Suprema Corte, noticiou o jornal de Paris Le Monde.

“O operativo do FSB [novo nome da KGB] provavelmente foi aprovado por Patrouchev [Nikolaï Patrouchev, ex-chefe do FSB] e pelo presidente Putin”, afirma a sentença.

“Posso afirmar que, de um ponto de vista geral, os membros do governo de Putin, incluído o próprio presidente e o FSB, pelo fim de 2006 haviam concebido motivos para agir contra Litvinenko, inclusive para matá-lo”, escreve o juiz Owen.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Dezenas de milhares refugiam-se nos esgotos em busca de calor

Desabrigados procuram refúgio nos esgotos de Moscou e São Petersburgo
Luis Dufaur
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É difícil imaginar a desorganização e o despreparo, que fazem o povo russo padecer insondáveis males.

O comunismo e suas mazelas não foram varridos como deveriam ter sido nas décadas de aparente liberalização e bonança econômica que se seguiram à queda da URSS.

O sistema comunista ainda está em pé na Rússia, produzindo efeitos infernais.

Um deles é a miséria em que vivem milhões de russos, sem propriedade nem liberdade.

domingo, 6 de março de 2016

Milhares de russos reforçam o Estado Islâmico na Síria

Três mil russos no ISIS.
Três mil russos no ISIS.
Luis Dufaur
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A ONG Russian Social Council alertou que por volta de 2.500 russos estão combatendo junto aos terroristas do Estado Islâmico na Síria, informou a agência IraqiNews.

Elena Sutormina, chefe da Intercomissão para a cooperação internacional e a diplomacia pública da Câmara Cívica da Federação Russa, explicou:

“Os dados recentes indicam que ali há por volta de 2.500 russos e 7.000 cidadãos de outros estados independentes”, provavelmente se referindo a países membros associados à Federação Russa.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Declaração de Havana:
vitória do Kremlin será efêmera

Símbolo da perseguição religiosa na Crimeia que não podia ser ignorada pela Declaração de Havana
Símbolo da perseguição religiosa na Crimeia
que não podia ser ignorada pela Declaração de Havana
Luis Dufaur
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continuação do post anterior: Hoje como ontem, a Ostpolitik corteja o anticristo moscovita



Dom Sviatoslav lembrou que Moscou deblatera contra o notável progresso do catolicismo na Ucrânia como sendo uma indevida “expansão no território canônico do patriarcado de Moscou”.

Para o simples fiel essa posição soa como se o mundo eslavo fosse um coto fechado onde só podem existir os seguidores do patriarca e de seu chefe Putin.

Lembrou ainda que na “Federação Russa, hoje não temos possibilidade alguma de existência livre e legal, nem mesmo no território anexado da Crimeia, onde somos ‘re-registrados’ em conformidade com a legislação russa e onde de fato somos aniquilados”.

Carece, pois, de toda sinceridade a assinatura do líder russo no que se refere ao “inaceitável uso de meios desleais para incitar os crentes a passarem de uma Igreja para outra, negando a sua liberdade religiosa ou as suas tradições” (nº 24).

O arcebispo-mor ucraniano observou que o nº 26, sobre a agressão russa à Ucrânia, dá “a impresso de que o patriarcado de Moscou se nega obstinadamente a admitir que é uma parte do conflito, quer dizer, que apoia abertamente a agressão da Rússia contra a Ucrânia”.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Hoje como ontem,
a Ostpolitik vaticana corteja o anticristo moscovita

O Patriarca Kirill recebe o Cardeal Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos. Um documento feito nos termos impostos por Moscou. Os católicos concernidos foram mantidos na ignorância do que se preparava
O Patriarca Kirill recebe o Cardeal Kurt Koch,
presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos.
Um documento feito nos termos impostos por Moscou.
Os católicos concernidos foram mantidos na ignorância do que se preparava
Luis Dufaur
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A declaração assinada no aeroporto de Havana pelo Papa Francisco e pelo patriarca moscovita Kirill em 12 de fevereiro veio colidir com o sentimento de milhões de católicos no mundo inteiro, registrou o vaticanista Sandro Magister.

