quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Declaração de Havana:
vitória do Kremlin será efêmera

Símbolo da perseguição religiosa na Crimeia que não podia ser ignorada pela Declaração de Havana
Símbolo da perseguição religiosa na Crimeia
que não podia ser ignorada pela Declaração de Havana
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




continuação do post anterior: Hoje como ontem, a Ostpolitik corteja o anticristo moscovita



Dom Sviatoslav lembrou que Moscou deblatera contra o notável progresso do catolicismo na Ucrânia como sendo uma indevida “expansão no território canônico do patriarcado de Moscou”.

Para o simples fiel essa posição soa como se o mundo eslavo fosse um coto fechado onde só podem existir os seguidores do patriarca e de seu chefe Putin.

Lembrou ainda que na “Federação Russa, hoje não temos possibilidade alguma de existência livre e legal, nem mesmo no território anexado da Crimeia, onde somos ‘re-registrados’ em conformidade com a legislação russa e onde de fato somos aniquilados”.

Carece, pois, de toda sinceridade a assinatura do líder russo no que se refere ao “inaceitável uso de meios desleais para incitar os crentes a passarem de uma Igreja para outra, negando a sua liberdade religiosa ou as suas tradições” (nº 24).

O arcebispo-mor ucraniano observou que o nº 26, sobre a agressão russa à Ucrânia, dá “a impresso de que o patriarcado de Moscou se nega obstinadamente a admitir que é uma parte do conflito, quer dizer, que apoia abertamente a agressão da Rússia contra a Ucrânia”.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Hoje como ontem,
a Ostpolitik vaticana corteja o anticristo moscovita

O Patriarca Kirill recebe o Cardeal Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos. Um documento feito nos termos impostos por Moscou. Os católicos concernidos foram mantidos na ignorância do que se preparava
O Patriarca Kirill recebe o Cardeal Kurt Koch,
presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos.
Um documento feito nos termos impostos por Moscou.
Os católicos concernidos foram mantidos na ignorância do que se preparava
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A declaração assinada no aeroporto de Havana pelo Papa Francisco e pelo patriarca moscovita Kirill em 12 de fevereiro veio colidir com o sentimento de milhões de católicos no mundo inteiro, registrou o vaticanista Sandro Magister.

De modo especial na Ucrânia e na comunidade de rito greco-católico de origem ucraniana dispersa pelo mundo após as ferozes perseguições comunistas, a qual conta com cerca de 15 milhões de fiéis católicos. Nessas perseguições, o denominado patriarcado de Moscou teve parte ativa e resultou em grande beneficiário.

O arcebispo-mor do rito greco-católico, Mons. Sviatoslav Shevchuk, sintetizou:

“Muitos entraram em contato comigo e me disseram que se sentem atraiçoados pelo Vaticano, decepcionados pela característica de meia verdade desse documento, que chega como um apoio indireto da Santa Sé à agressão russa contra a Ucrânia.”

Confira no portal web oficial da Igreja greco-católica: “Dois mundos paralelos (em inglês)”.

Mas o líder do mais numeroso rito oriental católico não esteve isolado em sua severa crítica à linha filorussa da Santa Sé.

O novo Núncio Apostólico na Ucrânia, arcebispo Claudio Gugerotti, no cargo desde o mês de novembro, pediu aos fiéis para esquecerem o ato que lhes faz lembrar o beijo de Judas a Cristo.

Confira: O Núncio na Ucrânia sobre o documento de Francisco e Kirill: “É para esquecer” (em inglês)

Em 15 de fevereiro, Myroslav Marynovych, vice-reitor da Universidade Católica de Lviv, cofundador de Anistia Internacional Ucrânia, membro fundador do Ukrainian Helsinki Group e ex-prisioneiro político, escreveu com a verve de quem padeceu ao vivo o fruto do conluio entre o governo de Moscou e o patriarcado de Moscou.

Confira: Uma reunião histórica com consequências também históricas (em inglês).


Excertos da entrevista de Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk,
chefe do rito greco-católico ucraniano (“uniata”)


Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, cabeça da Igreja greco-católica ucraniana, abordou com grande respeito e filialidade o gesto do Papa Francisco. Mas ele o fez seguindo o exemplo de São Paulo, que resistiu em face a São Pedro, apontando-lhe as verdades com firmeza e espírito de verdade (Gálatas, 2-11).

