domingo, 15 de setembro de 2024

Expurgo de generais russos porque a guerra vai mal

Facilidade com que drones destroem caríssimos depósitos russos é atribuída a desvio de verbas na construção
Facilidade com que drones destroem caríssimos depósitos russos
é atribuída a desvio de verbas na construção
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Os insucessos e/ou parcos sucessos daquela que foi acreditada como “segunda potência militar do mundo” na invasão da Ucrânia desencadearam crises de desconfiança no próprio coração de Moscou.

Esfuma-se dia após dia a aura de ditador intocável de iniciativas invencíveis que envolvia a Vladimir Putin.

Esse então passou a recorrer ao terror e à eliminação de seus mais próximos auxiliares, caprichosamente tidos em suspeição de traições com que sonham os ditadores em desgraça.

O vice-ministro de Defesa a cargo da logística militar durante quase 15 anos Dimitri Bulgakov, fora demitido em setembro de 2022.

Agora foi detido pela polícia secreta de Putin, a FSB, sucessora da KGB, e posto na prisão de Lefortovo, em Moscou, onde gemem detidos altos funcionários e dissidentes que caíram no malestar do dono do Kremlin, informou “El Mundo” de Madri.

O ex-comandante militar é a enésima vítima de alto perfil na purga incessante que Putin conduz entre os principais comandantes do país tentando achar um bode expiatório para o mal andamento da guerra de invasão da Ucrânia.

A FSB é seu grande braço de execução, acentuando o papel dos serviços secretos na tentativa de reverter os maus resultados russos na guerra.

O Kremlin quer mais eficiência na frente de combate passando por cima até da prioridade anterior que era a da lealdade ao ditador ainda que atropelando qualquer moral ou realidade.

O organograma militar estava definitivamente abalado desde que Putin demitiu o anterior ministro da Defesa, Sergei Shoigu, amigo pessoal do líder russo, substituindo-o por um economista, o tecnocrata Andrei Belousov.

Explosão do novíssimo míssil intercontinental 'Satan II' também atribuída a falhas de oficiais corruptos
Explosão do novíssimo míssil intercontinental 'Satan II'
também atribuída a falhas de oficiais corruptos
Assim que foi nomeado, Belousov iniciou uma limpeza no Ministério e no Estado-maior que abalou a cabeça das forças armadas russas.

Os altos funcionários amigos do antigo ministro da Defesa foram despedidos ou presos, em geral acusados de corrupção e suborno.

Entre eles, o vice-ministro Temur Ivanov, que supervisionava as construções do Ministério da Defesa. A corrupção e desvios de verbas eram segredos a vozes no Exército Vermelho e quando a frente de combate continuou enviando notícias que não eram as que Putin queria, os que seriam condenados já estavam escolhidos.

O caso de Ivanov é paradigmático, segundo “El Mundo”.

Supervisionar as construções do Ministério da Defesa russo era uma das posições mais lucrativas na Rússia: onde milhões são ganhos com o peculato de recursos públicos.

A bem dizer, até o próprio Putin é acusado a boca pequena de fantásticos desvios de capitais, bem aplicados no Ocidente.

Mas, ai de quem falar forte!

A Rússia está se preparando para uma guerra longa e custosa e não quer perder um único rublo (menos os que estão no meu bolso, diriam alguns).

A máquina estatal russa, durante anos funcionou na base da corrupção, a serviço da ideologia mais corrupta da História.

O enriquecimento ilícito consolidava as lealdades sem mecanismos de controle.

Enquanto foi possível anunciar o feliz desenvolvimento do plano do ditador que devia se concluir em três dias de uma vitória relâmpago, malgrado estivessem passando meses e anos, tudo corria bem, porque assim Putin queria.

Mas quando as notícias reais da guerra ficaram indissimuláveis se acenderam tétricas luzes em alguns escritórios.

Bulgakov foi logo responsabilizado pelas falhas logísticas do exército russo, difíceis de acreditar de tão monstruosas.

As tropas russas estavam gravemente sub-abastecidas e os avanços de Moscou se retardavam.

Pior ainda foi quando os ucranianos invadiram a própria Rússia sem encontrar uma defesa eficaz.

Andrey Belkov, chefe da empresa de construção militar no Ministério da Defesa russo, também foi preso por abuso de poder.

O combate à corrupção no exército foi a oportunidade para os serviços de segurança se vingarem dos militares, segundo explicou o analista Giorgi Revishvili, antigo conselheiro do Conselho de Segurança da Geórgia.

Vladimir Verteletsky, chefe do departamento de compras de defesa do Ministério da Defesa foi preso em maio.

E no mesmo mês, Vadim Shamarin, vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Russas acusado de suborno.

O novo Ministro da Defesa, marca pontos ante Putin com purgas que enterram a era Shoigu mas ali não se decide a guerra na Ucrânia.

O imenso arsenal de Tver 'a prova de bombas atómicas' destruído por drones fora mal feito por corrupção
O imenso arsenal de Tver 'a prova de bombas atômicas'
destruído por drones fora mal feito por corrupção
O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov proclamou aos jornalistas em maio que a luta contra a corrupção “é um trabalho contínuo”.

Na guerra o chefe do Estado-maior deve dirigir as operações na frente, garantir que nada falte aos combatentes.

Mas, com as purgas putinistas, ele deve se concentrar contra os inimigos da retaguarda instalados em ministérios e comandos militares. Pelo menos, até não cair ele próprio.

Agora o grande objetivo é racionalizar a produção militar para uma longa guerra – sim, aquela que está anunciada para ser ganha nos primeiros três dias.

Ela só poderá ser decidida aumentando a produção industrial militar ainda que custe a fome dos civis.

Produzir mais armas e mais munição mais rápido enquanto chovem os drones ucranianos sobre Moscou e pegam fogo as refinarias de petróleo e gás não é nada fácil.

