Estranhos fatos na região Ártica russa. Imagem via Russian Television |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Mais uma vez, a pitoresca cidadinha de Nyonoksa, numa área pouco povoada do Ártico, foi declarada “zona de perigo” porque a marinha russa ia tentar um experimento militar secreto, noticiou ClickPB com informações de Igor Gielow da Folhapress.
Os cerca de 500 moradores da vila costeira de Nyonoksa no Mar Branco receberam a comunicação de que cinco ônibus estavam prontos para evacuá-los como precaução devido às atividades planejadas nas instalações de armas militares próximas.
Os moradores foram transferidos ao centro regional de Severodvinsk, a 40 km.
Os marinheiros e outros trabalhadores marítimos no Mar Branco, receberam proibição das autoridades portuárias de Arkhangelsk de entrar em uma área começando na costa de Nyonoksa e na cidade vizinha de Severodvinsk e estendendo-se para nordeste.
A natureza do teste é misteriosa, como acostuma ser na Rússia. Em agosto de 2019 uma grande explosão nuclear alertou Nyonoksa. Teria sido o fracasso do teste do novo míssil russo chamado Burevestnik (em russo: petrel, ave marinha) em que morreram cinco técnicos e a radiação foi registrada nos países vizinhos.
Acontece que o povo não acredita nas informações oficiais, e a saída apressada da cidade segue um esquema análogo ao da tentativa de acobertamento do desastre nuclear em Tchernóbil pela URSS em 1986.
O míssil Burevestnik em teste marítimo está sendo desenvolvido com o chamado “torpedo do Juízo Final” que pode levar uma carga equivalente a por volta de 6.600 bombas de Hiroshima até alvos a mais de 10 mil quilômetros. O Burevestnik é designado pela aliança militar ocidental como SSC-X-9 Skyfall.
Acidentes em testes nucleares em anos anteriores preocupam russos |
Os acontecimentos estranhos na base secreta russa movimentaram fotos nas redes sociais, nem sempre verídicas ou verificáveis, acompanhadas de perguntas inquietantes como se seria o sol ao amanhecer em altas latitudes ou mais um teste de mísseis secretos? observou Defesa.tv.
O site do Exército nacional destaca a falta de informação adicional sobre a natureza exata do teste da semana passada. Não há notícias dos resultados e sobre o desejável retorno da população às suas casas.
No entanto, prossegue Defesa.tv, a notícia veio entre relatos no final de junho de que os níveis de radiação no norte da Europa estavam acima do normal, um fenômeno que alguns cientistas atribuíram a prováveis testes de armas da Rússia no Ártico.
Em 23 de junho, a Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBTO) informou que cientistas na Suécia haviam detectado níveis extraordinariamente altos de radiação com origem no norte da Rússia.
Imagens de satélite de radar de código aberto mostravam um navio russo associado aos testes do drone submarino movido a energia nuclear Poseidon na costa de Nyonoksa em 23 de junho.
E alguns especialistas especulam que um teste fracassado do Poseidon poderia ser o culpado do recente pico de radiação. Moscou nega que esse incidente tenha ocorrido, acrescentou Defesa.TV.
O teste, falido ou não, teria sido do 9M730 Burevestnik, conhecido como “Skyfall” entre os militares da OTAN. É um míssil de cruzeiro movido a energia nuclear e com armas nucleares com alcance praticamente ilimitado.
Russos não acreditam em explicações oficiais |
Uma apresentação em vídeo de exemplo ilustrado de um dos sistemas de armas mostrou um ataque simulado à Flórida.
Putin, que considerou as novas armas da Rússia “invencíveis”, alertou os EUA para levar a sério o poderio militar da Rússia.
Além do Burevestnik, em 2018, Putin apresentou outras novas armas que segundo ele seriam capazes de derrotar os sistemas de defesa antimísseis dos EUA.
Entre eles estava o veículo hipersônico Avangard, supostamente capaz de voar em Mach 27. O Avangard entrou em operação em dezembro.
Também um drone submarino movido a energia nuclear, o “Poseidon “, que se aproximará da costa de um adversário, detonará uma arma nuclear e criará um tsunami de 500 metros ou 1.640 pés.
Reportagens de revistas científicas falam de que a Rússia pode estar ressuscitando programas de mísseis antissatélites da era soviética, particularmente o Kontakt, que deveria ser disparado de um caça MiG-31D.
Foto de satélite das instalações navais junto a Nyonoksa. Foto cortesia Maxar Technologies |
Putin vem insistindo em que a Rússia revidaria com armas nucleares os movimentos militares inclusive convencionais, na Europa e notadamente na Polônia, se o Kremlin acha que ameaçam a Rússia e seus aliados.
O desenvolvimento de novas armas nucleares táticas americanas também está progredindo, após anos de estancamento porque os EUA respeitavam os acordos, enquanto a Rússia os violava acintosamente.
É imprevisível o que possa acontecer porque uma eventual escalada em qualquer canto do mundo a partir de um episódio montado ou autentico para acionar os arsenais estratégicos que extinguem povos inteiros.
Até um agravamento da crise interna russa pode levar o regime ditatorial a uma guerra total para manter unido o país sob o látego do Kremlin.
Desde uma ótica diversa a revista americana “Forbes” também difundi que a suspeita nuvem radioativa poderia ser consequência de um teste de algumas das novas armas que, segundo Putin, a Rússia estaria desenvolvendo e já em fase de testes.
A Rosatom, órgão oficial russo para a energia atômica, nega que a radiação provenha de alguma de suas usinas nucleares.
Mas não é isso o que se temia e a resposta pareceu mais uma escapatória.
Não é a primeira vez que falham os testes na base vizinha de Severodvinsk e de Nyonoksa. A última catástrofe aconteceu em agosto de 2019.
As suspeitas dos especialistas ocidentais miram o míssil Burevestnik e não o Poseidon que viaja sob a água e cuja eventual radiação não teria chegado até centenas de milhas na Escandinávia como foi no caso.
Porém navios de guerra e fechamento de áreas à aviação insinuam uma ou outra arma, deduziu “Forbes” com informações da atividade militar russa na área naqueles dias.
O Kremlin nunca informará o que aconteceu, nem para bem, nem para mal, mas os indícios apontam não para instalações civis, mas para testes de guerra nuclear, concluiu a revista “Forbes”.
das novas armas atômicas do Kremlin
mas não pode
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