São Pedro acertou o passo com o Apóstolo das Gentes e não se sentiu diminuído nem ofendido. É de se desejar que o Papa Francisco reaja de modo análogo, inspirado naquele de quem é sucessor.

Bispos húngaros assinam Constituição comunista em 1969 e ficam dependentes do arbítrio de Moscou.
Bispos húngaros assinam Constituição comunista em 1969
e ficam dependentes do arbítrio de Moscou.
Dom Sviatoslav ressaltou, de início:

“Baseando-nos em nossa experiência amadurecida ao longo de muitos anos, podemos dizer que quando o Vaticano e Moscou organizam encontros ou assinam textos conjuntos, é difícil esperar algo bom.”

E comentando o posicionamento dos dois, disse: “A intervenção do patriarca de Moscou nada teve a ver com o Espírito Santo, a teologia ou as questões religiosas atuais. O acento foi posto em expressões solenes sobre ‘o destino do mundo’ e sobre o aeroporto como ambiente neutro, ou seja, não eclesial”.

A respeito do texto da declaração assinada, o alto prelado ucraniano observou que “os pontos que concernem em general à Ucrânia, e em especial à Igreja greco-católica ucraniana, levantam mais interrogações que respostas”.

O arcebispo-mor de Kiev explicou que oficialmente o documento foi elaborado pelo metropolita russo Hilarion Alfeyev e pelo cardeal Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, encarregado do ecumenismo.

“É difícil imaginar uma equipe mais débil do que [a católica] que redigiu esse texto”, explicou D. Sviatoslav. Pois o texto não é de natureza teológica, mas política, envolvendo a agressão russa na Ucrânia e a política internacional.

D.Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor do Rito Greco-Católico da Ucrânia
D.Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor do Rito Greco-Católico da Ucrânia
D. Sviatoslav manifestou também seu espanto ante o fato de que, sendo ele membro do dito Conselho, não ter sido convidado a se manifestar, deixando os católicos ucranianos sem voz numa questão que os concerne a fundo.

Interrogado sobre o parágrafo 25, um dos que causaram mais consternação no mundo católico, o arcebispo respondeu:

“Parece que eles [os cismáticos russos] já não contestam o nosso direito de existir. Mas, na realidade, não estamos obrigados a pedir licença a ninguém para existir e agir”.

O líder da hierarquia greco-católica apontou uma contradição que, para o simples leitor, faz pensar numa artimanha hipócrita do patriarcado de Moscou.

Uma declaração conhecida como de Balamand, de 1993, vinha sendo utilizada pelo metropolita Hilarion “para negar nosso direito de existir, mas agora é utilizada para afirmá-lo.

“Insistindo na recusa do ‘uniatismo’ como método de união entre as Igrejas, Moscou sempre pediu ao Vaticano a proibição virtual de nossa existência e a limitação de nossas atividades.

“Esse requisito foi sempre imposto como uma condição, em termos de ultimato, para um possível encontro do Papa com o patriarca”.



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O “histórico encontro” entre Francisco e Kirill

O beijo de Francisco e Kirill no aeroporto de Havana: como o Kremlin desejava
O beijo de Francisco e Kirill no aeroporto de Havana:
como o Kremlin desejava
Roberto de Mattei
(1948 - )
professor de História italiano,
especializado nas ideias
religiosas e políticas no
pós-Concilio Vaticano II.
Corrispondenza Romana
Tradução: Hélio Dias Viana




Entre os muitos sucessos atribuídos pela mídia ao Papa Francisco, está o “histórico encontro” realizado no dia 12 de fevereiro em Havana com o patriarca de Moscou, Kirill.

Um acontecimento, escreveu-se, que viu cair o muro que há mil anos dividia a Igreja de Roma daquela do Oriente.

A importância do encontro, nas palavras do próprio Francisco, não está no documento, de caráter meramente “pastoral”, senão no fato de uma convergência rumo a uma meta comum, não política ou moral, mas religiosa.