Putin visitou os países amigos – os “países bandidos” – para implorar armas e munição, de péssima qualidade, aliás.

Muitas teriam virado fumaça nos recentes bombardeios de drones ucranianos a grandes depósitos de armas.



domingo, 18 de agosto de 2024

Descalabro das forças armadas russas

Fotos de satélite mostram bases russas vazias perto da fronteira com a Finlândia
Fotos de satélite mostram bases russas vazias perto da fronteira com a Finlândia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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O ministro da Defesa norueguês, Eirik Kristoffersen, garantiu que as forças terrestres russas estacionadas na Península de Kola, fronteira com a Noruega e a Finlândia, foram “dizimadas” pelas pesadas perdas sofridas na Ucrânia, divulgou o jornal francês “L’Independant”.

O descalabro ficou patente com a surpreendente facilidade com que o exército ucraniano está entrando na região russa de Kursk e se abrindo, eventualmente, caminho para Moscou.

Um jornal finlandês assegura que as guarnições e bases militares russas perto da fronteira com a Finlândia estão quase vazias. Quase todas as forças terrestres de Moscou, outrora estacionadas na área, foram enviadas para a Ucrânia.

As imagens de satélite recentes confirmam forte redução no número de tropas e equipamentos ao longo da fronteira com a Finlândia.

“Em média, 80% do equipamento e dos soldados foram transferidos para a Ucrânia”, relata uma importante fonte da inteligência militar finlandesa.

Também várias bases russas de remotas regiões russas sofreram diminuições pesadas. Só Moscou ainda conserva intacta suas tropas de defesa. A insegurança de Putin e os rumores de rebeliões militares o justifica.

As perdas na Ucrânia foram tão grandes que segundo os serviços de inteligência, a Rússia levará de 3 a 5 anos para restaurar a capacidade de combate das suas forças armadas.

A mais recente estimativa da inteligência britânica estima que o invasor perdeu 70.000 homens, entre mortos e feridos, nos meses de maio e junho de 2024, segundo “Le Monde”.

Putin tenta assustar Ocidente ameaçando com uma Terceira Guerra Mundial, mas na realidade as ameaças verbais são cortinas de fumaça para dissimular sua fraqueza. A Rússia não tem com o que fazer a guerra que acena.

Um terço do total da marinha russa não está mais operativa. A perda foi puxada pelo afundamento de um terço da frota russa no Mar Negro.

Bases militares russas esvaziadas na fronteira com a Finlândia
Bases militares russas esvaziadas na fronteira com a Finlândia
Vários navios emblemáticos foram afundados ou danificados na base da Crimeia em Sebastopol, a ponto de a Rússia enviar os seus navios para outros portos mais afastados da área de combate, escreveu ainda o “L’Independant”.

Essa retirada foi principalmente para Novorossiysk. “Eles podem pensar que seus navios estão mais seguros lá, mas a maioria se esconde atrás de navios civis”, disse o porta-voz da marinha ucraniana, Dmytro Pletenchuk. Realmente uma estratégia muito pouco decorosa para uma marinha de guerra.

Pletenchuk sustenta ainda que “um terço dos navios da flota russa do Mar do Norte está definitivamente inutilizável, foi destruída ou danificada”.

Por sua vez, o vice-almirante americano aposentado Mike LeFever declarou à revista “Newsweek”: “víamos a marinha russa como algo grande e poderoso, mas agora ver a Ucrânia dizimá-la sem uma marinha real e com navios não tripulados é significativo de mais”.

A sensação de degringolada da marinha russa foi aumentada por um fato misterioso. Um grande navio russo especializado em neutralizar submarinos, o ‘Almirante Levchenko’, incendiou-se no Mar de Barents, que faz parte do oceano Glacial Ártico.

E tudo indica que a tripulação a bordo não foi salva, noticiou a mídia polonesa Geekweek.

Este mesmo meio de comunicação indica que haveria várias centenas de tripulantes a bordo do navio desaparecido, escreveu o “Huffington Post”.

A catástrofe aconteceu nos mares árticos russos, muito longe do Mar Negro. A Rússia costuma disfarçar suas perdas navais atribuindo-as a acidentes a bordo e nunca a sucessos misseis ou drones do adversário.

Neste caso, guardou enigmático silencio, enquanto o porta-voz das Forças Armadas Ucranianas comentou com uma ponta de ironia: “é o que acontece quando uma ‘superpotência’ recebe sanções e não consegue reparar os motores de seus barcos. Dez anos não foram suficientes para resolver este problema. Uma das instalações pegou fogo”, anunciou.

Estoques de armamento estão se esgotando. No 'desfile da vitória' Putin fez desfilar um só tanque e da II Guerra Mundial
Estoques de armamento estão se esgotando.
No 'desfile da vitória' Putin fez desfilar um só tanque e da II Guerra Mundial!

Os ucranianos não admitiram ter participado no ataque ao navio russo.

Recentemente, porém, as forças especiais ucranianas provocaram um incêndio no navio de guerra russo ‘Serpukhov’, que estava ancorado na região de Koenigsberg, Mar Báltico, segundo os mesmos meios de comunicação.

O ‘Almirante Levchenko’ é um destróier soviético de mísseis guiados do projeto 1155 (classe Udaloy), oficialmente classificado como um grande navio anti-submarino. A unidade estava ativa desde 1988 na Frota do Norte.

Seu armamento principal torpedos de diversos modelos, mísseis e lançadores múltiplos de cargas de profundidade, além de canhões de uso universal e canhões guiados por radar.



domingo, 16 de junho de 2024

80 anos após o “Dia D”, Putin é o novo Hitler e a Ucrânia é o local do embate decisivo

Putin é o novo Hitler e a Ucrânia é o local da batalha decisiva.
Putin é o novo Hitler e a Ucrânia é o local da batalha decisiva.
Luis Dufaur
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O 80º aniversário do “Dia D”, ou desembarco de Normandia, que determinou o rumo final da II Guerra Mundial, foi ocasião de grandes comemorações oficiais na Europa. As festividades, entretanto, vieram carregadas de graves presságios.

