terça-feira, 29 de julho de 2014

Máquina de desinformação de Putin trabalha a toda

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Putin pôs em movimento sua máquina de desinformação. Através da agência Interfax de Moscou, espalhou o bluff de que o míssil assassino fora apontado contra seu avião que voava pela região e só atingiu o da Malaysia Airlines por erro.

“Accuracy in Media”, organização independente que investiga a veracidade das declarações espalhadas pelo macrocapitalismo publicitário, verificou que o avião do presidente russo não sobrevoa território ucraniano há uns bons anos.

A jornalista britânica Sara Firth deixou o canal Russia Today, uma mídia criada por Putin para disseminar sua imagem “cristã” e “conservadora” no Ocidente.

Sara saiu no dia seguinte à tragédia do voo MH17, acusando seus ex-chefes da TV russa de “ter organizado fatos para construir uma fantasia”.

domingo, 27 de julho de 2014

Líderes de direitas europeias mudam opinião
e se afastam de Putin

Vladimir Putin no cosmódromo Plesetsk.
Fundo: bandeira com a foice e martelo na Crimeia.

O eurodeputado Nigel Farage conduziu o Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP) à vitória nas recentes eleições europeias, derrotando todos os partidos tradicionais de seu país.

O jovem eurodeputado luta para que a União Europeia tire suas garras da Grã-Bretanha e cesse de estrangulá-la com seus projetos de República Universal.

Entrementes, Nigel Farage havia sido enganado pela ilusão de que o presidente russo Vladimir Putin era o maior estadista da nossa época.

Mas diante do crime do voo MH17 e a reação suspeita do líder russo, Farage mudou corajosa e lucidamente de posição.

Ele declarou ao jornal “The Telegraph” que Putin se mostrou “frio e insensível até à dureza” e que não o admirava mais, meses depois de afirmar o contrário.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Um ‘exército de assassinos’ e ciberguerreiros da contrainformação é a arma secreta de Putin, diz “Foreign Policy”

‘Exército de assassinos’ e ciberguerreiros da contrainformação é arma secreta de Putin
‘Exército de assassinos’ e ciberguerreiros da contrainformação
é arma secreta de Putin
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A reputada revista “Foreign Policy” abordou um tema assustador. Segundo ela, a crise da Ucrânia vem revelando que o GRU, o aparelho de inteligência militar da Rússia, formou um ‘exército de assassinos’ que constitui a arma secreta de Putin.

O GRU (Glavnoe Razvedyvatelnoe Upravlenie) já está agindo como “importante instrumento de política externa, dilacerando um país com apenas um punhado de agentes e um monte de armas”, escreveu.

O GRU está mostrando ao mundo como a Rússia pretende combater suas futuras guerras misturando violência cirúrgica, subversão, negação sistemática dos atos praticados e golpes desferidos nas sombras.

O GRU constituiu outrora o maior sistema de serviços secretos baseado em embaixadas, redes de agentes disfarçados e nove brigadas de ‘forças especiais’ conhecidas como Spetsnaz, ou “destacamentos para fins especiais”, frequentemente inconfessáveis.

Porém, desde que o presidente Vladimir Putin assumiu a direção do Serviço Federal de Segurança (FSB), herdeiro da KGB, os objetivos e métodos foram atualizados para a era das ciberguerras e dos conflitos geopolíticos.

A anexação da Crimeia constituiu o primeiro triunfo da nova GRU. Ela estudou a região, mensurou as forças ucranianas no local, espionou suas comunicações e apoiou os “homenzinhos verdes” que velozmente se apossaram dos pontos estratégicos da península até se revelarem soldados da Rússia. Muitos deles vinham da antiga Spetsnaz.

A maioria dos insurgentes do leste ucraniano é ucraniana ou “turistas bélicos” russos. Mas isto é só o contingente de base: os homens chave que encorajam a rebelião, passam os mercenários pela fronteira e fornecem as armas vindas de Moscou são agentes do GRU.

Igor Girkin, ou 'Igor Strelkov'.  Agente do GRU russo comanda a defesa de Donetsk
Igor Girkin, ou 'Igor Strelkov'.
Agente do GRU russo comanda a defesa de Donetsk
O autodenominado Ministro de Defesa da República separatista do Povo de Donetsk, Igor Strelkov, cujo nome real é Igor Girkin, é oficial na ativa ou na reserva do GRU. É ele quem dirige essa “república popular” e mais ninguém.

A União Europeia já identificou Strelkov, ou Girkin, e o incluiu na lista dos nomes objeto de retaliações. Mas ele não parece ter-se incomodado muito com elas.

Segundo “Foreign Policy”, quando o “Batalhão Vostok” apareceu no leste ucraniano, ficou evidente que o GRU tinha completado sua metamorfose.

O “Batalhão Vostok”, na sua versão atual, está composto por combatentes chechenos, armados com equipamentos uniformes e dotados de transportes blindados.

Reúne também ex-terroristas, desertores de guerrilhas e de gangues criminosas.

O “Vostok” não externou muito interesse em lutar contra o exército de Kiev.

Ele visou garantir a autoridade de Moscou sobre a região e evidenciou a nova estratégia de Moscou: uma guerra “não-linear”, ou “híbrida”, tocada na base da violência, da desinformação, de pressões políticas e econômicas, além de operações bélicas camufladas, em lugar de uma ofensiva regular ou previsível.

Não é apenas uma “guerra híbrida” adaptada à Ucrânia, mas é o plano de Moscou para atingir seus adversários no dia de hoje por toda parte no mundo.

O comandante geral da GRU explicou a um obscuro jornal militar russo que a nova guerra envolve “um largo uso da política, da economia, da informação, do humanitarismo e outras manobras não-militares ... completadas por recursos bélicos com um caráter encoberto”, sem excluir o uso das “forças especiais” dos assassinos da Spetsnaz.

