Putin deblaterava contra a gerontocracia soviética, mas agora é sua vez de durar ao máximo |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Ao comandar o mais aparatoso desfile do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial em 20 anos de autocracia, o presidente russo, Vladimir Putin, consolidou a tentativa de reescrever a história para se promover no presente, noticiou GauchaZH, com matéria de Igor Gielow da Folhapress.
Há 75 anos, Stalin oprimia com dentes de ferro a União Soviética enviando à morte 27 milhões de homens para consolidar o domínio comunista acertado na conferência de Yalta.
E o fazia após provocar a II Guerra Mundial aliado a Hitler.
A máquina de propaganda tentou mobilizar todos os fãs de Putin. Mas os fatos confirmaram que são poucos |
Ele põe de lado a Vladimir Lenine que considera muito intelectual, mas que na URSS 2.0 poderia ser tratado de Vladimir I enquanto fundador da opressão bolchevista.
O primeiro Vladimir encarnou a inteligência infernal que fez a Revolução Bolchevista de 1917 e fundou a URSS.
Foi ele quem formulou de um modo satanicamente eficaz as táticas da subversão comunista.
Por isso seu nome ficou colado com o de Karl Marx na fórmula marxismo-leninista.
Vladimir II escolheu a data de 22 de abril aniversário da fundação da URSS para o plebiscito “preparado” e que o elevaria à condição de um czar moderno, formado na KGB, praticamente até o fim da vida.
A explosão do Covid-19 o obrigou a mudar a data do referendo que passou o para o 1º de julho, festa soviética que atribuía a Stalin e a URSS a vitória na II Guerra Mundial.
A “parada militar do coronavírus”, como foi apelidada por críticos da oposição, transcorreu do modo mais espalhafatoso possível para glorificar aquele pelo qual se devia livremente votar: Vladimir II.
Soldados chineses desfilam para prestigiar o novo czar que iria ser eleito em poucos dias |
A propaganda comunista sempre negou tudo o que não lhe era útil e agigantou tudo o que lhe servia.
Hoje, os túmulos dos milhões de mortos dos campos de concentração nem podem ser procurados. E se morrem poucos ou muitos pelo Covid em virtude formidavelmente desastroso sistema de saúde o sistema de aferição dos corpos depende do que dispõe a propaganda do Kremlin.
O desfile ocorreu uma semana antes do referendo.
Ai de quem errasse. Mas muito erro não iria modificar o resultado prescrito: 76% aprovou a Constituição de Vladimir II.
O tratado de Yalta foi comemorado como triunfo soviético. |
Ficará no poder até os 83 anos, em 2036. Ele sempre falou contra a gerontocracia soviética.
Hoje após ser eleito presidente quatro vezes desde 1999 não se incomoda com a contradição.
Pela nova Constituição quem difamar os feitos de seus heróis soviéticos, leia-se os crimes comunistas, será criminalizado.
O fervor patriótico e a exaltação de valores russos tradicionais é a amola da propaganda putinista.
E se alimenta agredindo os vizinhos e mantendo o país em pé de guerra prestes a morrer num holocausto nuclear contra a Novo Ordem Mundial que os inimigos da Rússia quereriam impor ao país.
E a imposição da tirania – hoje ‘monarquia’ – putinista é uma libertação por um imperador de legenda!
Putin idealizo os erros de Stálin e suas atrocidades como o massacre da oficialidade polonesa em Katyn, para legitimar sua posição interna.
Música para festejar o pseudo-czarismo concebido segundo um capricho ditatorial |
A festa eleitoral putinista devia contar com a presença de seu compadre Xi Jinping (China) e do ambíguo Emmanuel Macron (França).
Porém, os dois ficaram em casa cuidando do coronavírus, atividade mais razoável do que um gigantesco cancã militar para incensar um outro.
O presidente do Quirguistão foi embora antes da hora quando dois assessores foram confirmados com Covid-19 ao chegar a Moscou onde o Carlos Magno do Oriente está entrando em vitoriosa glória, vácua, mas ameaçadoramente perigosa.
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