O Papa Francisco parece querer substituir o Magistério tradicional da Igreja, expresso através de documentos, por um neomagistério transmitido por eventos simbólicos.

A mensagem que o Papa pretende dar é de um giro na história da Igreja. Mas é precisamente através da história da Igreja que devemos começar a compreender o significado do evento.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Incompreensíveis elogios do Papa Francisco a Cuba comunista

Incompreensíveis elogios do Papa Francisco a Cuba comunista
Incompreensíveis elogios do Papa Francisco a Cuba comunista



Francisco I e o patriarca ortodoxo Kirill, em documento conjunto assinado em Havana, tentaram justificar o local escolhido afirmando que Cuba seria “um símbolo de esperança no Novo Mundo.”

Honestamente, não se entende em que sentido um ilha-prisão comunista, com quase 60 anos de sinistra existência, poderia ser considerada como um símbolo de “esperança”.

1. Papa Francisco e Patriarca de Moscou Kirill, em documento conjunto assinado em Havana, tentam justificar o local escolhido alegando entre outras coisas que Cuba seria “um símbolo de esperança no Novo Mundo.”

2. Respeitosamente, não se entende em que sentido um ilha-prisão comunista, com quase 60 anos de sinistra existência, poderia ser considerada como um símbolo de “esperança”.

3. E verdadeiramente, é uma prisão que continua tiranizada pelos carcereiros que perseguiram os católicos com criando centros de “re-educação”, com presídios e até mesmo com pelotões de fuzilamento para se livrar de jovens católicos, muitos dos quais, é um imperativo de justiça lembrá-lo, morrera bradando “Viva Cristo Rey! Abaixo o comunismo!”

domingo, 31 de janeiro de 2016

O espectro de Stalin reaparece encarnado em Putin, dizem professores

O espectro de Stalin reaparece encarnado em Putin
O espectro de Stalin reaparece encarnado em Putin
Luis Dufaur
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O regime de Stalin foi um dos mais criminosos da História: vinte milhões de assassinatos num cômputo minimalista, escreveu o catedrático espanhol de filosofia Gabriel Albiac Lópiz, da Universidade Complutense de Madri, no jornal espanhol “ABC”.

Porém, segundo o professor, Putin não é melhor nem pior que Stalin. Mais grave ainda: a sinistra sombra do assassino de milhões está voltando, corporificada no novo chefe do Kremlin.

Svetlana Aleksiévich, escritora bielo-russa que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2015, retrata bem o retorno a esse passado maldito no livro “O fim do Homo Sovieticus”, citado pelo professor Albiac:

“Uma forte nostalgia da União Soviética foi se espalhando por toda a sociedade. O culto de Stalin voltou…

“O partido no poder é uma cópia do Partido Comunista de outrora. Hoje o presidente usufrui de um poder semelhante ao dos secretários gerais do Partido nos tempos soviéticos, um poder absoluto”.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Kremlin combinou dopagem de atletas

Putin apontado pela Agência Mundial Antidoping como peça fundamental do esquema de dopagem de atletas na Rússia
Putin apontado pela Agência Mundial Antidoping
como peça fundamental do esquema de dopagem de atletas na Rússia 
Luis Dufaur
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A Rússia está muito perto de não ser representada nas modalidades de atletismo nas Olimpíadas de Rio de Janeiro.

O presidente da Associação Europeia de Atletismo, Svein Arne Hansen, espera que a Rússia não volte às competições internacionais a tempo de participar dos Jogos Olímpicos, noticiou a agência Reuters.

Segundo a mesma agência, os atletas russos foram banidos indefinidamente pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) em 2015, após a Agência Mundial Antidoping (WADA) relatar uma ampla rede de corrupção e cultura do uso de drogas na Rússia.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Teria Putin feito detonar o voo Metrojet 9268 matando 224 russos?
Ex-agente da KGB diz que sim

Luis Dufaur
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Teria Vladimir Putin ordenado a explosão do voo Metrojet 9268 em 31 de outubro último, matando a totalidade dos 224 dos passageiros e tripulantes que voltavam para casa em São Petersburgo, após férias no Mar Vermelho?