Convergiram na França os chefes dos Estados especialmente engajados naquele tremendo episódio bélico.

Eles fizeram sonoros discursos entre os quais se destacou o do Joseph Biden, presidente dos EUA, a potência que mais engajou homens e armamentos em 6 de junho de 1944 e que ainda possui as maiores forças armadas do planeta.

Nas praias da Normandia, Biden fez um paralelismo entre a situação europeia de 1944 em que Hitler tentava submeter a Europa e a situação atual em que seu êmulo na invasão totalitária Vladimir Putin ameaça o continente começando pela Ucrânia.

O presidente americano apelou aos aliados para ajudarem a Ucrânia a derrotar “um tirano determinado a dominar” se referindo a Putin.

Segundo registrou a FoxNews, Biden vinculou diretamente a luta contra a Alemanha nazista aos combates na Ucrânia que vêm acontecendo desde a invasão em grande escala da Rússia em fevereiro de 2022.

“O isolacionismo não era a resposta há 80 anos e não é a resposta hoje. A Ucrânia foi invadida por um tirano determinado a dominar”, disse.

Biden sublinhou que 350 mil soldados russos foram mortos ou feridos no conflito, enquanto que quase 1 milhão de pessoas “deixaram a Rússia porque ali não conseguem mais ver um futuro”.

“Não iremos embora, continuou. Porque se o fizermos, a Ucrânia será subjugada e toda a Europa será ameaçada... os autocratas do mundo estão observando atentamente para ver o que acontece na Ucrânia, para ver se deixamos passar esta agressão ilegal. Curvar-se aos ditadores é simplesmente impensável”, concluiu.

Acima: concentração de blindados russos previa à invasão. Embaixo: desembarco americano na praia 'Omaha' em 1944
Acima: concentração de blindados russos previa à invasão.
Embaixo: desembarco americano na praia 'Omaha' em 1944
Do outro lado da linha de combate, Putin ordenou treinos para a eventualidade de usar armas nucleares
. Os temores se amplificaram obviamente.

De todas partes chovem noticias belicistas alarmantes. Por exemplo, Anne Kest-Butler, diretora da Sede de Comunicações do Governo Britânico (GCHQ), um dos principais centros de inteligência do mundo, alertou no primeiro discurso após assumir o cargo que a Rússia prepara “ataques físicos” contra o Ocidente, noticiou “El Mundo” de Madrid.

Moscou contaria com a colaboração de grupos locais dispostos a “operações de sabotagem”, “vigilância” e “ataques cibernéticos” dentro dos países europeus.

As declarações do chefe da ‘ciberinteligência’ britânica surgem na sequência da sabotagem contra fábricas de armas e armazéns de munições em vários países europeus.

"A Rússia está fazendo atos de sabotagem por toda Europa" ("Valeurs Actuelles", Paris, 8-6-24).
"A Rússia está fazendo atos de sabotagem por toda Europa"
("Valeurs Actuelles", Paris, 8-6-24).
Os ataques foram acompanhados das detenções de espiões russos na Alemanha e na Polônia, acusados de planejar ataques contra instalações militares dos EUA.

“A Rússia acha que está em conflito com o Reino Unido e com os países ocidentais”, alertou o deputado conservador Bob Seely, da comissão parlamentar de relações exteriores.

“Algumas ações parecem obra de amadores, outras são mais sofisticadas. Tudo faz parte da máquina de propaganda de Putin para responder ao Ocidente e testar as suas forças de segurança”, acrescentou o especialista em Rússia.

Anne Keast-Butler sublinhou também as ligações de Moscou com “grupos favoráveis” no continente (alguns deles ligados à extrema direita) para lançar ‘ataques cibernéticos’, realizar trabalhos de vigilância e “em alguns casos coordenar ataques físicos contra o Ocidente”.

Numa conferência CyberUK em Birmingham, Anne Kest-Butler esclareceu que o risco encarnado por Pequim é de “longo prazo”, comparado com o “perigo iminente” representado pela Rússia.


domingo, 19 de maio de 2024

Rússia comanda desinformação contra a família real britânica

Luis Dufaur
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A grande mídia não dá trégua à família real britânica despejando a seu propósito toda classe de boatos que transparecem uma visceral antipatia pelo regime monárquico ainda portador de intenso simbolismo medieval.

A bem dizer se assanha contra ela por qualquer coisa, verdadeira ou falsa, observou o jornal portenho “La Nación”.

Depois se rasgarem as vestimentas por uma fotografia retocada da princesa Kate e dos seus filhos, o rei Carlos III foi alvo de uma campanha de desinformação que o declarou morto com certeza originada em meios de comunicação russos.

Essas notícias falsas se espalharam como um incêndio, forçando o Palácio de Buckingham a negá-las. Mas de onde provinha esse ataque global?

Nada mais e nada menos que da Rússia, onde Putin há muito tem funcionando um verdadeiro exército produtor de fake news para semear o caos mental em Ocidente.

Os chefes a seu serviço explicam que estão incumbidos de tocar uma verdadeira guerra psicológica deturpando as informações, passo prévio para desorganizar o “inimigo” e preparar uma futura conquista política ou militar.

Neste casso, os boatos para desmoralizar a coroa britânica se aceleraram exponencialmente depois de serem publicados na rede social Telegram e serem reproduzidos pelo Vedomosti, um dos jornais de negócios mais respeitados da Rússia.

Lá uma foto de Carlos III em uniforme militar cerimonial saiu com uma breve legenda: “Morreu o rei Carlos III da Inglaterra”.

