domingo, 21 de maio de 2017

A cartada de Putin: dividir para imperar,
adormecer para esmagar

A bandeira da URSS arriada pela última vez do Kremlin. Parecia que tudo terminava. Mas a manobra estava apenas começando.
A bandeira da URSS arriada pela última vez do Kremlin.
Parecia que tudo terminava. Mas a manobra estava apenas começando.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





Quando a bandeira vermelha com a foice e o martelo foi arriada no Kremlin em sinal da extinção do império marxista-leninista da URSS, o mundo suspirou aliviado.

Mas, nos antros não visíveis a olho nu que deram origem a essa imensa central do mal, preparava-se outra coisa que poucos ousavam imaginar.

“O comunismo morreu!” clamaram com júbilo os potentados de mídia e da economia ocidental que até havia pouco se resignavam a capitular diante do monstro vermelho cujo trono estava no Kremlin.

Houve poucos, muito poucos, que não caíram na cilada. Entre eles destacou-se como figura de exceção, um grande brasileiro: o prof. Plínio Corrêa de Oliveira.

Acompanhando acuradamente o noticiário nacional e internacional, ele foi formando uma ponderada, mas previsora conclusão: o comunismo não estava conseguindo conquistar as massas e por isso entrava em crise.

Para tentar superar essa crise, ele poderia tentar uma manobra – entre outras – que consistiria em fingir uma extinção que desarmasse os oponentes. Quando estes se adormecessem, ele desferiria um golpe de grandes proporções.

O plano não era novo. O esboço dele apareceu em conferência de Dimitri Z. Manuilski, primeiro secretário do Partido Comunista da Ucrânia.

domingo, 16 de abril de 2017

Dentro e fora do país,
aumenta a saturação em relação a Putin

Protestos contra corrupção em 99 cidades da Rússia foram animados pelos jovens
Protestos contra corrupção em 99 cidades da Rússia foram animados pelos jovens
Luis Dufaur
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Manifestações contra a corrupção imperante no Kremlin reuniram em março muitos milhares de pessoas em quase cem cidades da Rússia. A aglomeração e a multiplicidade de locais deixaram espantados a opositores e situacionistas.

O Kremlin que sabia do mal-estar espalhado na Rússia, entretanto, não conseguia esconder o pasmo diante da dimensão do protesto. Surpreso também ficou Alexei Navalny o dissidente que convocou as marchas.

Alexei Navalny e por volta de 700 seguidores foram presos pelo aparato repressivo enquanto os manifestantes foram atacados com gás pimenta e cassetetes segundo a organização OVD-Info.

Para a polícia “só” 500 foram encarcerados. O recurso à brutalidade com os opositores não é novidade na Rússia nem para uns nem para outros.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Trump abre os olhos
para a verdade da “nova-Rússia”?

Pai vai enterrar seus dois filhos mortos pelo ataque assassino
Pai vai enterrar seus dois filhos mortos pelo ataque assassino
Luis Dufaur
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Na noite de quinta-feira para sexta feira (6/7 de abril) o cenário do mundo deu um giro brusco, até contraditório, de 180º. Dos destroieres americanos – o USS Porter e USS Ross – enviaram uma chuva de 59 mísseis Tomahawk para a base aérea síria de Al Shayrat.

Dessa base partiram os aviões que bombardearam com gás sarin a cidade Khan Cheikhoun matando cruelmente por volta de 90 civis entre os quais 30 crianças.

A resposta americana pulverizou por volta de 20% da força aérea síria.

O fato deixou o mundo pasmo. Todas as predições e cálculos estratégicos no mundo ruíram nesse instante. Todos agora procuram entender o que se passou e se posicionar no novo cenário.

Pois os EUA vinham de bombardearam não apenas uma base síria, mas atingido a menina dos olhos da “nova-Rússia”. Os dois gigantes estão face a face.

domingo, 2 de abril de 2017

Suécia teme agressividade de Moscou
e intensifica rearmamento

Suécia restabeleceu o serviço militar obrigatório
A Suécia restabeleceu o serviço militar obrigatório
Luis Dufaur
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A Suécia, berço dos míticos vikings, adotou no século XX o pacifismo visceral socialista com a ilusão de se imunizar contra eventual invasão russa.

Também acolheu no país uma vasta rede de organizações “companheiras de viagem” do comunismo russo. Essas fizeram da Suécia uma base a partir da qual pregavam a desmobilização dos espíritos no Ocidente face ao expansionismo soviético em nome da “paz”.

Essa nação protestante omitia a verdadeira avaliação do perigo russo, apresentado por Nossa Senhora em Fátima como um instrumento da punição divina.

Porém, nos últimos anos, a agressividade da “nova Rússia” de Vladimir Putin, patente em países próximos da Suécia, provocou forte mudança de atitude na opinião pública sueca.

Em consequência, o governo de Estocolmo determinou restabelecer o serviço militar obrigatório.

domingo, 26 de março de 2017

Revelada tentativa russa
de assassinar o primeiro ministro de Montenegro

Nemanja Ristic, um dos conspiradores, fotografado perto do ministro do exterior russo Sergei Lavrov em visita à Sérvia
Nemanja Ristic, um dos conspiradores,
fotografado perto do ministro do exterior russo Sergei Lavrov em visita à Sérvia
Luis Dufaur
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O governo russo teria montado um atentado para assassinar o primeiro-ministro de Montenegro, Milo Djukanovic, revelou “The Daily Telegraph”, citando fontes do Foreign Office.