O conflito será combatido por espiões, comandos, hackers, ‘joguetes’ e mercenários. Quer dizer – escreve “Foreign Policy” – o tipo de operações para os quais são treinadas as ‘forças especiais’ inclui o assassinato, a sabotagem, e desnorteamento do adversário.

Passado de Putin nos serviços secretos, pesou na opção
Passado de Putin nos serviços secretos, pesou na opção
A NATO e o Ocidente não têm uma resposta eficaz contra esta estratégia na aparência caótica ou confusionista, mas que se está revelando muito danosa.

A NATO é uma aliança militar construída contra uma agressão aberta ou uma guerra declarada. Mas foi incapaz de responder a ofensivas como o ciberataque contra a Estônia de 2007.

A ideia de uma ofensiva de tanques passando por cima das fronteiras ficou superada por um novo tipo de guerra que combina subterfúgios, aliando-se com grupos dissidentes dentro do adversário visado, além de dissimuladas intervenções letais das Spetsnaz.

A NATO é mais forte em termos estritamente militares, mas se a Rússia consegue abrir fraturas políticas no Ocidente, executar ações usando grupos combatentes locais e atingir indivíduos e instalações, então não interessa saber quem tem mais tanques ou melhores jatos.

Esse é o tipo de guerra que o GRU está preparado para fazer, conclui a revista. E o conflito na Ucrânia parece confirmar essa conclusão.


segunda-feira, 21 de julho de 2014

Míssil que mata, mas esclarece!

A História jamais compreenderá como a ilusão de um 'Putin cristão pôde ganhar pé
A História jamais compreenderá
como a ilusão de um 'Putin cristão pôde ganhar pé
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A criminosa derrubada de um avião comercial da Malaysia Airlines teve o efeito de um raio: matou infelizmente a muitos, mas — precisamente como fazem os raios — iluminou com uma claridade terrível um panorama então coberto de trevas.

Densas trevas, sim, que há anos vêm toldando progressivamente os horizontes de política internacional, com óbvios reflexos sobre a política interna dos países onde ainda há liberdade.

Convém que a realidade assim posta em evidência com o fulgor irresistível, mas tão transitório, de um raio, não seja esquecida pela opinião pública.

Bem ao certo, o que houve? Ainda se discutem pormenores. Mas, o fato essencial está aí: um país agressor já tinha invadido e anexado uma região de um país vizinho: a Rússia se assenhorou ilegalmente e pela violência da Criméia.

Porém, o invasor queria mais. E, para isso, vinha atiçando uma guerra subversiva com pretextos culturais e étnicos contra a Ucrânia.

Nós conhecemos fenômenos análogos na América Latina alimentados desde Cuba. Alguns crepitam semeando destruição e morte, como as FARC na Colômbia.

No Brasil, “movimentos sociais” como o MST, o CIMI, apoiados por ONGs e simpatizantes internacionais de esquerda trabalham para criar espécies de secessões, ou áreas onde não mais vigoram plenamente as leis que cimentam a unidade do Brasil.

Até a maioria dos cidadãos por razões étnicas ou culturais não podem ingressar em alguns desses territórios, submetidos a estatutos especiais.

Esses secessionismos peculiares também dividem a maioria da opinião pública nos países onde existem.

A criminosa derrubada iluminou com claridade terrível  um panorama então coberto de trevas
A criminosa derrubada iluminou com claridade terrível
um panorama então coberto de trevas
Pois para uns se trata de reivindicações de minorias culturais, étnicas ou sociais reconhecidas por leis com as quais podem até estar em desacordo. Para outros, a mão do comunismo está por trás.

O segundo grupo é olhado com desdém pelo primeiro. Comunismo? O comunismo já era! Há em verdade alguns redutos comunistas como Cuba, mas já acabarão por se adaptar ao resto do mundo.

E se houvesse dúvida ali está Vladimir Putin que sem renunciar ao passado soviético, aparece para alguns com um novo Carlos Magno vindo do Oriente para derrotar o caos de Ocidente.

Putin conseguiu persuadir certos ingênuos do Ocidente, de que ele estava promovendo na Rússia um enigmático processo de restauração mental e religioso.

Moscou estaria mudando tendo sido muito favorecida pelo supercapitalismo, pelas superindústrias e pelos superbancos do Ocidente. O supersuprimento de recursos financeiros, econômicos e técnicos de múltiplas ordens, estaria fazendo um país moderno da “nova-URSS” de Putin.

Entrementes, a Rússia está se impondo como líder político dos países emergentes conhecidos como BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Assim à testa da imensa nação russa instalou-se um personagem que – sem conversão e sem explicações – um dia passou a ser tido como grande defensor do cristianismo, dos valores básicos da vida, da família, do casamento, do patriotismo nacional: Vladimir Putin.

Similis simili gaudet: Putin  gosta de líderes chavistas e esses gostam dele
Similis simili gaudet:
Putingosta de líderes chavistas e esses gostam dele
A História jamais compreenderá como tal ilusão pôde fincar no momento em que a velha URSS se metamorfoseava numa “nova-URSS” que vem estendendo suas garras em todos os continentes.

Haja vista a cálida e idílica recepção que foi conferida a Putin em sua recente gira por Cuba e América do Sul.

Recepção de quem? Dos líderes comuno-populistas que vem destruindo os valores que certos ilusos acham que Putin vai resgatar.

Similis simili gaudet. O semelhante se regozija com seu semelhante, diz o sábio adágio latino. Isso se evidenciou eloquentemente com gestos, palavras e silêncios astutos dos líderes “chavistas” latino-americanos além do representante castrista reunidos com Vladimir Putin!

Mas nada disto abria os olhos dos enganados.

Até que o crime contra o Boeing 777 da Malaysia Airlines que ceifou 298 vidas foi como um raio em céu sereno. O avião comercial foi atingido por um míssil mortífero, mas esclarecedor. Esclarecedor porque nos faz ver o que há de falacioso no mito do “cristianismo” humanitário de Putin.

