Putin protegido contra o Covid |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Putin criou para si uma impenetrável blindagem sanitária para proteger sua saúde na pandemia, embora propagandeie que a vacina russa é a melhor do mundo e falou que se vacinou, mas não se sabe com qual, segundo reportagem de “La Nación”.
Os reis portadores das coroas cristãs não mostravam esse terror.
São Luis IX ia administrar justiça à sombra de um carvalho em Vincennes e recebia a quem quer que se apresentasse com uma queixa, até o mais miserável doente.
Os reis da França, até o último sagrado em Reims, após a coroação tocavam numa multidão de “escrufulosos” que os aguardavam do lado de fora da catedral de Reims dizendo “o rei te toca, Deus te cura” sem medo a se contagiar.
O que eram os “escrufulos”? Não se sabe com certeza.
São Luis toca os doentes |
Mais provavelmente o termo deve ser entendido em senso genérico, abarcando muitas infecções e doenças que a medicina da época não sabia catalogar.
A rainha Elisabeth II, que bate todos os recordes mundiais de longevidade no trono, quando jovem foi alertada para não participar no cortejo solene no Mall de Londres montada a cavalo como acostumava faze-lo. Havia perigo de atentado.
Ela não quis se distanciar do povo que a aguardava no enorme percurso. E o disparo assassino partiu.
Mas, a rainha preocupou-se mais em acariciar e acalmar seu cavalo nervoso pelo disparo e pela correria policial. O vídeo está em Youtube.
No século XIX, numa viagem ao interior de Minas, uma mulher de cor fazia grande esforço para se aproximar a D. Pedro II. O imperador compadecido, ordenou que a deixassem vir.
— Meu senhor, eu sou Eva, uma escrava fugida, e venho pedir a Vossa Majestade a minha liberdade.
O imperador mandou tomar as notas necessárias e, de retorno, entregou à cativa o documento de alforria.
Algum tempo depois, no palácio de São Cristóvão, no Rio, viu um guarda tentando impedir que uma negra velha entrasse.
Ele reconheceu a ex-escrava de Minas, e ordenou: “Entre aqui, Eva!”. E ela entregou ao seu protetor um saco de abacaxis, colhidos na roça. (Leopoldo Bibiano Xavier, “Revivendo o Brasil-Império”, Artpress, SP, 1991, 240 p.).
Essas cenas não acontecem com déspotas e tiranos de qualquer espécie que mal conseguem dormir sob o peso de sua consciência.
Eles vivem obsedados com a ideia de que alguém vai mata-los ou que a maldição a qualquer momento se abate implacável sobre eles com inesperadas desgraças, até preternaturais, e pandemia incluída.
Então se rodeiam, a qualquer preço, dos mais complicados sistemas de proteção.
Putin chega a ficar irreconhecível até os mais próximos |
Durante o ano passado, centenas de pessoas tiveram que ficar em quarentena na Rússia, antes de chegarem perto do omniarca.
Alguns tiveram que se isolar mesmo sem ter contato direto com o presidente, mas com outras pessoas que iriam encontrar o chefe absoluto.
Em abril de 2020, 60 membros da tripulação especial da Rossiya Airline, linha aérea a serviço exclusiva do Putin e de sua nomenklatura entraram em quarentena num hotel não longe de Moscou.
Centenas de pilotos, médicos, motoristas e outras equipes de apoio, e até visitantes do presidente, sofreram a quarentena numa dúzia de hotéis para proteger o presidente de infecções.
A BBC estima que a Diretoria do Presidente da Federação Russa, gastou cerca de US$ 84 milhões do orçamento do Estado para proteger o ditador.
Pelo menos 12 hotéis foram requisitados em Moscou e região circundante, até na Crimeia invadida, um dos locais de férias favoritos do presidente Putin.
Luís XIV - o 'Rei Sol' - toca empestados. Carlos X, último rei legítimo continuou a tradição. Igreja de Saint-Riquier, Somme |
Foi adiada a grande parada para comemorar o 75º aniversário da vitória na Segunda Guerra Mundial, evento muito cultuado como vitória do regime soviético.
Os mais de 200 veteranos de guerra e celebridades que apertaram as mãos do Putin e receberam prêmios ficaram confinados por duas semanas antes de se encontrarem cara a cara com o presidente.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov elogiou as condições materiais em que passaram essa quarentena.
As agências de notícias estatais russas TASS e RIA-Novosti publicaram histórias idênticas sobre os maravilhosos “hotéis de Moscou” onde ficaram presos perto de 20 jornalistas.
Em quartos individuais, que deviam limpar sozinhos, não podiam falar entre si, não podiam fumar ou beber álcool e eram alimentados três vezes ao dia, deixando comida e bebida fora de seus quartos, junto com talheres.
Putin e os seus percebem que um desígnio sobrenatural paira ameaçadoramente sobre eles.
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