A partir de ali toda sorte de notícias falsas foram glosadas e amplificadas por sites russos próximos ao poder, incluindo o Readovka, um canal pró-Kremlin do Telegram com mais de 2.350.000 assinantes.

Foram difundidas pelo site Mash; na conta pessoal de Vladimir Soloviev, ex-opositor de Vladimir Putin que se tornou o principal propagandista do regime, e pelo site Sotavision.

A página Readovka disse que possuía um documento, aliás de origem desconhecida, que publicou junto com a foto do monarca britânico e o dizer:

“O seguinte anúncio é feito por comunicações fidedignas. O rei faleceu inesperadamente ontem à tarde”, dizia o texto, datado de 18 de março de 2024.

O documento falso ostentava o selo oficial da residência do rei e era uma cópia do anúncio que o Palácio de Buckingham tinha feito quando da morte da rainha Isabel II.

Com essas aparências enganosas, tomou imediatamente conta das redes sociais, onde, conforme o noticiário, foram acrescentados detalhes.

Falsas informações montadas pela guerra psicológica russa.
Falsas informações montadas pela guerra psicológica russa.
Por exemplo, que todas as bandeiras nos edifícios do governo britânico foram baixadas a meio mastro. Quem conta um conto aumenta um ponto.

No entanto, havia vários indícios que deveriam ter alertado rapidamente as vítimas do embuste que o espalhavam talvez pensando em aumentar suas visualizações.

Os indícios punham e dúvida a credibilidade daquela informação: os seus contornos eram confusos, o formato do texto não correspondia ao utilizado por Buckingham nas suas declarações oficiais.

Sobretudo, a notícia não foi aproveitada por mídia britânica alguma, nem as mais baixamente sensacionalista que sabem como receber milhões de visitas de ingênuos, se seus números são verazes...

Mais recentemente, ocorreu a Putin ameaçar Gra-Bretanha mais uma vez com a bomba atômica.

Decididamente, o ditador do Kremlin e seus asseclas ocidentais disfarçados de conservadores ou religiosos não gostam do país que tantos santos e até Nossa Senhora em La Salette predisseram uma futura conversão que impactaria beneficamente o mundo.


domingo, 21 de abril de 2024

Fraude eleitoral de Putin superou 30 milhões de votos

Eleições fraudulentas
Eleições fraudulentas
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Até hoje as organizações russas independentes tentam chegar a um número aproximado da extensão da fraude eleitoral praticada nas eleições presidenciais russas que voltaram a eleger Vladimir Putin como presidente, segundo antecipado com risível folga.

Segundo elas, a farsa das eleições de 2024 vai bater recordes.

Os detalhes da gigantesca fraude nessas eleições vão ficando cada vez mais claros.

Após a reeleição com o inverossímil 87,28% dos votos por Putin para um histórico quinto mandato pisando uma Rússia cada vez mais submissa, o jornal “Le Monde” citado por BFMTV tentou um balanço objetivo e destacou as manipulações.

Estimativas e observações de várias mídias e organizações independentes segundo “Le Monde” apontam para “a fraude mais significativa da história das eleições na Rússia”, nas palavras da organização de observação eleitoral Golos.

A Golos foi banida do país antes das eleições, obviamente por falta de subserviência ao ditador.

As organizações contaram todas as assembleias de voto em que a participação foi particularmente forte e inexplicável, beneficiando em grande parte o presidente russo.

Usaram o “método Shpilkine”, pelo estatístico que o desenvolveu.

Segundo Golos, o número de votos roubados a favor de Vladimir Putin poderia assim ter atingido os 22 milhões, num total de 76 milhões de votos expressos.

A mídia Novaya Gazeta Europa chega a uma fraude de 31,6 milhões.

As divergências se devem, segundo o “Le Monde”, às mesas de voto tidas como “honestas”, porque aceitaram observadores, e as não-honestas.

Policiais observam se votante foi 'correto'
Policiais observam se votante foi 'correto'
 escala global ocorreram fraudes em muitos mesas. No distrito de Danilovsky em Moscou, onde vive uma população rica e instruída, foram registrados fortes contrastes.

“Onde os observadores independentes conseguiram registrar-se, a pontuação de Vladimir Putin ronda os 60%. Em quatro escritórios onde estiveram ausentes, atingiu… 99%”, relata o correspondente do diário vespertino de Moscou.

Mas houve mesas sem observadores com 100% de participação dos eleitores e todos eles por Vladimir Putin. Na Chechênia, sob uma ditadura islâmica putinista o presidente obteve 98,99% dos votos.

Houve locais de voto onde a manipulação orquestrada foi até flagrada pelas câmeras de segurança com agentes trabalhando duro no clássico enchimento de urnas sob o olhar cúmplice da polícia.

Noutros, a falsificação deu a vitória a Putin na primeira volta por modificações entre a contagem e a publicação dos resultados.

Numa mesa de Moscou, por exemplo, o voto por Putin pulou maravilhosamente de 57% para 86%.

Numa outra de São Petersburgo, o presidente saltou de 77,1% para 98,3% pelo simples aumento artificioso da participação de 64,5% para 95,3%.

Para o “Le Monde” em 2018 os locais de voto “normais” ainda foram maioria.

Mas, nas últimas eleições presidenciais, as mesas “honestas” foram uma deprimente minoria, segundo o meio de comunicação independente Meduza.


Vídeo: funcionárias jogam pilhas de votos em urna




domingo, 31 de março de 2024

Europa pensa em guerra mundial e na Igreja grassa “guerra civil” teológica universal

Almirante Rob Bauer, chefe da NATO diz que aliança se prepara para conflito com a Rússia
Almirante Rob Bauer, chefe da NATO
diz que aliança se prepara para conflito próximo com a Rússia
Luis Dufaur
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continuação do post anterior: Eleição de Putin e rumores de guerra mundial

Europa se prepara para a guerra


Em janeiro, o general Patrick Sanders, chefe do Estado-Maior do exército britânico anunciou que no Reino Unido os cidadãos poderão ser convocados para uma guerra com a Rússia, para a qual as forças armadas se encontram assustadoramente desprovidas de soldados .

