Na África Central até os treinos de recrutas são em russo |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Vídeos que circulam principalmente na Rússia e diferentes relatórios de equipes de investigação mostram a brutalidade dos métodos usados pelo Grupo Wagner, segundo descreveu reportagem da BBC Mundo divulgada por “La Nación”.
Essa milícia privada foi criada para agir sobretudo no exterior sem ostentar distintivos do exército russo e dela já temos tratado em alguns posts deste blog.
Ou também:
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Para não serem pegos guerreando no exterior
Venezuela será base para incursões militares russas?
Mercenários russos no Chile e na Bolívia até Síria e África Central
Jornalistas e analistas descrevem essa tropa de mercenários como uma força militar “não oficial” em favor de um patriotismo russo exacerbado contra a assombração de uma conspiração capitalista contra a Rússia e o mundo.
Na Síria caíram dúzias de mercenários da 'Wagner' evidenciando a ação de Putin |
O Kremlin rejeita dirigir essa organização e nega que o Putin a favoreça. Mas as provas acumuladas são esmagadoras, especialmente as colhidas na invasão da Ucrânia e durante a anexação da Crimeia por Moscou em 2014.
Amy Mackinnon, pesquisadora do portal analítico Foreign Policy em Washington, disse à BBC Mundo da milícia Wagner: “podemos classificá-la como uma rede sombria de operadores”,.
A especialista dá o exemplo do caso de uma pessoa torturada e decapitada por milicianos que a imprensa russa identificou.
Aleksandr Sergeyevich Kuznetsov condenado por diversos crimes na Rússia assumiu o comando de uma companhia de assalto da Wagner e foi premiado por Putin |
Mackinnon explica que o “modelo híbrido”, os “métodos brutais” e uma ideologia ultranacionalista visam confundir os investigadores ocidentais.
Paul Stronski, diretor do programa da Carnegie Endowment for International Peace na Rússia e na Eurásia diz que o Grupo Wagner “multiplica as forças de combate, traficantes de armas, treinadores de militares e pessoal de segurança local”.
Explica que não é a única empresa militar privada originária da Rússia com essas características. Porém, é a mais conhecida.
O uso desses bandos armados tem antecedentes na Guerra dos Bálcãs no final do século XX e nos milicianos marxistas russos que lutaram na Guerra Civil Espanhola na década de 1930.
A milícia Wagner esteve presente em todas as recentes guerras da Rússia, por vezes lado a lado do exército russo “oficial”, por vezes por conta própria.
Não é, portanto, uma prestadora de serviços de segurança privada, e está muito envolvida com as políticas que promove o Kremlin.
Mas, se Moscou queria camuflar sua intervenção nos países estrangeiros, o artifício fracassou. Suas operações foram documentadas por grupos de pesquisa independentes.
O desempenho de Wagner na Líbia não foi bem-sucedido.
Um exemplo outro exemplo calamitoso se deu no leste da Síria em fevereiro de 2018, quando uma de seus batalhões atacou uma unidade regular dos EUA.
O revide do exército americano fez centenas de vítimas entre os agressores de língua russa. O que queriam?
Blog russo ironiza |
Stronski aponta que a Rússia tem uma longa experiência no uso desses grupos ilegais.
Esses poderiam ser comparados aos nossos horríveis PCC ou Comando Vermelho. Alguns deles “trabalham” fazendo desaparecer opositores do chefe supremo aliado de Moscou ou matando-os.
Amy Mackinnon diz “não ter dúvidas. Eu os considero extensões do exército russo”.
O governo Putin, infalivelmente, nega isso. Quem acredita? Hoje, muito poucos, muito ingênuos ou de muita má fé.
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