Kharkiv: derrubada da estátua de Lenin, uma das maiores do mundo. |
A Ucrânia rompeu oficialmente com seu passado soviético adotando leis históricas para “des-sovietizar” o país.
A decisão foi saudada na ex-república da falida URSS, mas exacerbou as tensões com os separatistas pró-russos e encolerizou o Kremlin, informou El País, de Madri.
Os deputados ucranianos aprovaram, sem necessidade de grande debate, o conjunto de medidas legais visando apagar os estigmas de uma era de opróbrio e opressão.
As novas leis põem em pé de igualdade os regimes soviético e nazista. Também proíbem qualquer “negação pública” de seu “caráter criminoso”, bem como a “produção” e “utilização pública” de seus símbolos.
Notadamente o hino soviético, as bandeiras e os escudos da União Soviética e da República Socialista Soviética da Ucrânia, além do execrado símbolo da foice e martelo.
Para muitos, a proibição dos símbolos soviéticos deveria ter sido adotada há 25 anos, logo após a independência da URSS em 1991, como fizeram os países bálticos e a Polônia.
Deverão ser removidos na Ucrânia incontáveis monumentos erigidos à glória dos responsáveis soviéticos e numerosas estátuas de Lênin que o povo ainda não derrubou. Localidades, ruas ou empresas cujos nomes evocam o comunismo receberão outro nome.
Em caso de desrespeito a essas leis, organizações, partidos ou órgãos da mídia ficarão proibidos e os responsáveis poderão ganhar até 10 anos de prisão.
O Estado “realizará investigações e publicará informação sobre os delitos cometidos pelos representantes desses regimes totalitários, diz a nota explicativa da lei, reproduzida pelo serviço ZN.ua.
Símbolos da opressão soviética serão suprimidos nos locais públicos da Ucrânia |
Em sentido contrário, o analista político Volodymyr Fessenko diz que a lei “é radical demais. (...) Contém muitos excessos” que podem exacerbar as tensões nas áreas ocupadas pelos pró-russos, que têm forte nostalgia da URSS.
As leis também concedem estatuto de “combatentes pela independência da Ucrânia” aos ucranianos que lutaram contra a URSS.
O caso mais polêmico é o do Exército Insurrecto Ucraniano (UPA), que enfrentou o Exército Vermelho. Ele é muito considerado na Ucrânia ocidental, mas detestado pelos saudosistas da ditadura stalinista.
A Rússia reagiu como se tivessem tocado numa chaga que ainda sangra.
“Kiev está a utilizar métodos verdadeiramente totalitários que atentam contra a liberdade de pensamento, de opinião e de consciência”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, segundo Diário Digital.
“Ao colocar ao mesmo nível os agressores fascistas e os soldados que lutaram contra o fascismo (...), as autoridades ucranianas traem milhões de veteranos” e “tentam apagar da memória coletiva milhões de ucranianos”. O ministério moscovita age como se a Ucrânia ainda fosse uma província e não um país independente.
Tendência oposta na Rússia de Putin:
Restaurar o culto de Lenine e Stalin.
145º aniversário de nascimento de Lenin
comemorado perto de São Petersburgo.
Segundo Moscou, as leis adotadas pelo Parlamento ucraniano ameaçam “o próprio desenvolvimento da Ucrânia como Estado”, repisando a velha teoria de que a Ucrânia não está em condições de ser um Estado livre, e que portanto a invasão russa seria “natural”.
A reação zangada do governo de Putin patenteou o problema que está no cerne da questão do Kremlin e que é a causa de suas agressões aos vizinhos ex-escravos: restaurar o regime soviético, sim ou não?
O presidente Putin escolheu fórmulas astuciosas para defender sua opção radical: SIM ao sistema dos bolcheviques, porém com alguma maquiagem para não assustar os ingênuos do Ocidente, seus futuros escravos.
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