Falou também em começar a instrução militar de 120.000 civis.

O encolhimento das mais respeitadas forças militares da Europa é atribuível a décadas de propaganda ingênua de que o comunismo morreu deixando o lugar a uma era sem choques civilizatórios voltada exclusivamente para a economia.

Por sua vez, o almirante holandês Rob Bauer, chefe do Comitê Militar da NATO, defendeu que os países membros devem se preparar para um conflito iminente aberto por Moscou.

No mesmo sentido o ministro sueco da Defesa Civil, Carl-Oskar Bohlin, falou para seu pais que, antes que seja tarde demais, todos devem se preparar para o pior dos cenários: uma guerra com a Rússia .

A Dinamarca ordenou duplicar o número de alistamentos e forneceu jatos F16 para a Ucrânia.

O serviço militar obrigatório, há anos abolido, está voltando a Europa e em alguns países incluirá às mulheres na previsão de uma guerra massiva .

E a União Europeia após muitas discussões, validou uma ajuda de 50 bilhões de euros em empréstimos e dons para sustentar Kiev até 2027 e mais 5 bilhões em ajuda militar, segundo Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, após reunião extraordinária em Bruxelas, no início de fevereiro, noticiada por “Le Monde” .

General Patrick Sanders, chefe das FFAA inglesas, alertou para guerra próxima com a Rússia
General Patrick Sanders, chefe das FFAA inglesas,
alertou para guerra próxima com a Rússia
Também haverá eleições gerais para o Parlamento Europeu em junho deste ano que sondarão a opinião publica continental face a um eventual ataque vindo da Rússia.

O ministro da Defesa da Letônia, Andris Spruds, estuda retirar seu país do tratado sobre minas terrestres, ou Convenção de Ottawa.

Os países bálticos concordaram em construir uma “Linha de Defesa do Báltico”, um complexo de bunkers e fortificações, com sensores e obstáculos físicos anti-tanques além das minas.

“Podemos esperar que a NATO enfrente um grande exército de estilo soviético”, disse o diretor-geral do Serviço de Inteligência Estrangeira da Estônia, Kaupo Rosin, divulgada em fevereiro .

“Nosso plano é usar massivamente minas antitanque, minas de visão e todo tipo de outras minas”, disse Kusti Salm, secretário permanente do Ministério da Defesa da Estônia.

Políticos bálticos pedem fazer tudo o possível para que o Kremlin pense duas vezes antes de cruzar a fronteira .

O ponto de vista alemão


Exercício NATO
Exercício NATO
Nada alarmou mais do que a difusão de documento secreto das forças armadas alemãs no inicio do ano pelo jornal Bild.

Ele desenha diversos cenários possíveis de uma iminente guerra europeia desatada pela Rússia.

Segundo a hipótese “Defesa da Aliança 2025”, Moscou planejaria atacar o flanco oriental da NATO por volta de junho após uma contraofensiva bem-sucedida contra a Ucrânia, que parece estar acontecendo .

Essa “ofensiva de primavera” engajaria 200.000 homens e seria secundada por ataques cibernéticos e outras formas de guerra híbrida, primeiramente contra a Estônia, a Letônia e a Lituânia.

A Alemanha ocupa uma posição central nesses possíveis conflitos e é muito respeitada na planificação da guerra.

Vizinhos da Rússia temem os tanques de Putin e usam minas terrestres para se proteger de uma invasão russa
Vizinhos da Rússia temem os tanques de Putin
e usam minas terrestres para se proteger de uma invasão russa
Os cenários do Ministério da Defesa alemão focam a Polônia e o corredor estratégico (“Suwalki Gap”) entre a Bielorrússia e o enclave de Kaliningrado há muito identificado como um dos calcanhares de Aquiles da NATO.

Em qualquer um dos cenários, uma guerra aberta entre os dois blocos seria o início de uma Terceira Guerra Mundial, disse a CNN .

O conflito especulado teria como ponto de partida um exercício militar em grande escala na Bielorrússia denominado “Zapad 2024” e teria seu pior momento durante a transição presidencial dos EUA.

A Rússia arguiria falsos “conflitos fronteiriços” ou “motins com numerosas mortes”, ou até um complô macrocapitalista contra a gestão de Putin, o diria agir “em defesa própria” .

Francisco I pede a rendição da Ucrânia?


O golpe psicológico que mais favoreceu a estratégia de Putin proveio infelizmente do Papa Francisco I.

Em entrevista à Rádio e Televisão Suíça (RTS), propôs que a Ucrânia tivesse a “coragem de alçar a bandeira branca e negociar”, gesto universalmente interpretado como capitular diante da invasora Rússia.

A reprovação da proposta foi universal, a Ucrânia convocou o núncio apostólico [embaixador do Vaticano] Monseñor Kulbokas, em sinal de protesto, e se sucederam indignadas críticas e desmentidos vaticanos que não solucionaram o caso.

A diplomacia ucraniana acusou ao Pontífice de “legalizar a lei do mais forte” e apoiar Putin a “seguir ignorando o direito internacional” .

Francisco I pede a rendição da Ucrânia? Não pediu o mesmo ao agressor Putin, seu amigo
Francisco I pede a rendição da Ucrânia? Não pediu o mesmo ao agressor Putin, seu amigo

O secretário geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou que “não é momento para falar em rendição” pois “seria um perigo para todos”.

A única solução negociada duradoura e pacífica passa pelo respaldo militar a Ucrânia, acrescentou.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, discordou das declarações do Papa.

“Kiev tem o direito de se defender e pode contar com nosso apoio”, asseverou.