Há pouco mais de 30 anos, em 1º de setembro de 1983, jatos Sukhoi Su-15 soviéticos derrubaram um Boeing 747 da Korean Airlines e mataram todos os seus 269 passageiros e tripulação.

Milicianos pro-Rússia exibem  boneco de pelúcia de uma das 80 crianças mortas
Milicianos pro-Rússia exibem
boneco de pelúcia de uma das 80 crianças mortas
Pretextos diversos foram aduzidos então para o criminoso atentado. Mas, após investigação ficou averiguado para a história que a derrubada fora intencional, despropositada e ordenada por Moscou.

Certas formas de impiedade têm necessidade de desafogos, e esses são inimagináveis.

Na Ucrânia, “ex”-comunistas, milicianos separatistas e batalhões de mercenários ilegais enviados desde a Rússia estavam perdendo posições.

Os planos de Putin para a anexação do leste ucraniano estavam indo água abaixo.

E na depressão do momento, desse bando emanou uma explosão que causou horror.

Que esta tremenda tragédia faça abrir os olhos dos que foram enganados pela metamorfose cosmética capitaneada pelo líder da (ex-)KGB para restaurar o império soviético sobre novas bases.

Que Deus onipotente tenha pena dos passageiros do voo MH17 vitimados sem culpa.

Que, pela intercessão de Nossa Senhora, Ele poupe aos povos que saibam amá-lO sinceramente não se deixando iludir com enganosos artifícios. Pois detrás deles se esconde um anticristianismo que prolonga o pesadelo soviético comunista.


domingo, 13 de julho de 2014

Julgamento de um responsável da repressão marxista húngara

Béla Biszku, membro do PC húngaro condenado por crimes de guerra contra a população civil desarmada
Béla Biszku, membro do PC húngaro
condenado por crimes de guerra
contra a população civil desarmada

Recentemente a Justiça húngara condenou Béla Biszku – membro do Partido Comunista e hoje com 92 anos – a cinco anos e meio de prisão por crimes de guerra cometidos contra a população civil desarmada em 1956.

Trata-se do primeiro processo de um antigo líder civil comunista desde o fim da escravidão do país à ditadura soviética, noticiou “Libération” de Paris.

Biszku supervisionava o conselho militar que mandou abrir fogo contra os civis durante manifestações de protesto em Budapest no dia 6 de dezembro (quatro mortos), e em Salgotarjan (norte do país), em 8 dezembro (46 mortos).

As vítimas não foram insurrectos em armas, mas civis que protestavam pacificamente.

Biszku foi premiado com o Ministério do Interior de 1957 a 1961 e com a vice-presidência do Conselho de Ministros até 1978, ano em que se retirou da política.

Desde o fim dos anos 90 a Hungria condenou uma quinzena de chefes de polícia e oficiais do exército. Mas o processo de Béla Biszku – quem era apenas uma peça da máquina comunista que ficou quase intocada na Europa do Leste – foi arquivado.

domingo, 6 de julho de 2014

Provocações aéreas
põem o mundo à beira do cataclismo

Jatos britânicos e russos em tensas manobras sobre o Báltico
Jatos britânicos e russos em tensas manobras sobre o Báltico
A NATO destacou quatro caças britânicos Typhoon para interceptar uma formação de sete aviões de guerra russos que ingressaram no espaço aéreo internacional do Báltico, informou o Ministério de Defesa do Reino Unido. O esquadrão russo preferiu dar meia volta.

Os jatos britânicos operam a partir da base lituana de Siauliai e integram o contingente enviado à região como parte das medidas preventivas da aliança ocidental diante da crise na Ucrânia, informou “La Nación” de Buenos Aires.

“Foi um operativo bem-sucedido de nossos efetivos de terra e ar”, comentou o comandante britânico Ian Townsend, chefe da missão do Reino Unido no Báltico.

domingo, 29 de junho de 2014

Mercenários e separatistas imploram ajuda de Moscou,
que chega a conta-gotas

Manifestação separatists em Donetsk foi marcada pela ausência de populares
Manifestação separatists em Donetsk foi marcada pela ausência de populares

As tropas do governo ucraniano estão avançando num movimento de pinça pelo norte e pelo sul, e perto de cortar o fluxo de armas que tanto as milícias estrangeiras quanto as separatistas receberam até agora do outro lado da fronteira com a Rússia, informou “The Wall Street Journal”, reproduzido pelo blog “Ukrainian Diaspora”

Por causa disso, os mercenários pró-russos estariam enviando repetidos apelos a Moscou, solicitando auxílio militar. Mas o Kremlin mostra-se reticente em enviar tropas do exército russo identificadas como tais, como aconteceu na Crimeia.

O Kremlin não quer mais sanções econômicas por parte de Ocidente. Na verdade, estas foram uma resposta fraquíssima diante da imensidade da agressão ao Direito Internacional e à soberania da Ucrânia.

domingo, 22 de junho de 2014

Desabamento da Rússia
poderia sepultar restos da ordem mundial

Hostilidades de Putin contra Ucrânia visariam  unificar uma Rússia que se decompõe internamente
Hostilidades de Putin contra Ucrânia visariam
unificar uma Rússia que se decompõe internamente
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Segundo o historiador Vladimir Pastukhov – citado por Paul Goble em “Windows on Eurasia” – a guerra de Putin na Ucrânia visa também impedir a desintegração da Rússia, injetando uma “morfina patriótica” para manter a coesão dos russos.

Em artigo publicado na “Gazeta Novaya”, o estudioso russo argumenta que as consequências serão aterrorizantes, porque Moscou terá de administrar essa droga em doses cada vez maiores até morrer de “overdose”

Pelo final da década de 1980, a desagregação do império soviético atingia “todas as etnias”, escreveu. Os líderes pós-soviéticos não conseguiram criar estabilidade.