Os dados da investigação foram revelados com detalhes em fevereiro (2017).

Moscou teria excogitado um golpe contra o Parlamento na véspera do ingresso do pequeno país na NATO.

Para o ministro russo de relações exteriores Sergei Lavrov, a culpada pelas tensões é a NATO que, segundo ele, é uma “instituição da Guerra Fria” cujo expansionismo estaria forjando níveis de tensão sem precedentes na Europa nos últimos 30 anos. A Rússia seria inteiramente inocente.

domingo, 19 de março de 2017

O inferno soviético na Terra
mantido pela “nova Rússia”

Restos da prisão de Norilsk
Luis Dufaur
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A cidade mais populosa do Ártico russo, com 46 graus abaixo de zero às 8 horas da manhã, está sumida na noite polar, mas as crianças vão para a escola como em qualquer dia normal de inverno.

Ela está fechada para os estrangeiros. O secretismo que envolve a cidade restringe até as poucas licenças concedidas à imprensa do exterior.

É “a pior cidade do mundo para viver”. Mas um jornalista de La Vanguardia de Barcelona acabou conseguindo a licença e contou o que viu.

A razão do mistério está encharcada de sangue, repressão e ditadura. Norilsk nasceu nos anos trinta do século XX e as galerias de suas minas foram escavadas por prisioneiros do gulag, vítimas dos expurgos stalinistas do Grande Terror.

Na península de Taimir há enormes reservas de níquel, cobre e platino, e ainda hoje a cidade de 170.000 habitantes é regida pela estatal Norilsk Nikel, da qual depende até o último detalhe da vida.

Norilsk não tem estrada, nem trem. Só se pode chegar de avião ou de rompe-gelo.

A cidade é uma das mais contaminadas do mundo. A neve cai preta, os rios são vermelhos, a chuva é ácida e quase todas as árvores morreram. A expectativa de vida é de 46 anos. A mineração e a indústria local jogam anualmente no ar 4.000 toneladas de dióxido de sulfuro.

domingo, 5 de março de 2017

Influências russas na administração Trump
dividem conservadores no governo

Nikki Haley, flamante embaixadora na ONU reafirmou que os EUA manterão as sanções à Rússia.
Nikki Haley, flamante embaixadora na ONU
reafirmou que os EUA manterão as sanções à Rússia.
Luis Dufaur
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Após a eleição de Donald Trump, os milicianos pró-russos que ocupam o leste ucraniano recrudesceram as provocações e há mortes quase diariamente.

Talvez a Rússia imaginasse que o novo governo americano afrouxaria a resistência.

Mas, de fato, a nova embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, declarou no Conselho de Segurança que as sanções contra o Kremlin ficam de pé “até que a Rússia devolva o controle da península (da Crimeia) à Ucrânia”, noticiou a AFP.

A embaixadora deplorou que sua primeira intervenção no Conselho de Segurança tenha disso para “condenar as ações agressivas da Rússia”.

“Nós queremos melhores relações com a Rússia. Porém, a situação critica no leste da Ucrânia pede uma condenação forte e clara das manobras russas.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Guerra híbrida russa
mira Lituânia, Ucrânia, França e Alemanha

Civis treinam para lidar contra seudo insurgentes teleguiados desde Moscou
Civis treinam para lidar contra insurgentes teleguiados desde Moscou
Luis Dufaur
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“Carece de todo senso imaginar nos invadir: nós não nos renderemos jamais!”, afirmou peremptoriamente Dalia Grybauskaité, presidente da Lituânia. O povo lhe pede segurança acima de tudo, segundo recolheu FranceTV. 

O povo lituano é diminuto em população e território, mas não carece de bom senso e coragem.

Por isso, não leva a sério as declarações distensionistas que o Ocidente engole e teme positivamente a invasão russa. A Lituânia tem fronteira com o supermilitarizado enclave russo de Kaliningrado.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

“Washington será nossa”:
a comemoração do Kremlin

No centro de Moscou cartazes promoviam a candidatura de Donald Trump.
No centro de Moscou cartazes promoviam a candidatura de Donald Trump.
Luis Dufaur
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Uma estranha comemoração teve lugar em Moscou na inauguração da presidência de Donald Trump. Com champagne e festejos o Kremlin marcou a data festiva daquele que em teoria deveria ser seu maior oponente.

“É estranho, mas é ótimo, pela primeira vez os russos estão aplaudindo a vitória de um candidato presidencial dos EUA”, comentou o analista político Stanislav Byshok, citado pelo “New York Daily News”.

As promessas de Trump alimentam o otimismo russo, malgrado a recente manutenção das sanções pela invasão ilegal da Crimeia, a ocupação do leste da Ucrânia, a oposição militar na guerra na Síria e a interferência da Rússia na eleição presidencial.

O primeiro ministro russo Dmitry Medvedev foi dos primeiros a comemorar no Facebook.