Os bispos alemães qualificaram “infeliz” a fórmula do Papa, mas adotaram as contorções verbais vaticanas que tentam lhe dar um sentido “benigno”.

O fato que as palavras criticadas deram continuidade à velha diplomacia vaticana conhecida como “Ostpolitik” que há décadas tenta a aproximação com o comunismo, hoje atualizado em Vladimir Putin.

Conflito doutrinário na Igreja


Os ditos do pontífice também atiçaram o violento conflito doutrinário dentro da Igreja rotulado de “guerra civil” religiosa em todos os campos da teologia e da disciplina eclesiástica.

Ela se mostrou agravada pela posta em evidencia de uma infiltração de agentes russófilos provocadores no mundo católico, que não só militam na extrema esquerda mas também se fingem “conservadores” e desta posição aplaudem ou desculpam os crimes de Putin.

Então às pesadas nuvens carregadas do perigo de uma Terceira Guerra Mundial se somaram os temores pelo preocupante estado de saúde do Papa que poderia precipitar a eleição de um sucessor num Conclave decisivo para o futuro da Igreja.

NATO treina a defesa do corredor estratégico Suwalki Gap
NATO treina a defesa do corredor estratégico Suwalki Gap.
Na Igreja, o conflito teológico-moral-litúrgico e disciplinar vai mais longe
Caso aconteça, os misteriosos manipuladores da guerra psicológica no Ocidente e no mundo católico tentarão por certo condicioná-la.

O que aconteceria, então, num contexto de conflito bélico iminente ou em ato, de formas caóticas de guerra híbrida, de ataques cibernéticos e invasões de migrantes empurrados desde Moscou percorrendo a Europa.

Nesse horizonte tenebroso, Putin “consagrado” em eleições fraudulentas, estaria interessado num Papa que olhasse para a Rússia como um baluarte contra o Ocidente corrupto, ponderou o prof. Roberto de Mattei .

Assim de três eleições aparentemente muito diversas – as presidências russa e americana, e a de um Papa num Conclave, que esperamos possa acontecer sem perturbações internas ou externas – neste ano 2024 pode se decidir o rumo da Igreja e do mundo.



domingo, 24 de março de 2024

Eleição de Putin e rumores de guerra mundial

Aurora boreal sobre porta-aviões HMS Prince of Wales do Reino Unido, Exercício Steadfast Defender, o maior da OTAN desde a Guerra Fria
Aurora boreal sobre porta-aviões HMS Prince of Wales do Reino Unido,
no exercício Steadfast Defender, o maior da OTAN desde a Guerra Fria
Luis Dufaur
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A prolongação até 2030 da autocracia que Vladimir Putin exerce há 24 anos obteve 87% dos votos na farsa montada dos subterrâneos do Kremlin, e semeada de protestos, atentados e violências policiais.

O mundo todo, excetuados seus amigos, desqualificou a “comédia negra” que o presidente russo aprontou obter o 5º mandato.

Um dia antes de concluir a votação de três dias, com a “vitória” pelo 87% divulgado, Putin se voltou ameaçadoramente contra os que não gostaram dele.

A fraude eleitoral foi pavimentada pela supressão dos candidatos que poderiam desdourar uma “arrasadora” vitória de Putin.

Ninguém superaria a máquina de fraudar os resultados, porém Alexander Navalny, ou alguém indicado por ele, teriam podido colher uma votação reveladora da insatisfação popular pela invasão da Ucrânia.

Esse temor no Kremlin precipitou a morte do opositor.

Mais de 3000 pesoas en protestos contra Putin assassino
Mais de 3000 pesoas em protestos contra Putin assassino
Navalny foi encarcerado após se submeter a um tratamento na Alemanha que o salvou do agente nervoso Novichok, um dos venenos preferidos pelos serviços putinistas.

Desapareceu da colônia penal onde estava preso por “extremismo” e reapareceu numa outra colônia penal em Kharp, no Ártico russo, onde teria sido assassinado por ordem de Putin segundo “The Economist” .

Dezenas de milhares de russos compareceram ao enterro e cerimônias públicas em muitas cidades desafiando a intimidação policial.

A “purga” de dezenas de “oligarcas” próximos do ditador e de altos mandos militares se somou ao mais de um milhão de cidadãos que fugiram do provável envio como “bucha de canhão” à Ucrânia.

Acresce ainda o meio milhão de baixas na guerra, segundo fontes independentes , o equivalente ao número total de homens engajados no início da invasão.

Putin queria, a qualquer custo, uma vitória para ser aclamado pelo eleitorado como um triunfador.

Vitória de Putin estopim da Guerra Mundial?


Mulltidão canta contra Putin no enterro de Alexei Navalny em Moscou
Mulltidão canta contra Putin no enterro de Alexei Navalny em Moscou
Por que, se a eleição estava decidida em seu escritório? Ele revelou suas intenções acionando um sinistro teclado de ameaças militares contra os países vizinhos.

Voltou-se contra a Polônia dizendo que devia boa parte de seu território a Stalin.

E a Polônia, desconfiada pela invasão da Ucrânia fez de seu exercito o maior de Europa e é o país que mais gasta em se armar no continente.

A Suécia e a Finlândia, países neutrais há dois séculos entraram às presas na NATO.

Até maio a mesma NATO está fazendo o maior exercício desde a Guerra Fria nas fronteiras da Rússia: o “Steadfast Defender 2024” com 90.000 soldados.

A Suécia re-militarizou a ilha de Gotland, no Mar Báltico, que controla a saída naval dos complexos militares russos em torno de São Petersburgo e no enclave lotado de mísseis nucleares de Kaliningrado,.

A Lituânia, a Letônia e a Estônia semeiam minas na fronteira com a Rússia e prepararam suas populações para uma invasão.

Putin reclamou da Noruega as ilhas Svalberg, estratégicas para a saída da frota russa de suas bases siberianas.