Hoje Putin sustenta a Rússia com “truques baratos”: manipulação da consciência de massa, o crime como instrumento de poder, a redistribuição de ‘rendas’ com bolsas para a população.

Mas o sistema, “esgotou-se já no final” de segundo mandato de Putin, diz Pastukhov. Agora, o colapso se manifesta “numa série de conflitos militares locais surgidos praticamente do nada como os cavaleiros do Apocalipse”. Os medos do fim do império só foram aprofundados pela revolução ucraniana.

domingo, 15 de junho de 2014

Viagem enigmática:
tentáculos russos na América Latina

Serguei Lavrov: mistério envolve viagem enigmática
O ministro de Relações Exteriores da Federação Russa, Sergei Lavrov, realizou uma misteriosa visita relâmpago à América Latina, encontrando, em apenas três dias, os presidentes e chanceleres do Chile, do Peru, de Nicarágua e de Cuba.

A viagem aconteceu num momento de máxima tensão com a Ucrânia.

O governo russo explicou oficialmente que a viagem visou aprofundar os vínculos de cooperação já existentes.

Em Nicarágua e Cuba ele agradeceu pessoalmente os votos contra a resolução da ONU que visava desconhecer a anexação da Criméia, subtraída artificiosamente à Ucrânia e transformada em província russa, observou o jornal espanhol “El País”.

O relacionamento com Cuba, Venezuela e Nicarágua é bem conhecido. Porém, no Chile a viagem causou consternação. E no Peru não foi menos.

terça-feira, 10 de junho de 2014

População de Donetsk se volta contra separatistas pró-Putin e contra as milícias estrangeiras – 2

Portavoz do 'Batalhão Vostok':
"Somos chechenos, ex-soldados, muçulmanos,
lutamos no Afeganistão. Nos viemos para proteger os russos
e proteger os interesses deste país"
continuação do post anterior

Entre as milícias de mercenários enviados por Putin, destacou-se o chamado Batalhão “Vostok” (“Leste”).

A unidade foi recebida em Donetsk com aplausos por algumas centenas de separatistas. Mas, na mesma ocasião, como pode ser visto em vídeo divulgado no Youtube, um de seus componentes declarou que a milícia é composta de chechenos muçulmanos, soldados profissionais que já lutaram no Afeganistão e que lá estavam para ajudar a Rússia e um “povo irmão”.

Os mercenários não perderam tempo: ocuparam a sede da administração regional e a transformaram em depósito dos frutos de suas pilhagens e saques.

As violências perpetradas por esses “libertadores” indignou a população. Por fim, acabaram sendo expulsos do prédio por simpatizantes pró-Rússia, que descobriram as salas de trabalho transformadas em armazéns com os produtos dos saques.

domingo, 8 de junho de 2014

População de Donetsk se volta contra separatistas pró-Putin e contra as milícias estrangeiras – 1

Soldado ucraniano se prepara para o combate em Kramatorsk
Soldado ucraniano se prepara para o combate em Kramatorsk
A manobra político-militar de Moscou para a anexação da Criméia se repetiu como um decalque nas regiões de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.

As regiões escolhidas pareciam ser as mais sensíveis ao apetite russo de desmembrar a Ucrânia.

Segundo pesquisa do Pew Research Center, efetivada na primavera de 2014, 70% dos ucranianos do leste – onde se fala muito russo, em proporções diversas segundo a região – não desejavam separar-se da Ucrânia, e apenas 18% aprovariam uma anexação pela Rússia.

As proporções, entretanto, mudavam muito de acordo com a região. Segundo sondagem do Kyiv International Institute of Sociology, realizada no período de 8 a 16 de abril de 2014, na região de Dnipropetrovsk 84,1% responderam contra a anexação pela Rússia e 10,1% a favor.

domingo, 1 de junho de 2014

Presidência russa publica fraude da Criméia:
só 15% aprovaram anexação

Voto não podia ser secreto e quem votasse contra
se autodenunciava.
Na papeleta da foto pode se ler o voto da mulher.
O website do “Conselho para a Sociedade Civil e os Direitos Humanos do Presidente da Rússia” postou relatório sobre os resultados do contestado referendo que anexou a Criméia à Rússia.

A matéria foi rapidamente tirada do ar como se fosse uma perigosa confissão, mas não antes de ser registrada no exterior, no site da “Forbes”, por exemplo.

Segundo o referido relatório, o comparecimento às urnas foi só de 30%. E, destes, a metade votou pela anexação.

O que significa que apenas 15% dos cidadãos da Crimeia aprovaram a manobra russa de anexação.

A votação transcorreu sob o olhar de soldados russos descaracterizados e exibindo suas armas automáticas Kalashnikov.

A fraude ficou patente, pois o anúncio oficial apontou um comparecimento de 83% dos votantes.

Destes, uma maioria de 97% teria escolhido renegar seu país, a Ucrânia.

domingo, 25 de maio de 2014

Eurodeputada lituana:
Putin quer a revanche da URSS

Eurodiputada lituana Radvile Morkunaite Mikuleniene:
não tem medo de Putin
O ditador do Kremlin e agressivo chefe da “nova URSS”, Vladimir Putin, não pára de ameaçar os países que foram escravos do comunismo. Ele desrespeita os tratados assinados e nega no dia seguinte o que prometeu no dia anterior.

Grandes potências como os EUA e as mais ricas e bem armadas nações europeias mostram-se intimidadas e acovardadas diante de seus rugidos.

Porém, bem outra é a atitude dos países outrora satélites soviéticos. Eles não têm o dinheiro das grandes potências ocidentais, nem seus recursos militares e materiais de toda espécie.

Mas têm uma coisa que vale muito mais do que isso: coragem e integridade de espírito.