Perto do Kremlin, nacionalistas russos montaram na sede dos Correios de estilo típico soviético um tríptico de Putin, Trump e a líder do Front National francês Marine Le Pen.

Vladimir Putin foi exibido na tela erguendo a taça de champagne e tendo a seu lado a política francesa Marine Le Pen.

A festa foi organizada pela TV Tsargrad, dirigida pelo ideólogo ultraputinista Alexander Dugin e foi partilhada por uma centena de nacionalistas russos admiradores de Trump.

Trumpomania fabricada no Kremlin: em Moscu a ativista putinista Maria Katasonova durante entrevista de imprensa.
Trumpomania fabricada no Kremlin: em Moscu
a ativista putinista Maria Katasonova durante entrevista de imprensa,
ostenta o tríptico Putin-Le Pen-Trump
“Sim, é uma festa”, disse o sorridente Dmitry Rode, empresário das comunicações com a taça na mão.

Alguns dos presentes usavam máscaras de Guy Fawkes em alusão aos hackers russos que teriam interferido nas eleições.

“Estou feliz por todos os hackers russos”, explicou o profissional Filip Nikolsky que usava uma camiseta com o dizer “Você foi hackeado”.

Numa boate moscovita várias dúzias de pessoas brindaram pela vitória de Trump. O cantor Willi Tokarev, uma lenda da música russa, entoou sua canção “Trumplissimo America!”

Leonid Slutsky, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Duma, também comemorou porque com Trump Moscou pode aguardar dias melhores.

No World Economic Forum de Davos, na Suíça, Igor Shuvalov, representante do primeiro ministro russo anunciou que Trump e Putin trabalharão juntos para resolver o caso da Ucrânia, que para o chefe do Kremlin só se resolve com uma vitória russa virtualmente incondicional.

Para o dissidente Gennady Gudkov, a Rússia está atacada por uma estranha “Trumpomania” insuflada pela mídia dependente do Kremlin, reproduziu a CNBC.

Medalhas comemorativas em ouro e prata com os dizeres “In Trump We Trust”, parafraseando o dólar, foram emitidas em Zlatoust, cidade no leste de Moscou.

Os vendedores das tradicionais matrioscas, ou boneca russa, brinquedo tradicional composto por uma série de bonecos colocados uns dentro dos outros, passaram a acrescentar o de Donald Trump.

Putin,Trump e Lenine, nas matryoshkas de venda popular.
Putin,Trump e Lenine, nas matryoshkas de venda popular.
Ela era vendida com junto com a de Vladimir Putin, e as de Vladimir Lenine, Josef Stalin e Mikhail Gorbachev.

“A eleição de Trump gerou um entusiasmo enorme porque suas cálidas palavras sobre a Rússia e Putin passaram a esperança de que os EUA e o Ocidente cessariam de atacar a Rússia”, disse Sergei Markov, ex-advogado pro-Putin, que glosava a vulgata do Kremlin.

Porém, ele fez uma ressalva: “nós russos estamos otimistas, mas estamos nos preparando para o pior” em alusão à possível III Guerra Mundial.

Konstantin Rykov, ex-advogado pro-Putin e promotor do evento saudou o início da primeira fase de uma “Nova Ordem Mundial”.

No que é que consiste esse substituo da odiada antiga “Ordem Mundial” globalista?

Rykov respondeu com poucas palavras: “Washington será nossa”.



domingo, 5 de fevereiro de 2017

“Exército fantasma” russo age hoje na Síria.
Agirá amanhã no Brasil?

Mercenários russos em foto capturada pelo Estado Islâmico.
Mercenários russos em foto capturada pelo Estado Islâmico.
Luis Dufaur
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A Rússia aplicou na Síria uma velha tática para exterminar friamente as forças adversárias: apelou para bandos de mercenários sem relação com o quadro do conflito, escreveu “La Nación” de Buenos Aires.

Por exemplo, o major Sergei Tchupov oficialmente nunca fez parte dos efetivos militares russos enviados à Síria.

Veterano do Afeganistão e experimentado no esmagamento da Chechênia, ele era membro da 46ª Brigada do Ministério do Interior russo, encontrou a morte atacando Aleppo.

Seus amigos revelaram os fatos básicos nas redes sociais. Mas a lápide de sua tumba num cemitério de Moscou diz outras coisas.

Tchupov foi um “cão da guerra”: um das centenas de militares russos que agem como mercenários contratados por sociedades privadas, em estreita dependência do Kremlin, e no caso com o governo de Assad.

As baixas russas como a de Tchupov são difíceis de calcular, pois na Rússia de Putin ninguém pode saber o que lhes aconteceu, explicou o jornal.

Mas há os que sobreviveram e podem contar algo, como Vitaly “Prizer”, treinado nas forças especiais da polícia política FSB (ex KGB), de onde saiu para uma “nova vida militar” no Iraque, no golfo de Aden e no Oceano Índico.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Álcoois pesados matam milhares
numa Rússia sem religião

O drama de Irkutsk e da Rússia numa ilustração do The Guardian
O drama de Irkutsk e da Rússia numa ilustração do The Guardian
Luis Dufaur
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Um dos mais deploráveis vícios que consomem a população russa é a bebedeira. Não é novo, vem de séculos.