De modo especial na Ucrânia e na comunidade de rito greco-católico de origem ucraniana dispersa pelo mundo após as ferozes perseguições comunistas, a qual conta com cerca de 15 milhões de fiéis católicos. Nessas perseguições, o denominado patriarcado de Moscou teve parte ativa e resultou em grande beneficiário.

O arcebispo-mor do rito greco-católico, Mons. Sviatoslav Shevchuk, sintetizou:

“Muitos entraram em contato comigo e me disseram que se sentem atraiçoados pelo Vaticano, decepcionados pela característica de meia verdade desse documento, que chega como um apoio indireto da Santa Sé à agressão russa contra a Ucrânia.”

Confira no portal web oficial da Igreja greco-católica: “Dois mundos paralelos (em inglês)”.

Mas o líder do mais numeroso rito oriental católico não esteve isolado em sua severa crítica à linha filorussa da Santa Sé.

O novo Núncio Apostólico na Ucrânia, arcebispo Claudio Gugerotti, no cargo desde o mês de novembro, pediu aos fiéis para esquecerem o ato que lhes faz lembrar o beijo de Judas a Cristo.

Confira: O Núncio na Ucrânia sobre o documento de Francisco e Kirill: “É para esquecer” (em inglês)

Em 15 de fevereiro, Myroslav Marynovych, vice-reitor da Universidade Católica de Lviv, cofundador de Anistia Internacional Ucrânia, membro fundador do Ukrainian Helsinki Group e ex-prisioneiro político, escreveu com a verve de quem padeceu ao vivo o fruto do conluio entre o governo de Moscou e o patriarcado de Moscou.

Confira: Uma reunião histórica com consequências também históricas (em inglês).


Excertos da entrevista de Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk,
chefe do rito greco-católico ucraniano (“uniata”)


Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, cabeça da Igreja greco-católica ucraniana, abordou com grande respeito e filialidade o gesto do Papa Francisco. Mas ele o fez seguindo o exemplo de São Paulo, que resistiu em face a São Pedro, apontando-lhe as verdades com firmeza e espírito de verdade (Gálatas, 2-11).

São Pedro acertou o passo com o Apóstolo das Gentes e não se sentiu diminuído nem ofendido. É de se desejar que o Papa Francisco reaja de modo análogo, inspirado naquele de quem é sucessor.

Bispos húngaros assinam Constituição comunista em 1969 e ficam dependentes do arbítrio de Moscou.
Bispos húngaros assinam Constituição comunista em 1969
e ficam dependentes do arbítrio de Moscou.
Dom Sviatoslav ressaltou, de início:

“Baseando-nos em nossa experiência amadurecida ao longo de muitos anos, podemos dizer que quando o Vaticano e Moscou organizam encontros ou assinam textos conjuntos, é difícil esperar algo bom.”

E comentando o posicionamento dos dois, disse: “A intervenção do patriarca de Moscou nada teve a ver com o Espírito Santo, a teologia ou as questões religiosas atuais. O acento foi posto em expressões solenes sobre ‘o destino do mundo’ e sobre o aeroporto como ambiente neutro, ou seja, não eclesial”.

A respeito do texto da declaração assinada, o alto prelado ucraniano observou que “os pontos que concernem em general à Ucrânia, e em especial à Igreja greco-católica ucraniana, levantam mais interrogações que respostas”.

O arcebispo-mor de Kiev explicou que oficialmente o documento foi elaborado pelo metropolita russo Hilarion Alfeyev e pelo cardeal Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, encarregado do ecumenismo.

“É difícil imaginar uma equipe mais débil do que [a católica] que redigiu esse texto”, explicou D. Sviatoslav. Pois o texto não é de natureza teológica, mas política, envolvendo a agressão russa na Ucrânia e a política internacional.

