O robô Boris de alta tecnologia era um disfarce |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A guerra da informação do Kremlin costuma veicular grandes sucessos da ciência e da tecnologia russa especialmente em armas de destruição de massa.
Essas ‘realizações’, como nos tempos da falida URSS, patenteariam que o sistema russo está na frente dos sucessos materiais, e do futuro em consequência.
Porém de cada vez não demora a aparecer – e de fonte russa – a confissão de se tratar de fraudes propagandísticas. Uma das mais recentes deu até margem ao riso.
O sistema putinista apresentou um robô humanoide no foro tecnológico Proyektoria que segundo a TV moscovita causou sensação. Mas logo verificou-se que o robô na realidade era um homem disfarçado, escreveu a página de tecnologia de “El Mundo” de Madri.
O robô batizado Boris foi a estrela do evento, demonstrado “saber muito de matemáticas, mas que também iria a aprender a desenhar”, segundo a TV russa. Para maior espanto dos presentes mostrou saber bailar exibindo sua capacidade de movimento.
Segundo o jornal britânico TheGuardian, o canal estatal de notícias 24 Horas da Rússia garantiu que Boris “tinha aprendido a bailar e que não o fazia tão mal”.
Porém, muitos dos jovens presentes, estudantes de robótica e automação, perceberam haver coisas que não batiam. Logo apareceram nas redes sociais as primeiras observações críticas.
Até que a conclusão entrou pelos olhos adentro: dentro de Boris havia um jovem. E o robô era um mero disfarce.
O primeiro fator que impactou negativamente aos entendidos é que Boris não tinha sensores externos. Além do que, fazia muitos movimentos improvisados, algo impróprio de um robô que tem todos os gestos programados.
O site russo TJJournal foi o primeiro a denunciar essa contradição, e logo choveram as observações nas redes sociais confirmando a denúncia da farsa.
Boris até aprendia a bailar, mas aparecia o pescoço do ator |
O MBKH Media espalhou na sua conta de Twitter fotografia do ator se vestindo antes de pular ao cenário, até com o casco da trajem (ou ‘cabeça’) do robô nas mãos.
Outros usuários capturaram em Print Screen do programa de TV cenas em que aparecia com clareza o pescoço do ator.
A fantasia do robô Boris foi fabricada pela empresa Show Robots, segundo noticiou The Guardian. Custa mais de 3.400 euros, e está equipada com microfone que distorce a voz e uma Tablet que funciona como tela no capacete criando a ilusão de que o robô é autêntico.
Os organizadores de Proyektoria astuciosamente nunca disseram ser um robô. O foro foi concebido para formar os “futuros líderes intelectuais da Rússia”, e os fautores da enganação se cuidaram bem de serem pegos.
A instância que catalogou a Boris de robô foi a televisão estatal durante a emissão da reportagem.
A mentira servia para a promoção do “progresso” da Rússia liderada por Vladimir Putin e foi espalhada na hora.
Muitos milhões de russos que só podem ter acesso à informação oficial podem permanecer ainda no engano. E muitos ocidentais também, embora sabendo, mas fazendo propaganda do “Carlos Magno do Oriente”, Vladimir Putin.
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