A interrogação parece de filme de ficção de terror. Mas segundo o major Boris Karpichkov, ex-espião da KGB (hoje rebatizada de FSB), não é tão fictícia, e bem pode ser a explicação do até agora insuficientemente explicado atentado.

O major foi treinado na mesma amoralidade de métodos que Vladimir Putin e disse ter todo um dossiê provando a acusação. O caso foi ventilado amplamente pelo jornal britânico “The Daily Mail”.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Patriarca de Moscou pede a recuperação
dos “valores” de Lenine e Stalin

Patriarca da cismática igreja ortodoxa de Moscou troca beijos com Vladimir Putin
Patriarca da cismática igreja ortodoxa de Moscou
troca beijo com Vladimir Putin
Luis Dufaur
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O patriarca Kirill, de Moscou – que além de ser reconhecido como chefe da igreja ortodoxa russa é também noto como “agente Mikhailov” da antiga KGB hoje FSB – exortou seus seguidores a recuperar os “valores” do período soviético, noticiou com satisfação a agência oficial Interfax.

“A Rússia moderna não existiria se não fosse o heroísmo das gerações precedentes que nos anos 20 e 30 não somente trabalharam a terra, coisa que também é importante, mas criaram os fundamentos da indústria, da ciência e do poder defensivo do país”, disse na abertura da 14ª exposição “A Rússia Ortodoxa. Minha História. O século XX. 1914-1945. Da grande perturbação até a Grande Vitória” dedicada à implantação da revolução bolchevista.

O representante do cisma russo é também conhecido ironicamente como “o Metropolita do Tabaco”, pelo controle que exerce sobre esse produto importado.

Dito controle lhe foi concedido pelo regime de Vladimir Putin em pagamento pelos seus serviços. Esse negócio funcionando de modo mafioso lhe teria permitido acumular uma fortuna pessoal de aproximadamente 1,5 bilhões de dólares.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Putin, terrorismo e guerra híbrida

Em Moscou, Putin inaugura a maior mesquita da Europa
Em Moscou, Putin inaugura a maior mesquita da Europa




A Rússia não só não dispõe dos recursos necessários para realizar o sonho imperial de Vladimir Putin – que já foi o da ex-URSS –, como carece dos meios para se sustentar em prazo médio.

Nessa contingência, nada poderia haver de melhor para o dono do Kremlin do que a Europa ser devorada por atritos internos – sociais culturais e religiosos – mais ou menos insolúveis.

Esta interrogação não implica que Putin inventou as causas da migração em massa.

Mas leva a perguntar se ele não as está exacerbando com vistas a debilitar – e quiçá, no futuro, submeter – o continente europeu, com mais um engenhoso estratagema de guerra híbrida.

Pela Europa Central – Ucrânia, Países Bálticos, Polônia – não deu certo. Era necessário outro frente e outras vestes. Pois não poderiam ser de novo os “homens de verde” que ocuparam a península da Crimeia. Isso já é conhecido demais.

O Kremlin precisava de uma outra estratagema de desconcertar os “quadrados” ocidentais. No contato pessoal com amigos russos de Moscou fiquei surpreso e muito agradado, constatando que o russo sob certos pontos de vista – não todos – é muito parecido com o latino-americano e com o brasileiro em especial.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Putin, o maior beneficiado
pela invasão islâmica da Europa?

Putin está se ficando como o maior beneficiado da invasão islâmica. Quem decifra a charada?
Putin está se ficando como o maior beneficiado da invasão islâmica.
Quem decifra a charada?
Luis Dufaur
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A invasão da Europa por ondas de imigrantes provenientes do Meio Oriente e da África, na sua maioria de religião muçulmana, está levantando muitas interrogações.

Para além dos problemas humanitários e emotivos focados pela mídia, em geral de modo sensacionalista, ouve-se falar de normas religiosas corânicas.

Mas essas exortações religiosas por vezes parecem exploradas numa engenhosa manobra de guerra híbrida, estilo de guerra que caracterizaria o início de uma III Guerra Mundial já em andamento.

Vejamos. A religião corânica prega a ocupação ‘pacífica’ das terras dos infiéis como uma forma de ‘guerra santa’ que abre as portas do ‘Paraíso’.