D.Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor do Rito Greco-Católico da Ucrânia
D.Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor do Rito Greco-Católico da Ucrânia
D. Sviatoslav manifestou também seu espanto ante o fato de que, sendo ele membro do dito Conselho, não ter sido convidado a se manifestar, deixando os católicos ucranianos sem voz numa questão que os concerne a fundo.

Interrogado sobre o parágrafo 25, um dos que causaram mais consternação no mundo católico, o arcebispo respondeu:

“Parece que eles [os cismáticos russos] já não contestam o nosso direito de existir. Mas, na realidade, não estamos obrigados a pedir licença a ninguém para existir e agir”.

O líder da hierarquia greco-católica apontou uma contradição que, para o simples leitor, faz pensar numa artimanha hipócrita do patriarcado de Moscou.

Uma declaração conhecida como de Balamand, de 1993, vinha sendo utilizada pelo metropolita Hilarion “para negar nosso direito de existir, mas agora é utilizada para afirmá-lo.

“Insistindo na recusa do ‘uniatismo’ como método de união entre as Igrejas, Moscou sempre pediu ao Vaticano a proibição virtual de nossa existência e a limitação de nossas atividades.

“Esse requisito foi sempre imposto como uma condição, em termos de ultimato, para um possível encontro do Papa com o patriarca”.



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O “histórico encontro” entre Francisco e Kirill

O beijo de Francisco e Kirill no aeroporto de Havana: como o Kremlin desejava
O beijo de Francisco e Kirill no aeroporto de Havana:
como o Kremlin desejava
Roberto de Mattei
(1948 - )
professor de História italiano,
especializado nas ideias
religiosas e políticas no
pós-Concilio Vaticano II.
Corrispondenza Romana
Tradução: Hélio Dias Viana




Entre os muitos sucessos atribuídos pela mídia ao Papa Francisco, está o “histórico encontro” realizado no dia 12 de fevereiro em Havana com o patriarca de Moscou, Kirill.

Um acontecimento, escreveu-se, que viu cair o muro que há mil anos dividia a Igreja de Roma daquela do Oriente.

A importância do encontro, nas palavras do próprio Francisco, não está no documento, de caráter meramente “pastoral”, senão no fato de uma convergência rumo a uma meta comum, não política ou moral, mas religiosa.

O Papa Francisco parece querer substituir o Magistério tradicional da Igreja, expresso através de documentos, por um neomagistério transmitido por eventos simbólicos.

A mensagem que o Papa pretende dar é de um giro na história da Igreja. Mas é precisamente através da história da Igreja que devemos começar a compreender o significado do evento.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Incompreensíveis elogios do Papa Francisco a Cuba comunista

Incompreensíveis elogios do Papa Francisco a Cuba comunista
Incompreensíveis elogios do Papa Francisco a Cuba comunista



Francisco I e o patriarca ortodoxo Kirill, em documento conjunto assinado em Havana, tentaram justificar o local escolhido afirmando que Cuba seria “um símbolo de esperança no Novo Mundo.”

Honestamente, não se entende em que sentido um ilha-prisão comunista, com quase 60 anos de sinistra existência, poderia ser considerada como um símbolo de “esperança”.

1. Papa Francisco e Patriarca de Moscou Kirill, em documento conjunto assinado em Havana, tentam justificar o local escolhido alegando entre outras coisas que Cuba seria “um símbolo de esperança no Novo Mundo.”

2. Respeitosamente, não se entende em que sentido um ilha-prisão comunista, com quase 60 anos de sinistra existência, poderia ser considerada como um símbolo de “esperança”.