No sul Putin apontou contra a desarmada Moldávia, membro da NATO, que tem uma faixa de seu território – a Transnístria – ocupada por tropas russas.

Ali um plebiscito teledirigido pediu a anexação do país pela Rússia .

Na véspera da reeleição, o amo do Kremlin causou alvoroço mundial insistindo em entrevista à TV estatal que o arsenal da Rússia “está pronto” para uma guerra nuclear e anunciando armas “mais avançadas” que as dos EUA .

Essas, quando testadas repetidas vezes deram num fiasco.

Blindados espanhóis cruzam o rio Vístula durante o exercício Steadfast Defender
Blindados espanhóis cruzam o rio Vístula durante o exercício Steadfast Defender
Por sua vez, seu vice-presidente Dmitry Medvedev, em Socchi, no Festival Mundial da Juventude 2024 apresentou um mapa do futuro, em que da Ucrânia só fica uma área minúscula em volta de Kiev, e a Rússia abocanharia mais territórios de países próximos.

Também na iminência do pleito eleitoral russo, o presidente francês Emmanuel Macron acenou a hipótese de enviar soldados à Ucrânia deixando o prato servido a Putin que ameaçou retaliações de grande porte.

Nos mesmos dias, três unidades de soldados russos anti-Putin incursionaram em seu país desde a Ucrânia enquanto dezenas de drones incendiavam as principais refinarias de petróleo em território adversário.

Temores europeus pela vitória de Trump


Vicepresidente de Putin, Dmitry Medvedev, apresenta o mapa futuro do que sobraria da Ucrânia
Vicepresidente de Putin, Dmitry Medvedev, apresenta o mapa futuro do que sobraria da Ucrânia
Na Europa ecoam rumores de guerra, as indústrias bélicas se enchem de encomendas, os países aumentam seus orçamentos militares e se espalhou-se o temor de uma vitória eleitoral de Trump nos EUA.

O virtual candidato republicano diz que cortará o dinheiro dos EUA para a parte do orçamento da NATO que os europeus não cobrem.

Entrementes, seu partido, o Republicano bloqueia as verbas para a Ucrânia que, sem munição suficiente, cede pontos sensíveis do front permitindo ao exercito russo fazer avanços, pequenos em verdade, mas que antes não conseguia fazer.

A ninguém se esconde a recíproca simpatia pessoal entre Trump e Putin.

No partido Democrata, Joe Biden, que se posiciona pela Ucrânia, é o opositor eleitoral de Trump embora seja o presidente mais impopular da história dos EUA e exiba uma condição física e mental fraca para enfrentar uma crise das dimensões anunciadas.



Continua no próximo post: Europa pensa em guerra mundial e na Igreja grassa “guerra civil” teológica universal


domingo, 17 de março de 2024

Boomerang de frio congelou russos

Populares queimam o que podem sem aquecimento
Populares queimam o que podem sem aquecimento
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Centenas de milhares de russos ficaram sem aquecimento no ultimo inverno (2023-2024), que foi particularmente rigoroso. Avarias em sistemas de aquecimento coletivo foram relatadas em todo o país.

As maiores delas foram registradas em Podolsk, uma cidade dormitório nos arredores de Moscou com uma população de 149 mil pessoas, segundo reportagem da FranceTVinfo.

Caldeiras quebradas, canos estourando em quase todos os lugares foram uma constante na região de São Petersburgo, em Voroniej, Volgogrado, e até no Extremo Oriente...

Por toda parte, viram-se moradores intumescidos de frio e exaustos, se aquecendo em grupos em volta de esquálidas fogueiras alimentadas com restos de qualquer coisa que queime.

Alguns deles difundiram vídeos nas redes sociais para dizer que estão congelando em casa e literalmente de congelar até a morte.

Como sempre acontece numa situação destas na Rússia de Putin, os cidadãos entre desesperados e resignados ante o fatalismo ensinado por cismâticos e comunistas apelaram a autoridade máxima do Kremlin.

Moradores gravam mensagem pedindo auxilio a Putin
Moradores gravam mensagem pedindo auxilio a Putin
Esse encenou alguma reação e pediu ao Ministério de Situações de Emergência tomar medidas. Também trombeteou que estava assumindo pessoalmente a situação que só se resolveu com o fim do inverno.

Nas redes sociais, não poucos russos, e em particular os ucranianos, viram nisto a prova de que a Rússia inteiramente focada na economia de guerra, estava a pagar a conta, cobrada por uma mão providencial.

Na realidade o problema não é tão novo: está intimamente ligado às disfunções crônicas do regime russo igualitário e dirigista, que é mais do mesmo do que havia na falida URSS.

As enormes caldeiras feitas para aquecer inteiras áreas urbanas herdadas da era soviética foram mal conservadas, e a guerra consumiu as verbas não roubadas pelos burocratas que deveria consertá-las.

Há décadas que os governos prometem resolver o problema, mas a rigidez burocrática, o imediatismo político e a corrupção significam que nada está a melhorar.

Pelo contrário, tudo piora como no comunismo soviético.

O governo russo não pode acalmar o descontentamento porque a economia de guerra produz consequências de longa duração, entre as quais o deterioro ou omissão de conserto de todos os serviços públicos. Já se faz saber que as verbas para melhorar as habitações coletivas diminuirão drasticamente nos próximos anos.

Casas invadidas pelo gelo de um inverno severo
Casas invadidas pelo gelo de um inverno severo
Um quarto dos russos não tem acesso a banheiros conectados ao esgoto.

O projeto de modernização do aquecimento socializado é gigantesco... no papel. Entretanto, para acalmar a população, o governo recorre aos velhos métodos socialistas: escolher culpados.

Em Podolsk, o vice-chefe da administração e o diretor da sala das caldeiras foi detido e encarcerado por corrupção, mas nada foi solucionado.

