Fazendo a ponte com o passado soviético, parada em Moscou no 70º Dia da Vitória. |
O dia 9 de maio passado, 70 anos do fim da II Guerra Mundial, deveria ter sido um dia de glória para a “nova URSS” de Vladimir Putin.
Ele montou um show militar na Praça Vermelha de encher de inveja seus precursores da velha URSS.
A teatralização do espetáculo militar incluiu até o sinal da Cruz do Ministro da Defesa Sergey Shoygu, antes da dar início à revista das tropas formadas na Praça Vermelha.
A imensa parada fez lembrar o exibicionismo e a artificialidade dos tempos soviéticos.
Entre as joias da nova tecnologia militar russa estava o tanque pesado topo da linha T-14, que deveria fazer sua primeira aparição pública.
Mas no treino final do dia anterior, ele encrencou diante das câmaras e do nutrido público presente.
“Daqui não saio, daqui ninguém me tira”: nem puxado por correntes engatadas em outro tanque ele se moveu do lugar.
Ocorreu também um fenômeno de autocombustão: uma bateria de mísseis BUK, análoga à que teve a infame glória de abater o voo MH17 da Malaysian Airlines, incendiou-se.
A joia tecnológica, o tanque Armata T-14, pifou e não saía do lugar |
E em 16 de maio último, um foguete Proton-M, que levava o satélite mexicano MexSat-1, pegou fogo a 161 km de altura, desintegrando-se na queda, segundo comunicado da agência espacial russa Roskosmos, registrou The Huffington Post.
Poucas horas antes, a própria Roskosmos anunciou que a nave espacial Progress M-262M, ligada à Estação Espacial Internacional, não conseguiu ligar os motores e corrigir sua órbita, num duro fracasso para a propaganda do Kremlin.
O Sinal da Cruz do Ministro de Defensa Sergey Shoygu: piscada de olhos para os 'companheiros de estrada' no Ocidente |
Para Vladimir Putin tratava-se de uma cartada maior para projetar a imagem de sua “nova Rússia” no Ocidente.
A cantora britânica Sarah Brightman havia anunciado que decolaria em setembro do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, para dez dias de um propagandístico turismo no espaço. Mas vendo as recentes quedas, renunciou ao projeto por “razões familiares”.
Todo o mundo entendeu: o exemplo da nave Progress fora eloquente e nem pagando a cantora subiria num engenho desses.
Numa corrida contra o relógio, procurou-se conseguir um substituto para a vaga da cantora. Mas a imprensa russa ficou na especulação, pois nenhum voluntário se ofereceu para o assustador “passeio turístico”.
A teatralidade visou impressionar Ocidente e cultuar a pessoa do novo líder máximo. |
O silêncio da imprensa e dos “companheiros de estrada” do Ocidente teria contribuído decisivamente, pois a palavra de ordem é passar uma imagem grandiosa do novo “imperador” do Kremlin.
Ainda na comemoração de 9 de maio, o chefe do Kremlin agradeceu às potências ocidentais pelo “auxílio” que estas deram à URSS para derrotar o ex-aliado nazista com o qual os soviéticos iniciaram a II Guerra Mundial!
Como se a glória do esforço bélico e da vitória coubesse essencialmente à URSS, co-responsável pelo imenso morticínio.
Na festa da Praça Vermelha, a projeção mundial de Putin registrou uma perda muito sensível, mostrando o deprimente isolamento do líder que pretende ser o “novo Carlos Magno” de terras cismáticas.
Vinte anos atrás os maiores chefes de Estado do mundo – Bill Clinton, Helmut Kohl e François Mitterrand – acorriam a Moscou para assistir à parada-show militar.
Desta feita o amo do Kremlin esteve sozinho, com exceção do presidente chinês, também ele cada vez mais tirânico e isolado em seu país.
Também foram fotografados dois homens de confiança de Putin: os presidentes da Bielorrússia e do Cazaquistão, de escassa relevância internacional.
A coleção de frustrações tecnológicas e diplomáticas patenteou que Moscou não dispõe de recursos para emergir como uma genuína potência mundial, comentou o especialista Michael E. Lambert, doutorando em Relações Internacionais e História no Colégio Doutoral da Sorbonne e na Universidade de Tampere, na Finlândia.
O sorriso amarelo foi de praxe. As coisas estão andando mal na nova-Rússia. |
Esta conclusão não é tranquilizadora, alertou Lambert. A constatação da impotência excita a inveja do Kremlin e aumenta a sua agressividade em relação aos vizinhos, sobre os quais pode descarregar a sua cólera em aras da glória do César retratado no busto de material sintético de São Petersburgo.
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Hoje não se sabe, más na época da URSS, por causa desse t14 e não T14, muitos seriam solenemente fuzilados.
ResponderExcluirApesar do T14 ser um projeto antigo, da Alemanha, não se sabe quanto tempo levaram para tirá-lo do papel. Parece que foi feito as pressas para o dito evento e a prova disso é que já falam em modernização.
ResponderExcluirComo o autor do blog sabe que o sinal da cruz teve 'significados ocultos'? Que eu saiba, os russos fazem mais vezes sinal da cruz que qualquer Ocidental, principalmente antes de ocasiões de grande responsabilidade. Esse blog está cada vez mais subjetivo nas análises.
ResponderExcluirPrezado objetante Anônimo:
ExcluirEm parte alguma está escrito que o sinal da cruz teve 'significados ocultos'. A subjetividade não está no blog, mas no Anônimo.
atenciosamente
VIVA A RÚSSIA!!
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