Mas a chamada Igreja Ortodoxa russa, que deveria ensinar a moral e promovê-la, nada fez para acabar com esse flagelo. Pelo contrário, muitos de seus religiosos e hierarcas são conhecidos pelo povo por seu homérico abuso do álcool.

Tampouco fez nada o comunismo soviético que, aliás, via na vodca um instrumento para avassalar a população.

Vladimir Putin, falsamente tido como moralista e cristão, também explora e promove esse vício como recurso de abaixamento e anestesia da população.

O vício está especialmente espalhado entre os homens – embora muitas mulheres não estejam isentas – e é o grande causante da baixíssima expectativa de vida deles na Rússia, uma das menores do mundo.

Porém, o grau de degradação a que chegou nessa matéria a “URSS 2.0” nos últimos anos estarrece até os próprios russos.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Rússia foge do Tribunal Penal Internacional
e reforça pesadas suspeitas

Tropas georgianas deixam Gorid diante de esmagadora superioridade do agressor russo
Tropas georgianas deixam Gorid diante de esmagadora superioridade do agressor russo
Luis Dufaur
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Vladimir Putin assinou decreto pelo qual a Rússia deixa de fazer parte do Tribunal Penal Internacional (TPI), noticiou “El Mundo” de Madri.

O TPI é responsável por julgar acusações graves como genocídio e crimes contra a humanidade. Putin sente sobre seu governo e o país que tiraniza pesarem graves culpas e foge da Justiça internacional desconhecendo seus tribunais.

O diktat de Putin saiu logo após a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Geral da ONU aprovar resolução condenando a “ocupação temporária da Crimeia” pela Rússia e condenando a Rússia por abusos de direitos como a discriminação contra alguns criminosos.

domingo, 20 de novembro de 2016

Putin nacionalista
chora a velha URSS internacionalista

Putin, Lenin, Engels, Marx: a continuidade em metamorfose
Putin, Lenin, Engels, Marx: a continuidade em metamorfose
Luis Dufaur
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O presidente russo Vladimir Putin deplorou mais uma vez a desintegração da União Soviética, segundo informou sua agência Sputnik.

Para ele o fim da URSS não era necessário e censurou que no Partido Comunista da época tivessem sido promovidas “ideias destruidoras para o país”.

De fato, o secretário-geral do Partido Comunista da URSS, Mikhail Gorbachev, promoveu uma política que ele condensou na palavra “perestroika” (literalmente “reconstrução” ou “reestruturação”) que deveria ser aplicada por uma política denominada “glasnost” (literalmente “transparência”).

Segundo essa política a velha União Soviética de Lenine e Stalin deveria dar lugar a mais um passo na avançada rumo à utopia comunista total sonhada por Marx.

Porém, os comunistas que queriam preservar o antigo regime staliniano acastelados nas Forças Armadas e na KGB opuseram ferrenha resistência à nova versão do comunismo.

O resultado foi que a União Soviética colapsou e que o “comunismo novo” autogestionário de Gorbachev não chegou a ser instaurado.

“Sabem que atitude tenho em relação ao colapso da União Soviética”, explicou o senhor todo-poderoso do Kremlin. “Ele não era necessário. Era possível ter realizado reformas, inclusive democráticas, sem isso [o colapso]”, disse Putin no encontro com os líderes dos principais partidos políticos.

domingo, 13 de novembro de 2016

Rússia age como “país fora da lei”
e preocupa mais que a URSS

Fumegando para valer, com atraso inexplicado, o geriátrico porta-aviões único russo Almirante Kuznetsov chegou perto da Síria. Seus armamentos e tecnologia não preocupam. Mas sim o perigo de uma guerra nuclear-chantagem para obter concessões assustadoras.
Fumegando para valer, com atraso inexplicado,
o geriátrico porta-aviões único russo Almirante Kuznetsov chegou perto da Síria.
Seus armamentos e tecnologia não preocupam.
Mas sim o perigo de uma guerra nuclear-chantagem para obter concessões assustadoras.
Luis Dufaur
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A Rússia de Vladimir Putin é mais preocupante que a antiga União Soviética em temas como o emprego de armas nucleares, declarou o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, segundo noticiou a UOL.

A preocupação foi externada durante uma visita à base de mísseis nucleares intercontinentais de Minot, em Dakota do Sul (centro-norte dos EUA).

O chefe do Pentágono criticou a “gesticulação nuclear” da Rússia de hoje e seus investimentos em “novas armas” atômicas.

E aumentou a apreensão existente diante do aparente descontrole verbal em que caem com relativa frequência os líderes do Kremlin:

“Pode-se perguntar se os dirigentes russos da atualidade conservam aquela grande capacidade de contenção que tinham na época da Guerra Fria na hora de exibir suas armas nucleares”, afirmou.

Hoje, “a utilização mais provável da arma nuclear já não é a guerra total”, como se pretendia naqueles anos, explicou Carter.