3. E verdadeiramente, é uma prisão que continua tiranizada pelos carcereiros que perseguiram os católicos com criando centros de “re-educação”, com presídios e até mesmo com pelotões de fuzilamento para se livrar de jovens católicos, muitos dos quais, é um imperativo de justiça lembrá-lo, morrera bradando “Viva Cristo Rey! Abaixo o comunismo!”

domingo, 31 de janeiro de 2016

O espectro de Stalin reaparece encarnado em Putin, dizem professores

O espectro de Stalin reaparece encarnado em Putin
O espectro de Stalin reaparece encarnado em Putin
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O regime de Stalin foi um dos mais criminosos da História: vinte milhões de assassinatos num cômputo minimalista, escreveu o catedrático espanhol de filosofia Gabriel Albiac Lópiz, da Universidade Complutense de Madri, no jornal espanhol “ABC”.

Porém, segundo o professor, Putin não é melhor nem pior que Stalin. Mais grave ainda: a sinistra sombra do assassino de milhões está voltando, corporificada no novo chefe do Kremlin.

Svetlana Aleksiévich, escritora bielo-russa que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2015, retrata bem o retorno a esse passado maldito no livro “O fim do Homo Sovieticus”, citado pelo professor Albiac:

“Uma forte nostalgia da União Soviética foi se espalhando por toda a sociedade. O culto de Stalin voltou…

“O partido no poder é uma cópia do Partido Comunista de outrora. Hoje o presidente usufrui de um poder semelhante ao dos secretários gerais do Partido nos tempos soviéticos, um poder absoluto”.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Kremlin combinou dopagem de atletas

Putin apontado pela Agência Mundial Antidoping como peça fundamental do esquema de dopagem de atletas na Rússia
Putin apontado pela Agência Mundial Antidoping
como peça fundamental do esquema de dopagem de atletas na Rússia 
Luis Dufaur
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A Rússia está muito perto de não ser representada nas modalidades de atletismo nas Olimpíadas de Rio de Janeiro.

O presidente da Associação Europeia de Atletismo, Svein Arne Hansen, espera que a Rússia não volte às competições internacionais a tempo de participar dos Jogos Olímpicos, noticiou a agência Reuters.

Segundo a mesma agência, os atletas russos foram banidos indefinidamente pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) em 2015, após a Agência Mundial Antidoping (WADA) relatar uma ampla rede de corrupção e cultura do uso de drogas na Rússia.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Teria Putin feito detonar o voo Metrojet 9268 matando 224 russos?
Ex-agente da KGB diz que sim

Luis Dufaur
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Teria Vladimir Putin ordenado a explosão do voo Metrojet 9268 em 31 de outubro último, matando a totalidade dos 224 dos passageiros e tripulantes que voltavam para casa em São Petersburgo, após férias no Mar Vermelho?

A interrogação parece de filme de ficção de terror. Mas segundo o major Boris Karpichkov, ex-espião da KGB (hoje rebatizada de FSB), não é tão fictícia, e bem pode ser a explicação do até agora insuficientemente explicado atentado.

O major foi treinado na mesma amoralidade de métodos que Vladimir Putin e disse ter todo um dossiê provando a acusação. O caso foi ventilado amplamente pelo jornal britânico “The Daily Mail”.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Patriarca de Moscou pede a recuperação
dos “valores” de Lenine e Stalin

Patriarca da cismática igreja ortodoxa de Moscou troca beijos com Vladimir Putin
Patriarca da cismática igreja ortodoxa de Moscou
troca beijo com Vladimir Putin
Luis Dufaur
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O patriarca Kirill, de Moscou – que além de ser reconhecido como chefe da igreja ortodoxa russa é também noto como “agente Mikhailov” da antiga KGB hoje FSB – exortou seus seguidores a recuperar os “valores” do período soviético, noticiou com satisfação a agência oficial Interfax.

“A Rússia moderna não existiria se não fosse o heroísmo das gerações precedentes que nos anos 20 e 30 não somente trabalharam a terra, coisa que também é importante, mas criaram os fundamentos da indústria, da ciência e do poder defensivo do país”, disse na abertura da 14ª exposição “A Rússia Ortodoxa. Minha História. O século XX. 1914-1945. Da grande perturbação até a Grande Vitória” dedicada à implantação da revolução bolchevista.