Mas se apertamos o raciocínio esta “invasão” muçulmana, constatamos a existência de muitas interrogações estranhamente silenciadas.

domingo, 22 de novembro de 2015

Guerra submarina pelas fibras ópticas chega ao Rio

O navio espião russo Yantar apareceu em Cuba
O navio espião russo Yantar apareceu em águas brasileiras
Luis Dufaur
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A nova Guerra Fria atingiu as nervuras mais estratégicas da sociedade da informação, escreveu o jornal “El Mundo”, de Madri.

O mundo cada vez mais interconectado por cabos de fibra óptica que atravessam os oceanos poderá em determinado dia amanhecer “sem sistema” até não se sabe quando.

Os EUA deixaram claro que a frota russa trabalha para grampear esses cabos. Mas isso não é tudo.

Pensando na Internet, a opinião pública pensa mais nos satélites, mas é pelos cabos submarinos que passam 95% dos dados telefônicos e de Internet de toda a Terra.

Por eles se fazem transações financeiras num valor de 10 bilhões de dólares (45 bilhões de reais aprox.) por dia.

Esses cabos têm apenas 6,9 milímetros de diâmetro, pesam até 10 quilos por metro, são flexíveis e não atrapalham a pesca.

Mas a Rússia desenvolveu tecnologias para grampeá-los. Já o tinham feito os EUA.

Mapa dos cabos submarinos no mundo. Fonte TeleGeography, Huawei Marine Networks.
Mapa dos cabos submarinos no mundo. Fonte TeleGeography, Huawei Marine Networks.
A HUAWEI autora do mapa é acusada pelos EUA de pertencer ao Exército do Povo Chinês.
Foi um dos capítulos mais secretos da velha Guerra Fria, que aconteceu a centenas de quilômetros das costas, com mergulhadores operando a dezenas de metros de profundidade a partir de todo tipo de naves: falsos navios oceanográficos, submarinos nucleares ou de bolso.

Sempre atrasado, o então presidente americano Barack Obama denunciou trêmulo que a Rússia de Vladimir Putin tomou a dianteira na ameaça contra a era da informação brilhante e frágil como uma nuvem.

O barco espião russo Yantar foi escorraçado das proximidades da Irlanda, acompanhado por britânicos até ingressar em águas brasileiras. Recusou-se a se identificar, mas após uma semana desaparecido das telas, teve que ancorar no Rio.

O Yantar é da classe Balzam, armada na década de ’80.

Segundo a Marinha americana, ecoada pelo jornal The New York Times, o Yantar leva dois mini-submarinos que podem atingir os cabos submarinos a vários quilômetros de profundidade. E na zona por onde o navio suspeito estava viajando existe uma enorme concentração desses cabos.

Segundo o Departamento de Defesa americano, a ameaça é mais séria. Moscou poderia estar montando um esquema de sabotagem das comunicações ocidentais, o qual lhe serviria de chantagem ou de arma, quando bem entender o ditador do Kremlin.

O 'Yantar' ancorado no porto do Rio de Janeiro
Leia-se: cortar os cabos e silenciar o mundo que se quer derrotar.

Será sempre muito difícil identificar onde foi feito o corte e, mais ainda, quem o fez. O reparo ou a substituição também será tremendamente complexo e caro.

Enquanto isso demorar, a Rússia, formidavelmente atrasada em matéria de comunicações, ficará dona da situação.

O Yantar também pode roubar a informação que transita pelos cabos.

Isso não é novidade. Em 1996, os EUA lançaram o submarino nuclear Jimmy Carter, especializado em espionagem.

Ele trabalha para a Agência de Segurança Nacional (NSA) e pode colocar aparelhos que 'escutam' a informação que circula pelas artérias vitais da rede cibernética.

Em outubro de 1971, o submarino nuclear americano Halibut – predecessor do Jimmy Carter – entrou no Mar de Okhost, entre a península soviética de Kamchatka e o Japão, instalando ali um enorme dispositivo de escuta sobre um cabo militar russo secreto.

O equipamento media 7 metros de comprimento e era substituído todo mês pelo Halibut, coletando uma quantidade formidável de dados da Armada vermelha.