Mas “um ataque terrível e sem precedentes, lançado por exemplo pela Rússia e pela Coreia do Norte para tentar forçar a um adversário mais poderoso em matéria de armamento convencional a abandonar um de seus aliados durante uma crise”, explicou Carter.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Fraude arrasa na Rússia mas macrocapitalismo midiático ocidental acaba aceitando – 2

A área vermelha do gráfico representa o tamanho estatístico da fraude em favor da Yedinaya Rossiya (Rússia Unida) o partido de Putin
A área vermelha do gráfico representa o tamanho estatístico da fraude
em favor da Yedinaya Rossiya (Rússia Unida) o partido de Putin
Luis Dufaur
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Continuação do post anterior: Tal como na velha URSS, a fraude eleitoral na “nova Rússia” – 1




A agência ucraniana Euromaidanpress foi estudar os resultados oficiais publicados na Internet pelo Comitê Eleitoral Central da Rússia.

E com simples métodos estatísticos aplicados pelo matemático russo Sergei Shpilkin logo constatou tratar-se de mais uma fraude eleitoral maciça.

Nem o Kremlin se preocupou em maquiar os resultados com números matematicamente congruentes.

Sem falsificações maciças, analisou Shpilkin, os partidos de oposição poderiam ter tirado 49,47% contra 40% da Rússia Unida de Putin. Porém, os resultados oficiais invertem os números e reduzem o conjunto da oposição a 37,09% contra 54,17% do partido do chefe do Kremlin.

domingo, 16 de outubro de 2016

Tal como na velha URSS:
a fraude eleitoral na “nova Rússia” – 1

Fraude estava arrumada há tempo
Fraude estava arrumada há tempo
Luis Dufaur
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Nunca as eleições para a Duma (Câmara baixa) da Rússia prometeram ser tão tediosas quanto as que acabaram se realizando no dia 18 de setembro, observou “El País” de Madri, jornal afim ao ideário socialista.

O resultado estava anunciado há tempos e foi atingido ao pé da letra: vitória arrasadora de Vladimir Putin.

As instituições do Estado estão tão debilitadas que já não dizem mais nada para os cidadãos. O sistema político evoca uma arcaica monocracia baseada na vontade discricionária do chefe absoluto, prosseguiu o jornal.

A população está achincalhada pela deterioração do nível de vida, da alta de preços de medicamentos, alimentos e tarifas dos serviços públicos, assim como dos abusos das autoridades locais.

O presidente-árbitro é o déspota que pode tudo. Exemplo patético disso foi dado pelo oligarca Vladimir Evtuchenkov, de quem foi tirada a florescente empresa petrolífera Bashneft devido às ambições de seus concorrentes, todos eles vassalos do chefe único.

Embora humilhado e despossuído, Evtuchenkov voltou para dar graças a Putin por livrá-lo do confinamento a que tinha sido submetido pelos órgãos de segurança dependentes do próprio Putin!

“Antes se dirigiam ao imperador (em busca de justiça), e agora nos dirigimos ao presidente”, explicou Evtuchenkov no canal de televisão Dozhd, citado pelo jornal espanhol.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Entramos em período mais perigoso que a Guerra Fria, diz ministro alemão

Airbus parado no terminal de Roissy Charles de Gaulle
Airbus parado no terminal de Roissy Charles de Gaulle
Luis Dufaur
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Há muitos anos fui dar num produtor caipira de mel. Ele tinha um gavião preso e como alimento lhe passava uns pardais vivos. Esses ficavam silenciosos e enregelados até o gavião acabar com eles.

Não gostei da cena e esqueci. Mas ela ressurgiu da minha memória quando li que o imenso aeroporto parisiense de Roissy-Charles-de-Gaulle ficou absolutamente paralisado durante uma hora no meio-dia da quinta-feira 6 de outubro enquanto um avião vindo da Rússia em missão de reconhecimento voava no espaço aéreo próximo. Nenhum avião civil decolou ou posou.

O avião russo fez um voo raríssimo, mas não ilegal, explicou o especialista francês Gérard Feldzer, segundo a TV francesa BFM.

Estava autorizado dentro dos termos do tratado “Open Skies” assinado em Helsinque em 1992 visando favorecer um clima de confiança recíproca na era de distensão inaugurada bastante ingenuamente após a queda da URSS.

domingo, 9 de outubro de 2016

“Nem a propaganda soviética era tão descarada
como a de agora”

Svetlana Aleksiévich recebendo o Premio Nobel.
Svetlana Aleksiévich recebendo o Premio Nobel.
Luis Dufaur
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A obra de Svetlana Alexievich, escritora bielorrussa de 68 anos que ganhou o Nobel de Literatura 2015, é considerada uma das chaves para entender a nova Rússia. Inclui livros como O Fim do Homem Soviético – Um Tempo de Desencanto e Vozes De Tchernóbil – A História Oral Do Desastre Nuclear.

Em Madri, ela concedeu uma entrevista ao jornal “El País”, respondendo com as perspectivas de futuro da nova Rússia.

Para ela, “é impossível prever. Não sabemos o que o caldeirão russo está cozinhando. Na Rússia, estamos revivendo a filosofia de uma fortaleza ameaçada, rodeada de inimigos e tomada pela histeria militarista de tempos passados.