O representante do cisma russo é também conhecido ironicamente como “o Metropolita do Tabaco”, pelo controle que exerce sobre esse produto importado.

Dito controle lhe foi concedido pelo regime de Vladimir Putin em pagamento pelos seus serviços. Esse negócio funcionando de modo mafioso lhe teria permitido acumular uma fortuna pessoal de aproximadamente 1,5 bilhões de dólares.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Putin, terrorismo e guerra híbrida

Em Moscou, Putin inaugura a maior mesquita da Europa
Em Moscou, Putin inaugura a maior mesquita da Europa




A Rússia não só não dispõe dos recursos necessários para realizar o sonho imperial de Vladimir Putin – que já foi o da ex-URSS –, como carece dos meios para se sustentar em prazo médio.

Nessa contingência, nada poderia haver de melhor para o dono do Kremlin do que a Europa ser devorada por atritos internos – sociais culturais e religiosos – mais ou menos insolúveis.

Esta interrogação não implica que Putin inventou as causas da migração em massa.

Mas leva a perguntar se ele não as está exacerbando com vistas a debilitar – e quiçá, no futuro, submeter – o continente europeu, com mais um engenhoso estratagema de guerra híbrida.

Pela Europa Central – Ucrânia, Países Bálticos, Polônia – não deu certo. Era necessário outro frente e outras vestes. Pois não poderiam ser de novo os “homens de verde” que ocuparam a península da Crimeia. Isso já é conhecido demais.

O Kremlin precisava de uma outra estratagema de desconcertar os “quadrados” ocidentais. No contato pessoal com amigos russos de Moscou fiquei surpreso e muito agradado, constatando que o russo sob certos pontos de vista – não todos – é muito parecido com o latino-americano e com o brasileiro em especial.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Putin, o maior beneficiado
pela invasão islâmica da Europa?

Putin está se ficando como o maior beneficiado da invasão islâmica. Quem decifra a charada?
Putin está se ficando como o maior beneficiado da invasão islâmica.
Quem decifra a charada?
Luis Dufaur
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A invasão da Europa por ondas de imigrantes provenientes do Meio Oriente e da África, na sua maioria de religião muçulmana, está levantando muitas interrogações.

Para além dos problemas humanitários e emotivos focados pela mídia, em geral de modo sensacionalista, ouve-se falar de normas religiosas corânicas.

Mas essas exortações religiosas por vezes parecem exploradas numa engenhosa manobra de guerra híbrida, estilo de guerra que caracterizaria o início de uma III Guerra Mundial já em andamento.

Vejamos. A religião corânica prega a ocupação ‘pacífica’ das terras dos infiéis como uma forma de ‘guerra santa’ que abre as portas do ‘Paraíso’.

Mas se apertamos o raciocínio esta “invasão” muçulmana, constatamos a existência de muitas interrogações estranhamente silenciadas.

domingo, 22 de novembro de 2015

Guerra submarina pelas fibras ópticas chega ao Rio

O navio espião russo Yantar apareceu em Cuba
O navio espião russo Yantar apareceu em águas brasileiras
Luis Dufaur
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A nova Guerra Fria atingiu as nervuras mais estratégicas da sociedade da informação, escreveu o jornal “El Mundo”, de Madri.

O mundo cada vez mais interconectado por cabos de fibra óptica que atravessam os oceanos poderá em determinado dia amanhecer “sem sistema” até não se sabe quando.

Os EUA deixaram claro que a frota russa trabalha para grampear esses cabos. Mas isso não é tudo.

Pensando na Internet, a opinião pública pensa mais nos satélites, mas é pelos cabos submarinos que passam 95% dos dados telefônicos e de Internet de toda a Terra.

Por eles se fazem transações financeiras num valor de 10 bilhões de dólares (45 bilhões de reais aprox.) por dia.

Esses cabos têm apenas 6,9 milímetros de diâmetro, pesam até 10 quilos por metro, são flexíveis e não atrapalham a pesca.

Mas a Rússia desenvolveu tecnologias para grampeá-los. Já o tinham feito os EUA.