Pensar que no início da guerra de invasão da Ucrânia a Rússia bombardeou seletivamente os sistemas de energia das cidades ucranianas, achando que o pobre país não suportaria o frio e acabaria capitulando.

A Ucrânia resistiu patriótica e religiosamente. Agora, tudo se passa como se um boomerang providencial tivesse abatido sobre a população russa recordes de frio com as infraestruturas de aquecimento sem conserto.

Ficaram em pânico Putin, seus cúmplices e o monstruoso dirigismo comunista que o déspota do Kremlin faz tudo para preservar. Pois o omniarca se aterroriza quando ouve os escravos agitando as correntes que os prendem, neste caso gemendo de frio.


domingo, 10 de março de 2024

Acusar de “seita”: velho artifício comunista, hoje putinista

Alexander Novopashin, clérigo cismâtico encarregaddo de rotular de 'seita' aos adversários cristãos de Puitn
Alexander Novopashin, clérigo cismâtico encarregado de
rotular de 'seita' aos adversários cristãos de Puitn
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Moscou explora mais um artifício para reprimir os grupos dissidentes: os acusa de serem perigosas “seitas” cuja ameaça para a sociedade deve ser extirpada.

Nessa perseguição, o Kremlin tem um apoio destacado no líder anti-“seita”: o arcipreste Alexander Novopashin, que esteve afiliado até março de 2023 à Federação Europeia de Movimentos Anti-“seita” apoiada pela francesa, FECRIS.

Ele oficia na catedral cismâtica de São Alexander Nevsky, em Novosibirsk, dependente do Patriarcado de Moscou, porta-voz religioso das vontades de Putin.

A denúncia das ações deste agente foi feita por “Bitter Winter” site especializado em desvendar as perseguições religiosas no mundo.

O arcipreste é um inimigo profissional das “seitas” para o que ele elaborou um coquetel venenoso de ideologia criminosa do regime de Putin com os artifícios do movimento anti-“seita” ao estilo FECRIS.

Novopashin acusa os EUA de satanista e aponta contra a Ucrânia como responsável dos crimes satanistas cada vez mais freqüentes na Rússia.

Esse coquetel é derramado contra as vítimas escolhidas a dedo ou, por vezes, é mantido em silêncio aguardando para aplicá-lo em seu momento. A polícia política putinista escolhe.

Após o início da guerra de agressão contra a Ucrânia, a maior parte do coquetel saiu à luz para espalhar teorias anti-ucranianas tão absurdas quanto possível.

Em comparação com Alexander Dvorkin, outro importante ativista russo que trabalha contra ditas “seitas”, Novopashin se assemelha mais a um burocrata obtuso que multiplica as contradições, apontou Massimo Introvigne especialista nas perseguições anticristãs na Europa e no mundo.

O eclesiástico russo já apareceu bancando de especialista em espionagem.

Ele disse ao “News of Siberia” que a inteligência ucraniana recrutou “milhares” de agentes na Rússia para espionar infraestruturas militares, movimentos de tropas e comboios militares.

Ele apontou aos “tristes seguidores de Navalny”, o dissidente a quem definiu “agente estrangeiro e terrorista”. Navalny morreu depois num cárcere ártico, causando comoção mundial pelo aparente assassinato putinista.

Novopashin e Kolokoltsev, ministro do Interior, representantes russos na aliança ocidental anti-seita FECRIS
Novopashin e Kolokoltsev, ministro do Interior,
representantes russos na aliança ocidental anti-seita FECRIS
Novopashin não conta, nem sabe, onde se escondem os espiões ucranianos. “Na maioria das vezes”, explica o arcipreste da polícia putinista, “os encarceramentos de espiões ucranianos ocorrem em novas regiões do país”, ou seja, em partes da Ucrânia que a Rússia anexou fraudulentamente.

O arcipreste acusa a ucranianos de espionar para a Ucrânia na própria Ucrânia, o que não deixa de ter algo de histriônico.

“Mas o SBU [serviço de inteligência ucraniano] tenta expandir a sua rede de agentes, razão pela qual seus agentes são detidos mesmo na Sibéria”, acrescenta incongruentemente.

“Na verdade”, explica o inimigo das “seitas” que não são a sua, “milhares de agentes recrutados foram descobertos, a imprensa noticia apenas os casos mais ressonantes”.

E ali ele encaixar sua missão: “é necessária uma contra-propaganda em grande escala para suprimir as atividades de recrutamento do inimigo”.

“Os cidadãos da Federação Russa devem saber em detalhes como funciona a inteligência estrangeira, como ocorre o recrutamento e quais ameaças os agentes potenciais enfrentam para tais ações”. Essa denúncia justificaria a detenção de dissidentes anti-Putin.

“Tudo isto deve ser apresentado com exemplos modernos e históricos, da forma mais clara possível. Mas, infelizmente, esse trabalho não está sendo realizado”.

“Precisamos de uma visão mais ampla e inteligente do problema, e isto não é apenas uma questão da competência dos serviços de inteligência”, acrescentou.

A pátria russa precisa de lutadores contra as “seitas” que sejam clarividentes como ele para denunciar os espiões ucranianos que se escondem nessas “seitas”.

O jornal siberiano, em acordo com o arcipreste-policial Novopashin, apresenta uma antiga lista de 58 “seitas” (e “muitas outras”), que inclui de tudo, desde os Santos dos Últimos Dias às Testemunhas de Jeová, e desde a Cientologia à desconhecida Soka Gakkai.

O clérigo do Patriarcado de Moscou também define quem é cristão ou não, como no caso da Igreja da Nova Geração, que Putin persegue por qualquer razão, e que ele chama de “paródia blasfema do Cristianismo, movimento sectário ocultista”.

Obviamente, para ele a pior das “seitas” é o anticomunismo e o catolicismo levados a sério.