“Todos os dias nos mostram na televisão o material militar adquirido: um novo navio de guerra, um novo avião, um novo tanque…

Existe uma propaganda muito agressiva contra Estados Unidos, Europa e Ucrânia. Há uma espiomania que está ressurgindo. É uma loucura.

“Nem a propaganda soviética era tão descarada como a de agora.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Bombardeiros russos dançam com a morte
nos céus da Europa

Um Tupolev Tu 160 escoltado por um jato francês.
Um Tupolev Tu 160 escoltado por um jato francês. Foto de arquivo.
Luis Dufaur
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O fato foi revelado posteriormente visando amortecer seu impacto previsível.

Em 22 de setembro, dos bombardeiros nucleares russos Tupolev TU-16 ingressaram no espaço aéreo europeu pelo norte da Noruega e chegaram até o largo de Bilbao, Espanha, antes de retornar a suas bases, noticiou “Le Figaro” de Paris.

A incursão teve um caráter provocatório e relembrou os piores momentos de tensão da Guerra Fria. Os bombardeiros foram sendo acompanhados por dez aviões de quatro países europeus: Noruega, Grã-Bretanha, França e Espanha.

Os intrusos não aceitavam comunicações nem contato algum. Os dois foram interceptados a uma centena de quilômetros da costa da Bretanha por caças Rafale franceses, segundo o site do ministério da Defesa em Paris.

Então, desviaram para a Espanha onde foram interceptados por caças bombardeiros F18. A dança da morte durou quatro horas.

domingo, 2 de outubro de 2016

Moscou finge eficácia, ajuda o Estado Islâmico
e tapeia com propaganda

Mohammed al-Adnani foi o principal porta-voz do Estado Islâmico
Mohammed al-Adnani foi o principal porta-voz do Estado Islâmico.
EUA silenciou, mas Rússia diz que feito foi dela.
Luis Dufaur
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Mohammed al-Adnani, o estrategista e segundo homem do Estado Islâmico, foi atingido por “um ataque de alta precisão” dos EUA.

Tratou-se de uma das maiores perdas sofridas até o presente pelo grupo, que reivindica a fidelidade ao pé da letra aos ensinamentos do Islã.

O próprio Estado Islâmico reconheceu a perda, também confirmada pelo porta-voz do Pentágono, Peter Cook, segundo noticiou “Le Nouvel Observateur” de Paris.

Porém, no dia seguinte, chegou uma declaração que seria histriônica se não fosse a tensão instalada entre Washington e Moscou: o Ministério de Defesa russo afirmou que a façanha devia ser atribuída a um de seus aviões.

Um porta-voz do Pentágono respondeu: “É uma piada. Seria risível, se nós esquecêssemos o tipo de campanha que os russos estão fazendo na Síria”.

domingo, 25 de setembro de 2016

A capitulacionista política vaticana de aproximação com o comunismo vista por um historiador

Prof. George Weigel: Ostpolitik de João XXIII, Paulo VI e do Cardeal Casaroli foi um fracasso
Prof. George Weigel: Ostpolitik de João XXIII, Paulo VI
e do Cardeal Casaroli foi um fracasso
Luis Dufaur
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A política de aproximação do Vaticano com o comunismo ou Ostpolitik, iniciada na década de 1960 sob o bafejo de João XXIII e Paulo VI, não só não deu os resultados esperados, mas se revelou desastrosa para os católicos sob a tirania marxista, escreveu George Weigel, pesquisador do Centro de Ética e Política Pública, de Washington. Seu artigo foi reproduzido no site da insuspeita Unisinos.

Segundo Weigel, a Ostpolitik chegou perto de destruir o catolicismo na Hungria, onde em meados da década de 1970 a chefia da Igreja estava sob as ordens do Partido Comunista. Este também estava no controle de fato do Colégio Húngaro, na própria Roma!

Na Tchecoslováquia, a Ostpolitik sacrificou ativistas católicos dos direitos humanos, nada fez por aquelas bravas almas católicas que resistiram ao regime, e fortaleceu um grupo de colaboradores clericais que serviam de fachada para o Partido Comunista e suas repressões.

Na Polônia, os diplomatas vaticanos tentaram continuamente deslocar os bispos que resistiam às propostas de colaboração com o marxismo.

Em Roma, a Ostpolitik favoreceu uma forte penetração das agências de inteligência secreta comunistas no Vaticano, incluindo a KGB, a Stasi (da Alemanha Oriental), a StB (da Checoslováquia), a SB (agência polonesa) e a AVH (húngara).

Observadores do Patriarcado de Moscou,
disfarçados agentes da KGB, chegam para vigiar
que o Vaticano II cumpra a promessa de não condenar o comunismo.
Durante o Concílio Vaticano II, Moscou obteve que aquela magna assembleia não proferisse condenação alguma dos erros comunistas, favorecendo a repressão dos católicos resistentes anticomunistas e a consolidação das ditaduras marxistas nos países oprimidos pelos seguidores de Lênin, Stalin e Mao Tsé-Tung.

Nos anos seguintes ao Concílio, agentes do bloco comunista operavam em instituições e na imprensa vaticanos, comprometendo as negociações tão valorizadas pelo Cardeal Casaroli e seus apoiadores. Homem-símbolo e grande artífice dessa funesta política, o cardeal chegou a ser nomeado Secretário de Estado.