Mapa dos cabos submarinos no mundo. Fonte TeleGeography, Huawei Marine Networks.
Mapa dos cabos submarinos no mundo. Fonte TeleGeography, Huawei Marine Networks.
A HUAWEI autora do mapa é acusada pelos EUA de pertencer ao Exército do Povo Chinês.
Foi um dos capítulos mais secretos da velha Guerra Fria, que aconteceu a centenas de quilômetros das costas, com mergulhadores operando a dezenas de metros de profundidade a partir de todo tipo de naves: falsos navios oceanográficos, submarinos nucleares ou de bolso.

Sempre atrasado, o então presidente americano Barack Obama denunciou trêmulo que a Rússia de Vladimir Putin tomou a dianteira na ameaça contra a era da informação brilhante e frágil como uma nuvem.

O barco espião russo Yantar foi escorraçado das proximidades da Irlanda, acompanhado por britânicos até ingressar em águas brasileiras. Recusou-se a se identificar, mas após uma semana desaparecido das telas, teve que ancorar no Rio.

O Yantar é da classe Balzam, armada na década de ’80.

Segundo a Marinha americana, ecoada pelo jornal The New York Times, o Yantar leva dois mini-submarinos que podem atingir os cabos submarinos a vários quilômetros de profundidade. E na zona por onde o navio suspeito estava viajando existe uma enorme concentração desses cabos.

Segundo o Departamento de Defesa americano, a ameaça é mais séria. Moscou poderia estar montando um esquema de sabotagem das comunicações ocidentais, o qual lhe serviria de chantagem ou de arma, quando bem entender o ditador do Kremlin.

O 'Yantar' ancorado no porto do Rio de Janeiro
Leia-se: cortar os cabos e silenciar o mundo que se quer derrotar.

Será sempre muito difícil identificar onde foi feito o corte e, mais ainda, quem o fez. O reparo ou a substituição também será tremendamente complexo e caro.

Enquanto isso demorar, a Rússia, formidavelmente atrasada em matéria de comunicações, ficará dona da situação.

O Yantar também pode roubar a informação que transita pelos cabos.

Isso não é novidade. Em 1996, os EUA lançaram o submarino nuclear Jimmy Carter, especializado em espionagem.

Ele trabalha para a Agência de Segurança Nacional (NSA) e pode colocar aparelhos que 'escutam' a informação que circula pelas artérias vitais da rede cibernética.

Em outubro de 1971, o submarino nuclear americano Halibut – predecessor do Jimmy Carter – entrou no Mar de Okhost, entre a península soviética de Kamchatka e o Japão, instalando ali um enorme dispositivo de escuta sobre um cabo militar russo secreto.

O equipamento media 7 metros de comprimento e era substituído todo mês pelo Halibut, coletando uma quantidade formidável de dados da Armada vermelha.

Essa foi pega de uma maneira tão inimaginável, que os almirantes da URSS nem sequer se preocupavam em usar códigos. E os americanos entendiam às mil maravilhas tudo o que diziam.

O Viktor Leonov, outro barco espião russo no porto de Havana.
O Viktor Leonov, outro barco espião russo no porto de Havana.
Em 1980, um funcionário infiel da NSA denunciou a Moscou a humilhante situação. Em 1981, a URSS conseguiu apoderar-se do equipamento, que agora está exposto no Museu da Grande Guerra Patriótica dedicado à Segunda Guerra Mundial, em Moscou.

“Tout va très bien, Madame la marquise” (“Tudo vai muito bem, senhora marquesa”) recitava um vaudeville engraçadamente entoado por Maurice Chevalier, até o momento de comunicar à infeliz marquesa que seu marido tinha se arruinado e suicidado, que o castelo havia pegado fogo e que não sobrou nem a cavalariça, nem sequer o burrinho preferido da desmaiada dama.

“Tout va très bien, web de l’Internet!”

Até quando?

Isso está sendo pensado no Kremlin...