Essa foi pega de uma maneira tão inimaginável, que os almirantes da URSS nem sequer se preocupavam em usar códigos. E os americanos entendiam às mil maravilhas tudo o que diziam.

O Viktor Leonov, outro barco espião russo no porto de Havana.
O Viktor Leonov, outro barco espião russo no porto de Havana.
Em 1980, um funcionário infiel da NSA denunciou a Moscou a humilhante situação. Em 1981, a URSS conseguiu apoderar-se do equipamento, que agora está exposto no Museu da Grande Guerra Patriótica dedicado à Segunda Guerra Mundial, em Moscou.

“Tout va très bien, Madame la marquise” (“Tudo vai muito bem, senhora marquesa”) recitava um vaudeville engraçadamente entoado por Maurice Chevalier, até o momento de comunicar à infeliz marquesa que seu marido tinha se arruinado e suicidado, que o castelo havia pegado fogo e que não sobrou nem a cavalariça, nem sequer o burrinho preferido da desmaiada dama.

“Tout va très bien, web de l’Internet!”

Até quando?

Isso está sendo pensado no Kremlin...





domingo, 15 de novembro de 2015

Agonia da economia russa:
espoleta de uma precipitação de efeito mundial?

Efeitos da crise econômica que apenas começou serão devastadores.
Efeitos da crise econômica que apenas começou serão devastadores.



2016 poderá ser o último ano de bonança da combalida economia russa. O ministro russo das Finanças, Anton Siluanov, declarou durante uma audiência parlamentar que em 2017 a Rússia não conseguirá mais fechar seus déficits com os recursos do Fundo de Reserva.

“2016 será o último ano em que conseguiremos gastar nossas reservas do modo como estamos fazendo”, disse. “Então essas reservas terão acabado”, escreveu o jornalista Vitaliy Portnikov, analista da “Nezavisimaya Gazeta”, especializada nos países pós-soviéticos.

Segundo Portnikov, em termos mais simples, 2016 será o último ano da Rússia atual em que Putin ainda poderá pagar dívidas e ordenados com dinheiro.

domingo, 8 de novembro de 2015

A pequena Georgia, berço de Stalin,
enfrenta corajosamente a Putin

Soldados georgianos na inauguração de centro de treinos da OTAN em Tbilisi, Georgia
Soldados georgianos na inauguração de centro de treinos da OTAN
em Tbilisi, Georgia




Em todas as fronteiras com a Europa, o regime de Moscou sopra fatores de animosidade e belicosidade sob os mais variados argumentos. No Cáucaso, a ministra da Defesa da Geórgia, Tinatin Khidasheli, defendeu que seu país resiste à Rússia numa luta pela defesa da civilização.

A Georgia está acelerando seu processo de ingresso na OTAN, fato que enfurece Moscou. Para o Kremlin essa adesão prepara um novo conflito armado. Por isso acha que pode intensificar as campanhas de intimidação, os sequestros e as incursões aéreas, alertou o ministro georgiano.

Segundo ele a Rússia não quer que a Geórgia se consolide como país democrático, próspero e pró-ocidental exatamente junto a fronteiras esquecidas mas permeáveis.

Em entrevista para o jornal britânico The Telegraph, Tinatin Khidasheli defendeu que a Rússia deveria ser banida da Copa de 2018 por sua vontade de engolir os países vizinhos visando reparar a desarticulação da URSS.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Putin segue montando o esquema
do assalto à Europa

Posto de controle na fronteira estoniana com a Rússia.
Posto de controle na fronteira estoniana com a Rússia.



Estônia planeja cerca na fronteira com a Rússia


A rádio oficial alemã Deutsche Welle, informou que a pequena Estônia planeja uma barreira de arame farpado de 2,5 metros de altura e mais de 100 quilômetros de extensão para resguardar sua fronteira com a Rússia.

O objetivo é impedir o trânsito ilegal e proteger União Europeia e o país báltico, ex-integrante da União Soviética.