Recentemente, a jovem eurodeputada lituana Radvilė Morkūnaitė-Mikulėnienė deu disso um exemplo ao escrever sobre as provocações e violências da Rússia contra a Ucrânia. Seu corajoso arrazoado foi reproduzido pelo jornal “Lithuania Tribune”.

domingo, 18 de maio de 2014

Agressão russa à Ucrânia é também religiosa

Soldados ucranianos em operação anti-terrorista
Soldados ucranianos em operação anti-terrorista
Os temores de uma Terceira Guerra Mundial crescem em torno dos atritos no leste da Ucrânia.

O capitalismo publicitário fornece abundantes informações e comentários, meros ecos, por vezes, da contra-informação forjada nos gabinetes de guerra psicológica de Putin.

Porém, marginaliza a informação sobre outros aspectos, e dos mais importantes. Em Donetsk, por exemplo, segundo notícia da agência AFP, uma das poucas a furar a barreira da desinformação, a oposição entre pró-Rússia e pró-Ucrânia passa também pela religião.

Diversos templos que obedecem ao Patriarcado cismático de Moscou assumiram a causa dos “pró-russos”. Mas, o contrário se da entre os católicos.
“Temos que agradecer a Putin pelo fato de nos ter ajudado a entender que nós somos ucranianos. A agressão contra a Ucrânia nos ajudou a reforçar nossa identidade”, afirma o Pe. Tikhon, 43 anos, sacerdote do rito greco-católico.

domingo, 11 de maio de 2014

Ambientalismo radical:
coluna infiltrada de Putin no Ocidente

Gás de xisto tiraria força à agressividade de Putin
Gás de xisto tiraria força à agressividade de Putin
O influente jornal “Washington Post” apontou que “a mais moderna arma da Europa” contra a agressividade do presidente russo Vladimir Putin jaz enterrada sob os belos pastos de pitorescas aldeias.

Trata-se do gás e do petróleo de xisto – ou shale gas – que a Europa possui em quantidades suficientes para livrar-se das chantagens da “nova URSS”.

Agora, muitas vozes europeias nos setores conservadores aumentam de volume pedindo essa arma pacífica. O premiê inglês David Cameron somou-se a esse coro.

Mas não se extrai esses combustíveis da noite para o dia. Por que não o fizeram antes?

A Polônia depende de modo angustiante dos combustíveis russos, mas detém uma das maiores reservas de gás de xisto da Europa. A França já foi qualificada de Qatar do gás europeu, mas tampouco extrai e depende do gás árabe.

Os volumes de gás na Grã-Bretanha estão sendo comparados aos do North Dakota, segundo o mesmo “Washington Post”. As reservas europeias mensuradas são apenas menores que as do EUA. Estas, sim, vêm sendo exploradas e estão mudando o jogo planetário dos recursos energéticos.

domingo, 4 de maio de 2014

Católicos na miséria resistem
à perseguição russo-cismática na Criméia

Católicos na miséria sob a perseguição na Criméia
Católicos na miséria sob a perseguição na Criméia

“Fomos isolados do resto do país. Só podemos nos comunicar por telefone ou e-mail”, disse em comunicação telefônica com a associação assistencial ‘Aid to the Church in Need’ Dom Jacek Pyl, bispo auxiliar católico de Odessa-Simferopol, na Criméia. “Até os pacotes com ajuda humanitária são recusados na fronteira”.

Apesar da hostilização e dos percalços, a Igreja Católica, que tem apenas 2.000 fiéis na região, continua ajudando as famílias em dificuldades.

Os bancos ucranianos foram fechados e só há bancos russos, não podendo os cidadãos acessar suas contas. Por isso deixaram de receber ordenados, pensões ou outros auxílios. A moeda ucraniana ficou proibida. Em seu lugar entrou a moeda russa, mas a conta-gotas.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Putin “cruzado contra a imoralidade”:
quer uma Las Vegas na Criméia!

Putin introduziu projeto no Parlamento russo
para criar uma grande 'Las Vegas' na Criméia
Após a anexação boçal e despótica da Criméia, não reconhecida internacionalmente, o presidente Vladimir Putin apresentou ao Parlamento russo um projeto de lei que cria uma zona destinada a jogos de azar e cassinos, visando atrair a indústria da imoralidade para aquela região.

“Considerando que a Crimeia vai se tornar uma das regiões mais desenvolvidas da Rússia, e considerando a criação de uma possível zona de livre-comércio, uma zona de jogos tem todas as condições de atingir uma projeção mundial e se tornar uma concorrente de territórios como Macau, Mônaco ou Las Vegas”, afirmou Putin ao introduzir o projeto.

A nova zona de imoralidade não seria a primeira, mas a quinta na Rússia onde as atividades ligadas à jogatina de dinheiro podem se expandir livremente, informou “FranceTVinfo”.

As novas autoridades locais da Crimeia poderão limitar apenas a zona de perdição. Elas hesitam entre estender o projeto à península toda ou circunscrever a nova “Las Vegas” a alguma região perto das estações balneárias de Yalta e Aluchta.

domingo, 27 de abril de 2014

Católicos ucranianos
sob o fogo “ecuménico” da “nova-URSS”

Kirill, Patriarca cismático de Moscou
O Patriarcado de Moscou, que lidera a Igreja cismática russa, atacou duramente a Igreja greco-católica (“uniatas”) da Ucrânia.

O ponto de partida da ira é político: pelo fato de os católicos terem participado do movimento anticomunista que depôs o presidente Viktor Yanukovich, marionete da “nova URSS” de Putin.

Segundo o metropolita Hilarion, responsável pelas relações públicas do Patriarcado de Moscou, o arcebispo-mor de Kiev (líder da Igreja greco-católica), D. Sviatoslav Shevchuk, e seu predecessor, o Cardeal Lubomir Husar, “assumiram uma posição muito clara desde o início do conflito civil, que depois se transformou num conflito armado com derramamento de sangue”, noticiou a agência “AsiaNews”. 

domingo, 20 de abril de 2014

Cismáticos russos racham
por causa da agressão à Ucrânia

Metropolitas Hilarion, representante de Moscou, e Sofrony, da Ucrânia,
discordam pela agressão russa
Segundo a agência AsiaNews, estão se multiplicando as declarações de chefes religiosos ucranianos “ortodoxos” ucranianos até há pouco dependentes do Patriarcado de Moscou.