Weigel considera que tudo isso está bem documentado, graças a materiais hoje disponíveis nos arquivos dos órgãos de segurança estatais geridos pelos regimes comunistas.

Congressos promovidos por pesquisadores acadêmicos vêm peneirando as provas e analisando os métodos empregados; livros foram publicados explorando esta história fascinante – para não dizer de sinistro mau gosto.

Não obstante, importantes diplomatas do Vaticano continuam a insistir, ainda hoje, que a Ostpolitik foi um sucesso – escreve Weigel. E um sucesso tão grande, que atualmente está servindo de modelo para a diplomacia vaticana do século XXI ao redor do mundo, especialmente com a “nova Rússia” de Vladimir Putin e a ditadura maoísta, que continua impertérrita em Pequim!

Hoje – segundo Weigel –, nenhum estudante sério que se debruce sobre este tema julga que a Ostpolitik foi um sucesso. Os que afirmam que ela foi um vento bem-sucedido são, ou deliberadamente ignorantes, ou obtusos e indispostos a aprender com o passado.

Quanto à “nova Ostpolitik”, onde estarão os seus exemplos de sucesso?

Na Síria, onde dezenas de milhares de pessoas morreram e uma crise de refugiados maciça emergiu desde que a Santa Sé montou uma campanha contra a intervenção militar ocidental para lidar com o ditador assassino Bashar al-Assad?

Weigel: reconfiguração sincera da Cúria Romana pede que a diplomacia vaticana comece reconhecendo que a Ostpolitik foi um fracasso
Weigel: reconfiguração sincera da Cúria Romana pede que a diplomacia vaticana
comece reconhecendo que a Ostpolitik foi um fracasso
Na Ucrânia, onde a Santa Sé ainda tem que descrever falsamente como “guerra civil” uma invasão russa brutal e cada vez mais letal, à parte oriental do país?

Em Cuba, onde a situação só piorou para os ativistas católicos dos direitos humanos após as visitas dos papas Bento XVI e Francisco?

Nos países bálticos, onde a intimidação russa, a desinformação e as provocações estão deixando os católicos lituanos bastante nervosos, vendo que a Santa Sé mantém-se em silêncio?

Na Venezuela, país católico a desmoronar sob o regime maluco de Nicolas Maduro, sucessor do ainda mais odioso Hugo Chávez?

Uma reconfiguração sincera das posturas da Cúria Romana que vem sendo anunciada pelo Papa Francisco pede que a diplomacia vaticana comece reconhecendo francamente que a Ostpolitik de João XXIII, Paulo VI e Agostino Casaroli foi um fracasso, conclui o renomado historiador.

Um elementar senso de justiça – acrescentamos nós – também exigiria atender ao filial e comovedor apelo feito por um grande líder anticomunista brasileiro aos eclesiásticos promotores dessa desastrada Ostpolitik: Plinio Corrêa de Oliveira.

Em manifesto publicado em 1990 em grandes órgãos de imprensa das Américas e da Europa, ele lhes implorou: (Confira: Comunismo e anticomunismo no III milênio – Uma análise da situação no mundo e no Brasil)

Comunismo e anticomunismo no III milênio



"Minha Vida Pública": uma prodigiosa fonte de informação exclusiva  para compreender a história da RCR no Brasil e no mundo.  828 páginas inéditas disponível na Livraria Petrus
"Minha Vida Pública": uma prodigiosa fonte de informação exclusiva
para compreender a história da RCR no Brasil e no mundo.
828 páginas inéditas disponível na Livraria Petrus
Sob a presidência de João XXIII e depois de Paulo VI, reuniu-se o Concílio Ecumênico mais numeroso da História da Igreja. Nele estava assente que iriam ser tratados todos os mais importantes assuntos da atualidade, referentes à causa católica.

Entre esses assuntos não poderia deixar de figurar – absolutamente não poderia! – a atitude da Igreja face ao seu maior adversário naqueles dias. Adversário tão poderoso, tão brutal, tão ardiloso como outro igual a Igreja não encontrara na sua História então já quase bimilenar.

Tratar dos problemas contemporâneos da religião sem tratar do comunismo, seria algo de tão falho quanto reunir hoje em dia um congresso mundial de médicos para estudar as principais doenças da época, e omitir do programa qualquer referência à AIDS...

Pois foi o que a Ostpolitik vaticana aceitou da parte do Kremlin. Esse declarou que se, nas sessões do Concílio, se debatesse o problema comunista, os observadores eclesiásticos da igreja greco-cismática russa se retirariam definitivamente da magna assembleia.

Estrepitosa ruptura de relações que fazia estremecer de compaixão muitas almas sensíveis, pois tudo fazia temer, a partir daí, um recrudescimento das bárbaras perseguições religiosas para além da cortina de ferro. E, em atenção a esta possível ruptura, o Concílio não tratou da AIDS comunista!

A mão estendida era coberta por uma bela luva: a luva aveludada da cordialidade. Mas, por dentro da luva, a mão era de ferro. Sentiam-no as mais altas autoridades da Igreja.