De acordo com as autoridades, também serão instaladas boias para delimitar a divisa em lagos e rios.

domingo, 25 de outubro de 2015

Tártaros bloqueiam economicamente a Criméia




Membros do povo tártaro que residiam na península invadida pela Rússia estão bloqueando as estradas que conectam a Crimeia à Ucrânia e por onde chegam grandes volumes de produtos indispensáveis para a região.

Os tártaros querem chamar a atenção para a discriminação e o acosso de que eles estão sendo objeto na península pelo invasor russo, noticiou o jornal “The Telegraph”, de Londres.

Centenas de tártaros, em certos casos apoiados por grupos de milicianos ucranianos, cortam as artérias vitais com blocos de cimento e tornam mais lenta a passagem dos caminhões nas autoestradas.

domingo, 18 de outubro de 2015

Novo Komintern (antiga Internacional Comunista)
age sob as ordens de Moscou

Manifestação pró-Putin em Paris, associado ao bolivarianismo, entretanto toma ares de 'extrema direita' para dissimular melhor.
Manifestação pró-Putin em Paris, associado ao bolivarianismo,
entretanto toma ares de 'extrema direita' para dissimular melhor.



A Rússia está instalando na Europa uma estrutura ideológica que se assemelha à Internacional Comunista, também conhecida como Terceira Internacional ou Komintern, criada e dirigida outrora pela União Soviética”, denunciou novo relatório do serviço de contra-inteligência da República Checa.

O velho Komintern, criado por Lenine para espalhar a revolução bolchevista no mundo, agiu escancaradamente desde 1919 até 1943.

Em 1943, os EUA e seus aliados exigiram o fechamento dessa Internacional Comunista como condição para o envio de auxílios maciços à URSS, em guerra com a Alemanha e sendo dobrada militarmente por esta.

domingo, 27 de setembro de 2015

Desastres aéreos militares russos
mostram fragilidade e perigos da ‘nova Guerra Fria’

Queda de helicóptero de ataque de nova geração em Riazan
Queda de helicóptero de ataque de nova geração em Riazan



Em Riazan, 180 quilômetros ao sudeste de Moscou, o exército russo organizou a competição aérea Aviadarts, destinada a exibir diante da população novos equipamentos de combate.

Diante de milhares de espectadores, um helicóptero de ataque Mi-28N de nova geração exibia com sua esquadrilha todas as suas capacidades, até que seu motor engasgou e o aparelho caiu, matando um dos pilotos, segundo a versão do Ministério da Defesa.

A Força Aérea russa suspendeu todos os voos desse modelo até o fim do inquérito. O Mi-28 também é exportado para países “amigos”.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Frotas e exércitos treinaram na Coréia,
no Mar da China e do Japão

O porta-helicópteros japonês JS Hyuga participando em exercícios no Mar da China.
O porta-helicópteros japonês JS Hyuga
participando em exercícios no Mar da China.



Pela primeira vez após a II Guerra Mundial, o Japão participou de um exercício naval conjunto com a frota americana e a marinha de guerra das Filipinas.

A China se sentiu visada pelo exercício. Há crescentes fricções no Mar da China, onde Pequim está criando ilhas artificiais em territórios disputados e instalando bases.

O Secretário de Estado americano John Kerry qualificou a conduta chinesa na região de forma de “militarização” que contribui para a instabilidade.

O Japão aprovou uma reforma legal por onde suas forças armadas, constituídas até agora exclusivamente pela Força de Autodefesa territorial, poderão intervir em ajuda de “países amigos”.

A potência do Sol Nascente está procedendo a novos lançamentos militares como o navio porta-helicópteros Izumu da mais moderna geração.

domingo, 30 de agosto de 2015

Falta de dinheiro e pressões ocidentais
fazem Rússia desistir de navios Mistral

Marinheiros russos junto ao Vladivostok, no porto de Saint Nazaire.
Marinheiros russos junto ao Vladivostok, no porto de Saint Nazaire.



A Rússia acabou desistindo da compra de dois navios da classe Mistral, adquiridos da França antes da crise da Ucrânia.

Os dois países ainda discutem o montante que deverá ser reembolsado a Moscou, que tinha efetuado parte do pagamento no tempo das vacas gordas, noticiou a Gazeta Russa.