A situação – de acordo com a referida agência – encaminha-se para uma ruptura com o Patriarca Kirill de Moscou.

Sofrony, metropolita de Cherkasy e Kanev, fez duras críticas aos funcionários russos que apoiaram a intervenção militar contra a Ucrânia.

Sofrony qualificou explicitamente Vladimir Putin de “bandido”, e criticou também a presidente do Senado russo, Valentina Matvienko, nascida na Ucrânia, dizendo:

domingo, 13 de abril de 2014

Católicos emigram da Criméia
sob perseguição policial russa

Dom Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor dos católicos,  denuncia perseguição análoga à dos tempos soviéticos
Dom Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor dos católicos,
denuncia perseguição análoga à dos tempos soviéticos
Os católicos de rito grego, ou “uniatas”, estão sendo obrigados a abandonar a Crimeia para fugir às prisões e ao confisco de suas propriedades.

“O novo governo nos apresenta como nacionalistas e extremistas” – disse o Pe. Mykhailo Milchakovskyi, pároco e capelão militar de Kerch, falando para a agência do episcopado dos EUA – noticiou a revista inglesa “The Catholic Herald”.

Agentes da FSB russa (Serviço de Segurança Federal, herdeiro da sinistra KGB) estão convocando padres e fiéis católicos a comparecerem às delegacias para saber se eles “reconhecem a nova ordem”.

O Pe. Milchakovskyi e pelo menos dois terços de seus fiéis tiveram que fugir, seguindo conselho do Arcebispo-mor dos ucranianos católicos, D. Sviatoslav Shevchuk.

O religioso disse que o Pe. Mykola Kvych, pároco da igreja da Dormição em Sebastopol, também fugiu após ter sido preso e espancado por agentes russos que o acusavam de “promover o extremismo e a agitação de massa”.

Segundo o Pe. Milchakovskyi, a Igreja cismática da Crimeia, dita “ortodoxa”, em conchavo com a polícia russa, quer apoderar-se das propriedades dos católicos.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Continuam caindo estátuas de Lenine

Estátua de Lenine rumo ao lixão

O caráter anticomunista do movimento que depôs o presidente filocomunista Viktor Yanukovich ficou patenteado na onda de derrubada de estátuas do líder comunista russo Vladimir Lênin (1870-1924), espalhadas pelo país.

Não foram as primeiras, pois inúmeras delas já haviam sido jogadas por terra em 1991, quando a Ucrânia recuperava sua liberdade e a despótica União Soviética desabava.

As esculturas eram todo um símbolo de uma ditadura que sacrificou milhões de ucranianos, holocausto que eles chamam de “holodomor”.

domingo, 6 de abril de 2014

Vizinhos da Ucrânia vêem em Putin um
émulo dos repressores anticristãos soviéticos

'Primavera de Praga' foi afogada a sangue e fogo
'Primavera de Praga' foi afogada a sangue e fogo
“A Hungria, a República Checa, a Polônia e a Eslováquia estão horrorizadas pelo fato de serem testemunhas de uma intervenção na Europa do século XXI, semelhante às suas próprias experiências de 1956, 1968 e 1981”, diz o comunicado conjunto desses países, inspirado pela brutal ação da Rússia na Ucrânia, informou o jornal de Paris “Le Monde”.

Esses quatro países se referem às repressões praticadas pelo Exército Vermelho, martirizando os populares que se insurgiam contra a opressão comunista, e comparando-os com os métodos utilizados agora por Putin.

Em 1956, as tropas russas afogaram no sangue a insurreição de Budapest, na qual se destacou a figura do grande cardeal Mindszenty.

Em 1968, os tanques russos extinguiram pela violência o movimento conhecido como “Primavera de Praga”.

domingo, 30 de março de 2014

Esportistas russos estariam sendo
dopados com gás xênon

Televisão pública alemã WDR levantou a suspeita



Os jogos olímpicos de inverno em Sochi, na Rússia, foram ocasião de múltiplas revelações.

Uma foi a publicação de documento interno das autoridades russas do esporte sobre o uso do gás xênon como “substância útil para o aumento das prestações” dos atletas, noticiou o jornal “El Mundo” de Madri.

Outrora foi bem conhecido o esforço da URSS para obter grande número de medalhas em competições desportivas. Isso era um meio de reforçar a propaganda ideológica de seu sistema materialista. Então foram praticados todas as ilegalidades e abusos possíveis.

Contudo, após a queda da URSS, sem os estímulos ideológicos estatais, os atletas russos deixaram de ganhar o número distorcido de prêmios que obtinham, e voltou-se à realidade do esporte.

domingo, 23 de março de 2014

Invasores russos movem perseguição
contra sacerdotes católicos na Criméia

O Pe. Mykola Kvych capelão naval em Sebastopol.
O Pe. Mykola Kvych capelão naval em Sebastopol.

Assim que o presidente russo Vladimir Putin iniciou a manobra de anexação ilegal da Criméia, a Igreja Greco-Católica, fiel à Santa Sé, começou a sofrer uma “perseguição total” na península, segundo as autoridades religiosas.

“A vida da Igreja Católica de rito greco-católico está paralisada”, disse o Pe. Volodymyr Zhdan, chanceler da eparquia (equivalente a uma diocese) de Stryi na Ucrânia ocidental falando para a agência CNA.

Desde 2006 até 2010, o Pe. Zhdan foi chanceler do exarcato de Odesa-Krym que incluía a península da Criméia.

Três sacerdotes greco-católicos foram sequestrados por militares russos que fingem serem paramilitares independentistas.