Mas isto não impediu que prosseguissem na Ostpolitik. O que foi levando crescente número de católicos a tomar em relação ao comunismo uma atitude interior equivalente a uma verdadeira “queda de barreiras ideológicas”.

E, no terreno da ação concreta, a colaborar cada vez mais com as esquerdas na ofensiva contra o capitalismo privado, e em favor do capitalismo de Estado, na ilusão de que o primeiro era oposto à “opção preferencial pelos pobres”, ao passo que o segundo tinha várias afinidades (ou até mais do que só isto) com tal opção tão preconizada pelo atual Pontífice.

Oh que cruel desmentido lhes infligiu o capitalismo de Estado!

– A TFP na tormenta

Todo esse suceder de fatos verdadeiramente dramáticos não podia deixar de sobressaltar a fundo (não fosse a confiança na Santíssima Virgem, melhor seria dizer “angustiar de modo atroz”) os componentes da TFP brasileira.

Por isso, logo na poluída e sombria “madrugada” desta crise, o pugilo de católicos do qual nasceria de futuro nossa entidade, deu a voz de alerta (cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Em defesa da Ação Católica, 1943, prefácio do Cardeal Bento Aloisi Masella, então Núncio Apostólico no Brasil.

A obra foi objeto de expressiva carta de louvor, escrita em nome do Papa Pio XII, pelo Substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, Mons. J. B. Montini, mais tarde Paulo VI).

Incontinenti partiu daí uma geral saraivada de contra-ataques, que iam desfechando em que grande número de meios católicos – pepineira de futuros comunistas nas agitações dos anos 1963-1964 – se cerrassem à nossa ação. Assim, ecumênicos com tudo e com todos, e notadamente com os esquerdistas, os católicos de esquerda se manifestavam desde então inquisitoriais em relação a nós!

O Cardeal de Santiago do Chile, Mons. Silva Henríquez artífice de uma das mais escandalosas colaborações com o comunismo. Na foto, abraça presidente marxista Salvador Allende na catedral chilena, 18.09.1971.
O Cardeal de Santiago do Chile, Mons. Silva Henríquez
artífice de escandalosa colaboração com o comunismo.
Na foto, abraça o presidente marxista Salvador Allende
na catedral chilena, 18.09.1971.
Engajou-se assim a parte mais dolorida de nossa luta. Esta luta, antigamente a traváramos contra o lobo devorador. Agora, nossa própria fidelidade à Igreja levava-nos a travá-la contra ovelhas do mesmo rebanho. E, oh dor das dores! até com pastores deste ou daquele rebanho bendito de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Toda essa luta, tão longa e gotejante de lágrimas, de suor e do sangue das decepções, a TFP a historiou em dois livros, um deles recente (Meio século de epopeia anticomunista, 1980; Um homem, uma obra, uma gesta, 1989).

Estão eles ao alcance de qualquer interessado, no endereço abaixo. Desnecessário é resumi-los aqui.

Diga-se simplesmente que, com o apoio das valentes e brilhantes TFPs então existentes, respectivamente na Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, Uruguai e Venezuela, foi lançado o documento intitulado A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas – Para a TFP: omitir-se? ou resistir?, em que todas as nossas entidades coirmãs e autônomas se declaravam em estado de respeitosa resistência à Ostpolitik vaticana.

O espírito que as levou a isso – e que hoje anima igualmente as TFPs e Bureaux depois constituídos em 22 países – se pode resumir nesta apóstrofe da mesma declaração:

“Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe”.

– Interpelação? – Não: apelo fraterno

A vós, diletos irmãos na Fé, a cuja vigilância a falácia comunista transviou ou está em vias de transviar, não faremos uma só interpelação.

De nosso coração sempre sereno parte, rumo a vós, um apelo repassado de ardoroso afeto in Christo Domino: diante do quadro terrível que nestes dias se esboça a vossos olhos, reconhecei, pelo menos hoje, que fostes ludibriados. Queimai o que ajudáveis a vencer. E combatei ao lado daqueles que ainda hoje ajudais a “queimar”.

Nossa Senhora de Fátima chorando em Nova Orleans, EUA
Nossa Senhora de Fátima chorando em Nova Orleans, EUA
Sinceramente, categoricamente, sem ambiguidades tendenciosas, mas com a franqueza tão enormemente respeitável que é inerente à contrição humilde, voltai vossas costas para os que cruelmente vos têm enganado. E ponde em nós vosso olhar, serenado e fraterno, de irmãos na Fé.

Este é o apelo que vos fazemos hoje. Ele exprime nossas disposições de sempre, as de ontem como as de amanhã.

Nas palavras finais deste documento, nossa voz se carrega de emoção, a veneração as embarga, nossos olhos filiais e reverentes se levantam agora a Vós, ó pastores veneráveis que dissentistes de nós.

Onde encontrar as palavras de afeto e de respeito próprias a depositar em vossas mãos – em vossos corações – em um momento como este?

Melhores não as podemos encontrar senão, mutatis mutandis, nas próprias palavras que, em 1974, dirigimos ao hoje falecido Paulo VI.

Pronunciamo-las genuflexos, pedindo vossas bênçãos e vossas orações.