A Rússia pede à França mais do que lhe teria adiantado pelos dois navios porta-helicópteros de desembarque, de uso múltiplo, dotados de avançada tecnologia.

“As negociações chegaram ao fim, tudo já foi decidido – tanto o cronograma, como as quantias”, anunciou Vladimir Kojin, conselheiro do presidente Vladimir Putin para questões militares. Mas isso depois não pareceu tão verdadeiro.

A Rússia alega ter feito despesas extras, como ancoradouros para os dois gigantes de guerra, modificações em helicópteros e despesas diversas em treino das centenas de marinheiros que iriam manipular os navios, que superam tudo o que a Rússia possui.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Rússia à testa da dopagem no atletismo mundial




Já antes do início do Mundial de Atletismo em Pequim, o esporte estava às voltas com um escândalo devastador, por causa da dopagem de muitos atletas, relatou o jornal Clarín de Buenos Aires.

800 atletas estavam sob suspeita. Entre eles, 145 medalhistas e 55 campeões olímpicos. A TV pública alemã ARD e o jornal britânico “The Sunday Times” publicaram dados da Agência Mundial Antidoping (AMA) referentes ao período 2001 a 2012.

O dossiê inclui mais de 12.000 analises a mais de 5.000 atletas, 800 dos quais deram resultados sanguíneos “anormais” ou que “sugerem dopagem”.

Em algumas especialidades, a dopagem parece maciça. Um terço das medalhas de atletismo olímpicas e mundiais desse período estaria sob suspeita, inclusive 55 campeões olímpicos e mundiais e um terço dos atuais recordes do mundo.

domingo, 23 de agosto de 2015

Kremlin excogita declarar ilegal a independência dos países bálticos

Lituano foge de tanque soviético durante a tomada da estação de rádio e TV em Vilnius, 13.01.1991
Lituano foge de tanque soviético durante a tomada
da estação de rádio e TV em Vilnius, 13.01.1991



A agência de imprensa russa Interfax informou que a “nova Rússia” decidiu revisar a legalidade do reconhecimento da independência das repúblicas bálticas Estônia, Letônia e Lituânia, informou o International Business Times.

Esses países outrora independentes foram ocupados pelo exército soviético em decorrência do Pacto nazi-soviético Ribbentrop-Molotov de 1939, que dividiu a Europa em duas zonas de influência: comunista e nacional-socialista.

A ocupação soviética, em junho de 1940, procedeu a um extermínio de massa das elites e à perseguição generalizada da Igreja Católica na Lituânia.

Os três países bálticos recuperaram a independência entre 1989 e 1992, durante a queda da União Soviética – URSS.

Agora Vladimir Putin quer restaurar as glórias passadas da URSS de Lênin e Stalin, e revisar, se não anular, o ato de reconhecimento da independência dos bálticos por parte da Federação Russa.

A Procuradoria Geral da Rússia acolheu pedido feito por parlamentares da Duma – Legislativo russo –, que denunciam como “organismo não constitucional” o Conselho que reconheceu ditas independências.

domingo, 16 de agosto de 2015

Argentina kirchnerista perto de Rússia,
como na era da URSS e da guerra das Malvinas

Cristina Kirchner em Moscou
Cristina Kirchner em Moscou
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Os representantes do governo argentino, Agustín Rossi e Sergio Berni, ao longo do ano assinaram em Moscou um vasto leque de acordos de cooperação russo-argentina, informou o jornal Clarín, de Buenos Aires.

Nem mesmo durante a Guerra das Malvinas se tinha visto uma aproximação tão intensa.

Um dos convênios visa à realização, pela primeira vez na história, de exercícios militares conjuntos entre os exércitos russo e argentino.

Outro convênio estabelece que os policiais de ambos os países trabalharão associados na perseguição aos narcotraficantes.

O governo Kirchner vinha afastando o país de uma cooperação intensa com os EUA nessas áreas. Agora a nacionalista e bolivariana revela o destino final dessa política: se aliar ao Kremlin.

O ministro de Defesa argentino, Agustín Rossi, assinou com seu homólogo russo um acordo para a “proteção mútua da informação secreta gerada pela cooperação técnico-militar” entre os dois países.