Para o Pe. Zhdan esses múltiplos sequestros “não são um acidente”.

terça-feira, 18 de março de 2014

O sibilino cântico “cristão” de Putin
e os antigos estratagemas soviéticos

Desde os tempos em que a Rádio Moscou incitava a população russa a resistir à invasão nazista apelando para a Virgem de Fátima nunca se vira algo igual.

Apelando para essa tática stalinista, o presidente Vladimir Putin, durante seu discurso anual à Nação no fim de 2013, defendeu o “conservadorismo” de suas políticas.

Além do mais se erigiu em paladino internacional dos “valores tradicionais”, informou a agência AsiaNews.

O “inimigo” é sempre o mesmo: o Ocidente. O palavreado é surpreendente, mas obedece às antigas astúcias da máquina de propaganda soviética.

O Kremlin visa usar o tema dos “valores cristãos tradicionais” para seduzir o número crescente de ocidentais desgostosos com governos laicistas e anticristãos.

Para Putin é útil assumir a defesa da vida e da família, bem como engajar-se contra “a propaganda homossexual” que agride o senso moral de incontáveis pessoas, escreveu a agência AsiaNews.

“Sabemos que um crescente número de pessoas no mundo apoia nossa posição sobre a necessidade de defender os valores tradicionais, que constituem os fundamentos de toda nação civilizada há milênios”, disse o chefe todo-poderoso da “nova-URSS”.

Ele falou numa solene sessão conjunta da Duma, na presença de convidados, entre eles o patriarca de Moscou, Kiril.

segunda-feira, 10 de março de 2014

A Rússia de Putin: um Colosso com pés de barro

Para Putin a queda de Ianukovich foi a pior das derrotas
Para Putin a queda de Ianukovich
foi a pior das derrotas
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A vitória em Kiev de um movimento anticomunista, patriótico e religioso significou para Vladimir Putin “a maior derrota desde que chegou ao Kremlin, como premiê, em 1999”, segundo o jornal “O Estado de S.Paulo” (28.02.14).

Bem no estilo viperino e cruel de seus predecessores na URSS o revide foi inspirado pelo espírito de vingança, como observou a “Folha de S.Paulo” (01.03.14). Mas em política a desforra induz a desastres.

A Criméia foi o primeiro alvo dessa vingança. As circunstâncias militares, sociais e históricas favoreciam uma invasão ilegal.

A brutalidade dos procedimentos de Putin, o desrespeito generalizado de acordos assinados, a falsidade de suas declarações logo desmentidas pelos fatos por ele encomendados, revelam uma fera ferida, acuada, que com rugidos tenta dissimular seu estado de fraqueza e falta de apoio popular.

“A Rússia está preocupada, porque não esperava uma saída tão rápida de Víktor Yanukóvytch” disse Alexander Konovalov, do Instituto de Estudos Estratégicos.

Aquela que é o berço da Rússia histórica – a Ucrânia – disse não ao Kremlin e sim à sua independência.

As manifestações nas províncias orientais da Ucrânia estão sendo engrossadas com “russos do outro lado da fronteira — turistas de protestos”, enviados em ônibus por Moscou, observou Andrew Roth, do New York Times.

Roth esclareceu que “a presença de cidadãos russos e relatos de ônibus cheios de ativistas que chegam da Rússia sugerem um alto grau de coordenação com Moscou”.

A importação de agitadores sugere que nas províncias ucranianas que falam russo os cidadãos não estão dispostos a fazerem uma revolução para cair nas garras do Kremlin.

Putin ruge para ocultar sua fraqueza.
Putin ruge para ocultar sua fraqueza.
Então, Putin precisa enviar gente paga. Já vimos muito disso no Brasil com militantes “sem terra” e assemelhados pagos para manifestarem nas cidades ou invadirem fazendas no campo. Sem paga diária não se movimentam.

“Quando milhares de manifestantes pró-russos em Kharkiv invadiram um prédio do governo no sábado, foi um moscovita de 25 anos, hospedado em um hotel ao lado da praça, que escalou o prédio, retirou a bandeira ucraniana e hasteou a bandeira da Rússia. Identificado como Mikhail Chuprikov, funcionários do hotel confirmaram o check-in dele. Com um passaporte russo”, acrescentou Roth.

Putin precisou bloquear as redes sociais ocidentais, pois nos foros de discussão, os cidadãos apoiavam massivamente a causa da Ucrânia livre.

Para o ditador do Kremlin ficou a rede social VKontakte (uma contrafação de Facebook).

Porém, também nela os censores da agência de vigilância das comunicações Roskomnadzor têm muito trabalho cortando as opiniões discordantes do regime e de uma eventual guerra na Criméia provocada pela Rússia.

Embora Putin tenha despachado grandes contingentes de tropa para a Criméia, dando a impressão que o Golias russo esmaga o Davi ucraniano, as coisas não são tão claras do lado militar.

Os dois lados sofrem pela falta de modernização das respectivas forças armadas.

Acresce que os números sete ou oito vezes superiores do exército russo são enganosos, porque o fator que pode decidir num conflito é o ânimo dos eventuais contendentes.

E o ânimo das forças ucranianas inferiores em número impressiona, como na cena em que soldados ucranianos marcham desarmados em direção a russos que disparam por cima de suas cabeças. Eles não se intimidam.

Em Kiev enormes filas de jovens se apresentam nos quarteis como voluntários para uma eventual guerra, ainda quando cartazes avisam que não se iniciou o recrutamento.

Soldados ucranianos desarmados marcham contra tropa russa que dispara por cima de suas cabeças
Soldados ucranianos desarmados marcham contra tropa russa
que dispara por cima de suas cabeças
Os ucranianos pensam em defender sua terra, a terra de seus pais, de sua família, do local onde nasceram.

Não pensam assim os soldados russos, muitas vezes trazidos de regiões longínquas e que não veem por que dar a vida por uma Criméia que nem sabem localizar no mapa.

