Funeral católico na igreja dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Lviv |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Muitos americanos – e com eles muitas pessoas de bem no mundo inteiro – estão se perguntando como foi possível que o assassino de um número cada vez maior de civis indefesos na Ucrânia possa haver sido considerado como líder conservador mundial: Vladimir Putin. Cfr.: “Como a direita americana aprendeu a amar a Rússia”, The New York Times,
Caem as bombas de fragmentação na Ucrânia que ferem e destroçam cranças e idosos indiscriminada e cruelmente.
Mas ainda há jornalistas da grande mídia ou influenciadores das redes – tal vez eles próprios manipulados desde São Petersburgo – que continuam a retorcer as palavras para tentar salvar a quem mostra um rosto impávido enquanto acena armas nucleares contra a humanidade.
O até agora respeitado âncora da Fox News, Tucker Carlson, procura achar que não há tantas razões para odiar a Putin. E argumenta que Putin nunca o insultou ou discordou com ele, mas moderou seu putinismo.
O aplaudido entre os conservadores ex-presidente Donald Trump insiste em apresentar Putin como “inteligente”.
E enquanto se multiplicam os relatos de explosões russas na Ucrânia, as mães correm a salvar seus filhos e os civis partem para defender heroicamente suas propriedades e famílias, Trump volta a martelar sua admiração pelo líder russo que comanda o massacre.
Steve Bannon, ex-estrategista-chefe da Casa Branca de Trump, saudava a Putin horas antes do ataque da Rússia à Ucrânia, hoje anda sumido mas sem ter apresentado uma correção de seu putinismo assumido.
Manobras de engano como estas já foram postas em ação pelo cinismo comunista quando a situação apertava. Já tivemos ocasião de desenvolve-las com a extensão possível em nosso blog.
Veja por exemplo: “A ‘cruzada’ de Stalin para salvar o cristianismo em 1941: truque revivido por Putin”
“O comunismo é o cristianismo “sublimado”diz Putin!”
“Manipulação da mensagem de Fátima pela Rússia”
Essas enganações resultam da chamada “guerra da informação” ou “psy war” praticada por líderes de fundo anticristão. Cfr.: A guerra russa da informação
O venerável Pe Reus conta ter desmaiado de dor várias vezes lendo nos jornais alemães que chegavam ao seminário de São Leopoldo, RS, as blasfêmias de Hitler.
Por exemplo: “em 1º de outubro de 1936: “ontem à noite, li as blasfêmias de Hitler: ‘ontem, hoje e eternamente. Fora Cristo!’ Chegando ao quarto cai no chão de dor” (Autobiografia e Diário, vol 2, nº1806, Editora Unisinos).
Entretanto muitos “conservadores” e direitistas franceses viam em Hitler o demiurgo saído das florestas germânicas que iria a salvar o mundo das insídias mais negras.
Voltando a Putin, na invasão da Ucrânia, ele tirou uma máscara de conservadorismo que veio enganando a muitas pessoas sinceras.
Em 2016, e o presidente russo espalhou ativamente por meio de seu filósofo preferido, Aleksandr Dugin, que queria que Trump vencesse.
Trump lhe agradecia tê-lo tirado da inadimplência com o imposto de renda e até contratou um certo Manafort agente da polícia secreta russa para dirigir sua campanha, tal vez sem sabe-lo, até ser pego pelo serviço secreto americano. Cfr. “’Washington será nossa’: a comemoração do Kremlin”
O filósofo ‘preferido’ de Putin, Dugin, pregava então que “Os ucranianos devem ser extintos” e sobre tudo os católicos se sentiam visados. Cfr.: “Ideólogo de Putin logra desavisados no Ocidente
Em 2018, o comentarista político Pat Buchanan defendia que Putin e o ditador bielorrusso Alexander Lukashenko que participa desde seu país do derramamento de sangue na invasão da Ucrânia estavam “defendendo valores tradicionais contra as elites culturais ocidentais”.
O Viasna Human Rights Center, uma organização dedicada a acompanhar os abusos da Bielorrússia, calcula em mais de 1.000 presos políticos na Bielorrússia, muitos dos quais foram feitos prisioneiros e torturados por reunião pacífica.
Esse ditador instalado no poder supremo à décadas e que ostenta as insígnias da criminosa polícia política de Stalin KGB, por que é que é “conservador” e “defende valores tradicionais”?
O “conservador” americano Richard Spencer se referiu à Rússia como “a única potência branca do mundo”, quando grande parte de sua população é asiática e amarela.
A agressão inumana contra a Ucrânia oferece a oportunidade para apagar qualquer imagem de `colabo` |
E acrescentou: “vejo o presidente Putin como o líder do mundo livre”. Livre como o pobre aposentado que foi esmagado propositalmente em seu carro velho por um tanque invasor.
A “guerra psicológica” usada maliciosamente também forjou imagens coletivas falsas nas esquerdas.
O escritor de opinião do “Washington Post”, Christian Caryl, observou em 2018, que no século XX os comunistas americanos se ufanavam da Rússia stalinista.
A realidade, porém, desmentia a fantasia embriagadora: se tratava de um regime brutal. A queda da URSS lhes desvendou a verdade em todo seu horror.
Até a invasão da Ucrânia, em volta da Rússia de Putin tão celebrada pelos conservadores, de certa forma, se cultuava uma análoga ficção. E está dando oportunidade para uma também sadia queda no real.
Putin não está travando uma guerra pelos valores morais: ele está matando vidas reais, famílias, destruindo propriedades e moradias. E ameaça o mundo com a pior dos massacres: a guerra nuclear.
Isso é ser “conservador”?
Felizmente, muitos estão caindo em si e abandonando a fantasia. O sangue derramado na Ucrânia terá o mérito – quão caro aliás – de, pelo menos a abrir os olhos de muitas vítimas da "guerra da informação" do coronel da KGB.
Rezemos pedindo todo o bem para os heroicos ucranianos que hoje sob o terror de misseis e bombas, estão defendendo com coragem sua pátria e pelos milhões de católicos ucranianos que estão defendendo a Igreja Católica.
Espero que a peregrinação dessa imagem consagre a Rússia a Nossa Senhora. Toda noite rezo por esse milagre.
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