“A verdade é que a maioria dos russos se opõe à intervenção na Ucrânia”, escreveu Vladimir V. Kara-Murza, para o “Washington Post”. “O Centro de Pesquisa de Opinião Pública Russo, estatal, admitiu que 73% dos russos são contra”, acrescentou Kara-Murza (O Globo, 6.3.2014).

Na Ucrânia o povo se une em função de um eventual enfrentamento. Mas, na Rússia o povo se divide e se multiplicam os protestos contra uma guerra em Crimeia, protestos esses rapidamente silenciados pela polícia política.

A apresentadora Liv Wahl da TV Russia Today criada por Putin para desinformar Ocidente e que emite desde Washington, em meio da transmissão anunciou que ela fazia causa comum com a Ucrânia e que abandonava essa TV pela insuportável manipulação das informações.

Dias antes, outra apresentadora da mesma estação, Abby Martin, denunciou a invasão da Crimeia por tropas russas.

Ainda na balança de forças militares, o número de soldados de que Putin disporia para um conflito parece reduzido. A causa é que o chefe do Kremlin deve aplicar muita tropa em regiões que estão em virtual ou real revolta contra ele, como a Chechênia.

Ocidente não pode fraquejar como fez ante Hitler sob pena de uma guerra universa
Ocidente não pode fraquejar como fez ante Hitler sob pena de uma guerra universal
Dessa maneira, a brutalidade e arbitrariedade do procedimento de Putin, servem para mascarar que o Colosso russo têm pés de barro.

O grande fator que poderá inclinar a balança do lado russo é a indecisão e vontade de entregar os pontos por parte de Ocidente.

Essa fraqueza ocidental pode transformar qualquer acordo com a Rússia em um novo acordo de Munique, onde a Inglaterra e a França abaixaram a cabeça diante das provocações de Hitler nos Sudetos com o pretexto de evitar a guerra.

E assim prepararam a maior guerra mundial que o mundo já padeceu...


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Ucrânia vitoriosa continua ameaçada pelo sonho ofídico de uma “nova-URSS”

Ucrânia venera os heróis de Maidan
Ucrânia venera os heróis de Maidan
A Ucrânia está vivendo uma das páginas mais gloriosas de sua história.

O ditador Yanukovich acabou sendo destituído pela Rada Suprema (Parlamento) e se encontra fugitivo, provavelmente acobertado pelo seu mentor Vladimir Putin em algum local ignoto.

Na Praça da Independência de Kiev, mais conhecida como Maidan, dezenas de jovens heróis sacrificaram a vida para impedir que a Ucrânia caísse num comunismo mal disfarçado.

Após três meses de ininterrompida manifestação pacífica de Maidan, sob frios que chegaram a atingir -30º, dia e noite, multidões disseram não ao iniquo projeto de sujeitar o país à “nova-URSS” de Vladimir Putin.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Festa dos Jogos Olímpicos na Rússia
glorifica Stalin e URSS

Foice e martelo nos Jogos da "nova-URSS" de Putin
A inauguração dos Jogos Olímpicos de inverno em Sochi, Rússia, transmitiu uma mensagem de forte conteúdo soviético seguindo o desejo do presidente Vladimir Putin. Cfr o comentário de Olivier Ravanello em Yahoo! Actualité.

Numa apresentação sobre gelo com grande quantidade de figurantes – e muitos erros técnicos – os bailarinos do Bolchoï retrataram a história da Rússia com maldissimulada ênfase no criminoso período bolchevista, seus cortejos de mortos, campos de concentração, prisioneiros políticos, o terror, a fome e a guerra de classes nacional e internacional.

A surpresa tomou conta dos entendidos presentes quando os bailarinos ergueram a foice e o martelo comunista e dois perfis humanos característicos da propaganda soviética stalinista.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Na Ucrânia aparece
a mão do verdadeiro Putin

No dia 22 de janeiro, dia da festa da unidade nacional, dois manifestantes pela liberdade foram mortos no centro de Kiev, capital da Ucrânia, por balas disparadas por franco-atiradores.

No mesmo dia, o jornalista Igor Lutsenko e o alpinista Youri Verbinski foram sequestrados pela polícia, levados para fora da cidade e surrados com extrema violência.

Igor acordou no meio da neve e conseguiu chegar até uma aldeia. Youri foi encontrado morto numa floresta.

Na Praça da Independência, um manifestante foi desnudado e seviciado pela polícia, que fez questão de fotografá-lo num estado humilhante. Um jornalista filmou a cena, que percorreu o mundo pela Internet.

Estas e muitas outras violências, que fogem de qualquer critério de lei ou de moral, despertaram o velho espectro da repressão da KGB que martirizou a Ucrânia.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Jovens católicos ucranianos na linha de frente contra a “nova-URSS” de Putin

George Weigel
O historiador católico George Weigel dispensa apresentação tal é a notoriedade de seu nome nos EUA e na Europa Central.

Reproduzimos a continuação alguns excertos de seu artigo “O drama da Ucrânia” publicado no site Aleteia de candente atualidade.


O drama da Ucrânia

Uma Ucrânia integrada à Europa limita o revanchismo russo, alivia a pressão russa sobre a Polônia e os países bálticos e garante a não reconstituição “de facto” da União Soviética

Em 1984, a Igreja Greco-Católica Ucraniana (IGCU) [N.R.: fiel a Roma] era não apenas a maior das Igrejas orientais católicas, mas também o maior corpo religioso do mundo a viver sob um regime de proscrição e perseguição.

Proibida na União Soviética pelo infame acordo de Lviv de 1946 [N.R.: imposição soviética que confirmou a anexao da Ucrânia pela URSS], uma farsa orquestrada pela polícia secreta soviética, a IGCU tinha conseguido manter a sua vida eclesial apesar das circunstâncias draconianas.